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Projeto da nova avenida da Marinha passa por ajuste técnico e ainda não têm previsão de início

Secretaria de Obras informa que projeto não foi cancelado; tempo conspira contra preparativos para a COP30.

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  • 19/05/2024, 11:03
Projeto da nova avenida da Marinha passa por ajuste técnico e ainda não têm previsão de início
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odas as grandes obras programadas para Belém com vistas à COP30 continuam padecendo do mesmo problema: o gigante desafio de correr contra o tempo. Não é uma corrida fácil, considerando agora exatos 18 meses para a data da primeira COP na Amazônia. Também não é uma corrida simples de operários, que poderiam até trabalhar nas obras dia e noite para vencer o relógio, mas corrida é também de obstáculos, em um pacote que envolve lentos processos licitatórios e até briga política, tudo no mesmo balaio.


Secretário Ruy Cabral diz que ajustes vão ampliar significativamente alternativas de tráfego em Belém e região/Fotos/ Divulgação-Ilustração.

É nesse angu que está uma das mais importantes obras prometidas pelo governo do Estado para melhorar a mobilidade urbana de Belém: o projeto de prolongamento e duplicação da avenida da Marinha, com uma ampliação na qual a passaria dentro do Parque Ambiental Gunnar Vingren para interligar o escoamento do trânsito que vem das avenidas Augusto Montenegro, Centenário e Independência.

 

Ainda sem previsão

 

No último dia 9, a licitação para o projeto foi suspensa pelo titular da Secretaria de Estado de Obras Públicas, Ruy Cabral, que posteriormente informou, e confirmou nos bastidores, que o projeto não foi cancelado, mas que passará por uma readequação. Porém, não explicou ou detalhou tal adequação, e o edital do novo procedimento licitatório ainda não tem data certa para sair. Trocando em miúdos, a obra está sem previsão de data para começar, dada a complexidade que costumam ter os processos licitatórios.

 

Readequação em curso

 

A obra da avenida - ou rua - da Marinha foi apresentada há três meses - em fevereiro deste ano -, pela vice-governadora Hana Ghassan, nomeada coordenadora do Comitê da COP-30 em Belém. Pelo projeto, a obra interligaria seis bairros de Belém e teria 3,5 km de extensão, ligando a avenida Augusto Montenegro com a avenida Centenário, além de uma rotatória, tudo isso cortando o Parque Ambienta Gunnar Vingren, que é onde residiria a discordância de opiniões sobre a viabilidade ambiental do projeto.

 

As futuras readequações do projeto ainda não foram sequer ventiladas oficialmente pela Seop, mas uma fonte que conhece a polêmica de perto dá conta de que essa está sendo uma questão muito mais política que propriamente ambiental.

 

“Esse ‘parque’, hoje, é só um matagal. Aliás, até para virar parque de verdade, para que as pessoas pudessem usufruir de alguma forma, precisaria de uma intervenção urbanística”, diz a fonte, segundo a qual as discordâncias em torno do projeto giram muito mais no campo das correntes ideológicas.

 

Correntes e ambientes

 

E cita cada uma: “Na área ambiental, há três vertentes de esquerda: os ambientalistas querem que nada mais se altere, que fique como está; a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, é uma delas. Há também os ‘restauracionistas’, que querem que as coisas voltem a ser o que eram, com o fim da expansão urbana e a preservação de áreas com a reintrodução de espécies nativas onde existiam antes, mas sem nenhum uso social; e existem os ‘sustentabilistas’, que querem que o presente garanta um futuro para os que virão, e a natureza possa ser usada para garantir melhores condições de vida aos que vivem hoje em sociedade”, diz a fonte da coluna, garantindo que as readequações ao projeto passam pelo consenso entre essas correntes.

 

Novo trajeto provável

 

Essa mesma fonte garante ser quase certo que a mudança no projeto vai retirar a avenida de dentro do Parque Gunnar Vingren. “O trajeto seguirá sendo o da Augusto Montenegro até a Centenário”, mas ainda assim, a Secretaria de Obras garante que a nova avenida da Marinha vai ampliar significativamente a oferta de tráfego em Belém e Região Metropolitana, melhorando o fluxo do trânsito na capital.

 

Prefeitura segue lenta

 

Da parte da Prefeitura de Belém, apesar de um propagado investimento assegurado pelo convênio de cooperação da Itaipu Binacional - que garantiu o repasse de R$ 350 milhões à gestão municipal -, as obras também seguem em “operação tartaruga”.

 

Está andando a passos lentos a reforma do Mercado de São Brás, sendo a mais adiantada de todas, com 50% de execução, o canal São Joaquim, que ainda não começou, e a reforma do Mercado Ver-o-Peso, que também está devagar, começando pelas beiradas, porém, ainda nem foi concluída a adaptação do estacionamento, para onde os feirantes serão levados temporariamente.

 

Conferir de perto

 

Essa realidade foi vista de perto na última terça-feira, 14, pelo secretário extraordinário do governo federal para COP30, Valter Correia, que esteve em Belém e se reuniu a portas fechadas com o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e o coordenador do comitê organizador da COP-30 em Belém, Cláudio Puty.

 

A coluna tentou entrevistar o secretário Valter Correia, formalizando, dia 14, e reiterando no dia seguinte o pedido de entrevista à Secretaria Extraordinária para a COP30, em Brasília, mas reinou o silêncio como resposta, como uma sonora ‘não-resposta’.

 

Papo Reto 


·  Leitor atento da coluna diz estranhar o fato de o secretário de Meio Ambiente do Estado, Mauro Ó de almeida (foto), ter desfalcado a comitiva do governador Helder Barbalho que esteve nos EUA, semana passada.

 

· A coluna bem que tentou, mas não obteve resposta de representantes do governo, nem das fontes de plantão.  

 

· Perguntar não ofende: por que o delegado federal Everaldo Eguchi está encontrando terríveis dificuldades para seguir avante? Quem sair por último que apague a luz.

 

·  Tem enfermeira ocupando cargo de direção em órgão público exigindo dos seus subordinados ser tratada como doutora. Atender servidor público que bom, nem pensar...

 

·  Aliás, dia desses, um servidor da Assembleia Legislativa tentou ser recebido pela “doutora”, mas teve que ser revistado, onde mas foi informado: “aqui todo mundo é suspeito, até prova em contrário”.

 

· Presidente do Centro das Indústrias do Pará, José Maria Mendonça lança dia 23 agora, na Feira da Indústria, no Hangar, o livro “Amazônia por Amazônia”. Será às 19 horas.

 

·  Acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco, o deputado Chiquinho Brazão continua a receber os benefícios da Câmara, mesmo estando preso em Campo Grande.

 

· O Ministério Público propôs ação com pedido de tutela antecipada para reparação de danos causados ao meio ambiente, mas, calma, foi contra a Prefeitura de Capanema.


·  Lá, como cá, lixo dá no meio da canela; a diferença está nas promotorias do Ministério Público. Simples assim.

Mais matérias OLAVO DUTRA

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.