Fundo de pensão do Canadá compra parte da Equatorial Energia no Pará por cerca de R$ 1,2 bi

Canadenses passam a controlar as linhas Vila do Conde-Marituba e Marituba-Castanhal, com 124,7 quilômetros, e duas subestações na Grande Belém.

13/07/2024, 08:00
Fundo de pensão do Canadá compra parte da Equatorial Energia no Pará por cerca de R$ 1,2 bi
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sistema vendido ao fundo canadense envolve duas linhas de transmissão - uma de Vila do Conde-Marituba, com 56,1 quilômetros; e Marituba-Castanhal, com 68,6 quilômetros - e duas subestações localizadas em Marituba, com todos esses empreendimentos em plena operação comercial.


Augusto Nunes, presidente do grupo que adquiriu a Celpa pelo valor simbólico de R$ 1,00, em 2012/Fotos: Divulgação.

Desde o longínquo tempo da Força e Luz, primeira usina do Estado do Pará, passando pela Pará Electric, de 1905, pela Força e Luz, até 1956, quando foi desativada, depois Centrais Elétricas do Pará, a Celpa, em 1963, que ganhou, em 1981, o suporte de Rede Energia, vendida à Equatorial, em 2012, o fornecimento de energia no Pará estava, de alguma maneira, sob o controle de empresas nacionais.

 

Isso deixou de ser um fato nesta semana, no dia 9 de julho, quando foi divulgado que a Equatorial fechou um contrato de venda de parte da empresa no Pará para um fundo de pensão estrangeiro, precisamente, do Canadá, país vizinho dos EUA.

 

Mídia nacional

 

A notícia foi publicada em jornais nacionais que tratam do segmento econômico no Brasil, mas passou um tanto despercebida. No Pará, parte supostamente interessada no resultado dessa venda, a novidade passou praticamente em branco.

 

A Equatorial Energia vendeu ao fundo canadense CDPQ uma das suas oito Sociedades de Propósito Específico (SPE) de transmissão, a número 7, no Pará, em uma transação que avaliou o ativo em R$ 1,19 bilhão, dos quais R$ 840,4 milhões em equity value - valor patrimonial - e R$ 350 milhões em dívida líquida.

 

A venda foi negociada em um momento em que a Equatorial busca fortalecer sua estrutura de capital, enquanto se prepara para comprar uma participação na Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp, que será privatizada em breve, como vive anunciando o governador Tarcísio de Freitas.

 

Sistema Marituba

 

O sistema vendido ao fundo canadense envolve duas linhas de transmissão - uma de Vila do Conde a Marituba, com 56,1 quilômetros; e outra de Marituba a Castanhal, com 68,6 quilômetros - e duas subestações localizadas em Marituba, com todos esses empreendimentos em plena operação comercial.

 

Segundo o jornal “Valor Econômico”, no ciclo 2023-2024, que começou em julho do ano passado, a Receita Anual Permitida desse trecho é de R$ 125,16 milhões.

 

O que vai mandar

 

O fundo CDPQ está fazendo a compra por meio de ativos que possui na empresa Infraestrutura Energia, que por sua vez controla a Verene Energia, empresa focada em transmissão, que tem apostado em M&As - do inglês Mergers and Acquisitions, ou “fusões e aquisições” - para crescer no Brasil. Um M&A é um termo geral para designar o processo de consolidação entre duas ou mais empresas.

 

Em novembro do ano passado, a Verene comprou a Intesa da Equatorial, que opera 695 quilômetros em linhas de transmissão, no Tocantins e em Goiás, em uma transação de R$ 396 milhões em equity - patrimônio líquido -, que, com as dívidas, chegou a R$ 714 milhões.

 

O fator Verene

 

Ao comprar um ativo no Pará, a Verene complementa geograficamente seu alcance, com a Intesa em Tocantins e Goiás, além de ter linhas de transmissão nos Estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais, além de uma operação no Uruguai.

 

Para que não reste dúvidas: o trecho da Equatorial, entre Vila do Conde e Castanhal, passando por Marituba, foi vendido a um fundo do Canadá, mas será operado - e cobrado nas faturas mensais dos consumidores - pela Verene, uma empresa controlada pela Infraestrutura Energia.

 

Caminho da energia

 

Em 1981, a então Celpa passou a contar com a energia do Sistema Interligado Norte-Nordeste e, em 1998, por meio de um leilão de privatização realizado em 9 de julho, passou a fazer parte da Rede Energia.

 

Quem tem boa memória deve se lembrar que a Rede Celpa foi vendida pelo valor simbólico de R$ 1,00, em 2012, à Equatorial Energia. O baixíssimo valor estava relacionado à dívida da empresa, que já ultrapassava R$ 3,5 bilhões, e esse ônus foi assumido pelos novos donos da empresa.

 

A Equatorial Energia S.A, fundada em 1999, uma empresa do Estado do Maranhão, que atendia, à época, mais de 200 municípios, adquiriu 65% das ações da Rede Celpa e assumiu as dívidas da concessionária.

 

Atualmente, a Equatorial é o terceiro maior grupo de distribuição do Brasil em número de clientes, operando sete concessionárias nos Estados do Maranhão, Pará, Piauí, Alagoas, Rio Grande do Sul, Amapá e Goiás, atendendo mais de 14 milhões de consumidores.

 

Caso paraense

 

Somente no Pará, a Equatorial atua na totalidade dos 144 municípios, em uma área de 1.248 mil km², cerca de 14,7% do território brasileiro. No ano de 2023, a empresa distribuiu 10.874 GWh a 2.990.823 de consumidores, representando um aumento de 2,6% em relação ao distribuído em 2022, segundo o balanço da empresa.

 

Os investimentos na distribuidora paraense, desde novembro de 2012, somaram, por sua vez, R$ 2,4 bilhões, em um crescimento de 34,5% se comparado ao valor verificado no ano de 2022.

 

Coluna Olavo Dutra solicitou maiores informações sobre a venda do trecho paraense, falando com as assessorias de comunicação da Equatorial Energia em Belém e no Rio de Janeiro e aguarda um posicionamento.

 

Papo Reto

 

· O que se diz nos bastidores é que um ato de solidariedade moveu não mil, como se diz, mas três milhões de razões politicamente incorretas em Ananindeua, recentemente. Força, gente.

 

· O MDB parece ter adotado a infame prática da ‘rasteira política’ nos municípios onde as pesquisas eleitorais não lhe são favoráveis.

 

·  Os exemplos estão em Ananindeua e Tucuruí. Em Marapanim, agora, o plano é ‘tomar’ o PP, comandado por Renato Ogawa, inviabilizando a pré-candidatura a prefeito do vereador Paulinho Gama (foto).

 

·  Na ponta das pesquisas, Paulo Gama tem tirado o sono do prefeito Anderson Dias, onde o MDB não consegue reeleger prefeito há décadas.

 

· Convenhamos: em uma escala de um a três, o primeiro gol do Paysandu contra o Ceará, ontem, ganharia apenas nota 3 - e foi de voleio.

 

· O gol de empate do time cearense foi o que os cronistas chamam de “bela feitura”, mas o desempate, através de Val Soares, Jesus, Maria, José...

 

·  A estudante autista Ana Clara Menezes, do Clube de Ciências da Ufpa e aluna de Design do IFPA, vai fazer uma apresentação sobre pesquisa, ciência e inclusão no painel SBPC Jovem, que acontece na UFPA, em Belém.

 

·  Ana Clara conta com grande apoio de colegas e professores em um trabalho pioneiro sobre a participação de PCDs em projetos de pesquisa, ciência e extensão.

 

·  A situação do presidente Joe Biden é cada vez mais complicada nos EUA. A apresentadora de rádio Andrea Lawful-Sanders, da Filadélfia, demitiu-se da WURD Radio após admitir, em uma entrevista à CNN, que algumas das perguntas feitas ao presidente foram fornecidas pelos assessores. 

 

· Ela apresentava o programa The Source na única estação de rádio comandada por negros na Pensilvânia. Sara Lomax, a CEO, disse que as perguntas combinadas violavam a independência e o compromisso com os ouvintes.


· A entrevista foi a primeira a uma emissora de rádio após o desastroso desempenho de Biden no debate contra Donald Trump.

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