Um fluxo de chefes de missão, ministros e técnicos ficou retido na barreira improvisada; quem não tinha crachá, ficou esperando e reclamando.
Pacote de cobranças também exige o cancelamento definitivo da Ferrogrão, que pode impactar o Tapajós com o fluxo de soja/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.

ONU nunca trabalhou tanto na COP30. Antes das 9h desta sexta, 14, uma nova manifestação em frente à entrada principal da Blue Zone obrigou a UNFCCC a emitir alerta aos delegados: “não há perigo, mas usem a entrada lateral”.
Dessa vez, o protesto é do povo Munduruku, articulado pelo Movimento Ipereg Ayu, que cobra reunião urgente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O alvo é o Decreto 12.600/2025, que instituiu o Plano Nacional de Hidrovias e incluiu Tapajós, Madeira e Tocantins como eixos prioritários de navegação. Na avaliação das lideranças, a medida “abre a porteira” para dragagens, explosão de pedrais sagrados e avanço acelerado dos portos privados - sem consulta prévia, livre e informada, como manda a Convenção 169 da OIT.
“O governo e o mundo precisam entender que nossa floresta não está à venda”, afirmou uma liderança ao microfone.
Os Munduruku também protestam contra projetos de crédito de carbono e mecanismos de REDD+ jurisdicional discutidos na COP30. Para o movimento, trata-se de “venda da floresta” que entrega autonomia aos intermediários e ignora o verdadeiro motor da crise: desmatamento industrial, garimpo, hidrovias e soja.
Números levantados pelo Inesc ajudam a ilustrar o quadro: cargas nas hidrovias do Tapajós saltaram de 4 mil t (2019) para 167 mil t (2022) - alta de mais de 4.000%; crescimento dos portos e barcaças reduz pesca, contamina água e estrangula a circulação de ribeirinhos; dragagens emergenciais recentes remexeram sedimentos contaminados e afetaram igarapés usados para pesca e navegação.
O movimento exige também o cancelamento definitivo da Ferrogrão, que pode multiplicar por seis o fluxo de soja no Tapajós até 2049. Isso significaria mais portos em Miritituba, Itaituba e Trairão; mais dragagens; mais pressão fundiária; e risco maior de contaminação por agrotóxicos.
“Querem destruir o fundo do rio e explodir nossos pedrais sagrados. Quem mora aqui somos nós, não as empresas”, disse outra liderança.
A manifestação ocorre na mesma semana em que o governo defende, na plenária da COP30, um “mapa do caminho” para superar a dependência dos combustíveis fósseis. A ministra Marina Silva e aliados de peso conseguiram apoio de Alemanha e Reino Unido. Mas Lula segue defendendo a exploração da Margem Equatorial como “recursos necessários” para financiar a própria transição energética. “O presidente fala em transição, mas quer expandir petróleo e hidrovias na Amazônia”, afirma Luene Karipuna.
Outro ponto cobrado é a retomada das demarcações paradas no Ministério da Justiça e na Casa Civil, e a responsabilização do Estado pelo aumento de conflitos na expansão da soja. O recado dos Munduruku, entregue diante da porta mais simbólica da COP30, é curto e direto: “Revogue o decreto. Cancele a Ferrogrão. Demarque nossas terras. Nossa floresta não está à venda.”

•O embaixador Corrêa do Lago (foto) está eufórico. A ONU divulgou os números preliminares da COP em Belém: cerca de 50 mil participantes inscritos, podendo aumentar ainda mais nos próximos dias, perdendo apenas para a COP28, em Dubai.
•A comitiva brasileira é a maior com 3,8 mil participantes, seguida da China, com 789; Nigéria, com 749, e jornalistas, que somam cerca de 4 mil, um recorde entre as COPs.
•A ONU trouxe cerca de 13,5 mil funcionários que estão debruçados sobre as deliberações da cúpula internacional montando o relatório final, avanços e compromissos fechados durante os debates.
•Quem predizia um caos total em Belém durante a COP está surpreso. Cinco por cento da capacidade hoteleira da cidade ainda estão disponíveis.
•Povos de todos os continentes misturam-se pelos corredores e salas de reuniões no Parque da Cidade, além do espaço térreo do hangar, totalmente ocupado por delegações.
•O deputado federal Airton Faleiro reiterou o compromisso do Brasil no cumprimento dos acordos firmados nas COPs anteriores.
•Faleiro destaca a defesa dos grandes temas como aquecimento global, a sustentabilidade, o uso correto da biodiversidade e principalmente a valorização dos povos da floresta.
•A julgar pelos comentários e o intenso debate nas redes sociais, o tema preços do que comer na COP supera de longe tudo que diz respeito ao legado da Conferência da ONU para Belém.
•A prefeita de Marituba, Patrícia Alencar, era vista ontem desfilando charme e simpatia nos corredores da Conferência do Clima. Entrou na vitrine mundial.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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