Avanço da inovação setorial depende de diálogo com o produtor, compreensão do manejo e foco em bem-estar animal, ambiental e humano.

pecuária brasileira encerra 2025 diante de um conjunto de desafios que moldam tanto suas limitações quanto suas oportunidades. O setor segue marcado por estruturas produtivas heterogêneas, pressão crescente por eficiência, exigências ambientais mais rigorosas e uma necessidade de ampliar a adoção tecnológica no campo. Esse contexto vem acelerando transformações no perfil do produtor, na organização dos sistemas de produção e na busca por soluções que integrem manejo, produtividade, sustentabilidade e bem-estar animal.

Os desafios estruturais do setor, como explica a especialista Mariana Beckheuser, ainda determinam boa parte da velocidade de modernização da atividade. “Estamos falando de um país que tem mais bois do que pessoas, em que 70% das propriedades são pequenas. Essas pequenas propriedades concentram apenas 30% do rebanho, mas representam a maioria dos produtores, e isso mostra o tamanho do desafio quando tratamos de adoção tecnológica”, explica.
Segundo a Pesquisa Pecuária Municipal, divulgada pelo IBGE, o rebanho bovino do Pará atingiu 25.040.621 cabeças e se consolidou como o 2º maior do Brasil. De 2022 para 2023, o efetivo bovino paraense aumentou em 250 mil cabeças. Nos últimos 5 anos o aumento foi de quase 4,1 milhões de cabeças.
No Pará, o município de São Félix do Xingu segue sendo, no estado e no Brasil, o detentor do maior rebanho. A cidade possui 2.452.095 cabeças - 37 vezes maior que a população do município, que é de 66 mil habitantes. Só o efetivo local é superior ao rebanho inteiro de dez unidades da federação. São Félix do Xingu possui, por exemplo, mais gado que o rebanho inteiro do Amazonas, que é de 2.377.089 cabeças.
Outros destaques do território paraense são os municípios de Marabá, 5º maior do País com 1.305.000 cabeças; Novo Repartimento, o 6º, com 1.275.779; Altamira, que é o 8º maior com 1.079.168; Pacajá, que ocupa a 12ª colocação com 859.069; Novo Progresso, que desponta como 17º com 764.993; e Itupiranga, 19º colocado com 728.600.
"A turma da tecnologia precisa se alinhar com quem já vive o campo. Colocar a botina e ir conhecer a realidade, para além disso, precisa conversar com quem vive essa realidade todos os dias. Assim como quem está no campo, seja o produtor ou as empresas nativas do agro, também precisam olhar para fora da porteira e entender como a tecnologia pode ser um aliado para trazer economia de recursos e melhores resultados para os negócios”, ressalta Mariana.
A crescente valorização do bem-estar humano e animal reforça essa mudança de mentalidade. O futuro da pecuária passa por sistemas de impacto positivo, capazes de conservar e regenerar o ambiente. Trata-se de uma tecnologia que produz preservando, às vezes, regenerando.
A expectativa é que a pecuária de baixo carbono ganhe o campo e, com isso, o Brasil tem tudo para ser a referência para o mundo em produção sustentável, que provê alimento respeitando o equilíbrio com a natureza e gerando valor para o ecossistema, para a sociedade e para o produtor.
A rastreabilidade é outro item que tem se consolidado como um dos principais temas estratégicos para o futuro da pecuária brasileira. Em um cenário de crescente exigência por transparência, conformidade socioambiental e origem comprovada, o setor é chamado a avançar para modelos mais organizados, produtivos e integrados.
Na região amazônica, tendo o Pará como foco, desafios assumem contornos ainda mais complexos. Baixa produtividade, insegurança fundiária e dificuldades de acesso ao crédito criam um cenário que limita investimentos e mantém parte significativa dos produtores fora dos mercados formais. Esse contexto reforça a necessidade de soluções estruturantes, capazes de integrar desenvolvimento produtivo e responsabilidade socioambiental.
A exclusão produtiva, em muitos casos, não decorre da falta de interesse dos pecuaristas, mas da ausência de políticas integradas e adaptadas à realidade local. Exigências legais relacionadas ao meio ambiente, à regularização fundiária e à rastreabilidade são fundamentais, porém se tornam barreiras quando não vêm acompanhadas de apoio técnico, financeiro e institucional.
O poder público tem papel central na criação de um ambiente regulatório estável e previsível. A estruturação de um sistema robusto de rastreabilidade, a efetiva implementação do Código Florestal, a validação do Cadastro Ambiental Rural, a aceleração do Programa de Regularização Ambiental e o estímulo a instrumentos financeiros sustentáveis são fundamentais para reduzir a insegurança jurídica e viabilizar investimentos no campo.
Vale lembrar que a rastreabilidade só gera valor quando associada ao fortalecimento da base produtiva. Investimentos em eficiência, recuperação de pastagens e gestão são condições essenciais para que a rastreabilidade contribua para ganhos reais de produtividade, renda e sustentabilidade. Até que isso não aconteça, a boiada segue sendo tocada. Do que jeito que dá e com as promessas de sempre.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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