Operação "Óbolo de Caronte" aponta desvio de mais de R$ 150 milhões em contratos superfaturados, com aval político e saques em dinheiro vivo.
á sempre um fio que liga poder e propina. Um relatório da Polícia Federal, parte da Operação Óbolo de Caronte, lançou luz sobre um dos maiores esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro da história recente de Belém, envolvendo a Secretaria de Saneamento (Sesan) durante o governo do ex-prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol.

A empresa F.A.S. Serviços Técnicos Ltda., controlada pelo empresário Jorge Quintairos Jacob, firmou três contratos milionários com a Sesan em 2024, somando R$ 115 milhões, todos assinados pela então secretária Ivanise Gasparim, assessora de confiança de Edmilson e supostamente indicada ao cargo pelo senador Beto Faro.
Antes mesmo de a licitação começar, a F.A.S. já havia recebido R$ 400 mil, sob justificativas genéricas - “pagamento de equipes de obra” - em projetos que sequer existiam formalmente. A PF classificou o expediente como “antecipação irregular de recursos” e “simulação de execução de serviço”.
A engrenagem, segundo a PF, tinha dois centros de gravidade: um político e outro financeiro. No primeiro, Evanise Gasparim e o ex-secretário de Coordenação-Geral do Município, Cláudio Puty, davam sustentação institucional e proteção administrativa ao esquema. Puty, ex-deputado federal e um dos mais próximos conselheiros de Edmilson, é apontado como o elo entre o gabinete do prefeito e o grupo empresarial, influenciando licitações e aditivos com prioridade para o grupo F.A.S. O relatório indica que o “núcleo político” garantia a aparência de legalidade, blindando os contratos e liberando pagamentos sob influência direta. No braço financeiro, Jorge Jacob, o filho Igor e o sócio Nivaldo Barros Filho eram os operadores do caixa.
Entre novembro de 2023 e outubro de 2024, a F.A.S. sacou R$ 9,1 milhões em dinheiro vivo, quase sempre em valores inferiores a R$ 50 mil - manobra conhecida como smurfing, usada para burlar o rastreamento do Coaf. O dinheiro, retirado de forma fracionada, era redistribuído em “pontos de entrega” pela cidade, conforme depoimentos e registros bancários. Mochilas substituíram transferências e notas fiscais, e parte dos recursos seguiu para servidores e intermediários políticos da Secretaria.
Os investigadores detalham ainda que uma fração das verbas foi “reciclada” em empresas de fachada - como a Ômega Construtora e o Depósito de Bebidas Yorran - para dar aparência legal aos repasses ilícitos.
A peça-chave da investigação surgiu em 14 de novembro de 2024. Jorge e Igor Jacob foram flagrados sacando R$ 600 mil em uma agência da Caixa Econômica Federal, em Batista Campos, acompanhados de Nivaldo Barros e Saulo Lacerda, que esperavam em dois carros: uma Ford Ranger da empresa e um Jeep Cherokee da família Barros.
A PF apreendeu o dinheiro e os veículos, consolidando o elo entre os contratos da Sesan e os repasses clandestinos.
A rede montada por Jorge Jacob era familiar. Empresas registradas no mesmo endereço, sócios com o mesmo sobrenome e notas fiscais espelhadas serviam para lavar o dinheiro público. Segundo a PF, a F.A.S. e suas coligadas funcionavam como uma “organização criminosa estável e hierarquizada”, com divisão de tarefas entre empresários, servidores e articuladores políticos.
O avanço da Operação Óbolo de Caronte atinge o núcleo duro da gestão Edmilson Rodrigues. A PF identifica Ivanise Gasparim e Cláudio Puty como mentores do esquema e conclui que nada do que aconteceu poderia ter ocorrido sem o conhecimento do alto escalão da prefeitura.
Enquanto o prefeito discursava sobre justiça social e moralidade administrativa, a Sesan - responsável por água, esgoto e drenagem - virou caixa-preta de contratos sob suspeita.
O caso expõe o abismo entre o discurso ético da esquerda no poder e a realidade do uso privado do dinheiro público, e cobra o preço da moral seletiva. O relatório da PF é um retrato de como o poder, em Belém, ainda se move pela velha lógica do compadrio, isto é, o que deveria ser gestão de saneamento virou operação de enriquecimento e o que se dizia governo da transparência terminou sob suspeita de corrupção em série.
No fim das contas, Belém segue pagando - em obras inacabadas, ruas alagadas e um silêncio conveniente.

• O reitor da UFPA, professor Gilmar Pereira (foto), está no meio de uma saraivada de críticas por conta de uma gestão ainda sem bons resultados do ponto de vista de avanços acadêmicos e gerenciais para apresentar e marcada pela disputa interna entre PT e Psol por cargos e funções.
•Agora, o magnífico reitor resolveu dobrar a aposta: designou e promove a participação do ex-reitor Emmanuel Tourinho, seu atual assessor, em um evento sobre mudanças climáticas.
•Dois detalhes chamam a atenção da incrédula comunidade universitária: o ex-reitor é psicólogo por formação e a UFPA dispõe de renomados pesquisadores na área de meio-ambiente e mudanças climáticas que poderiam melhor representá-la em um evento desse porte.
•Além do mais, uma Instituição que forma profissionais de várias áreas do conhecimento parece desconhecer ou mesmo desprestigiar seus próprios talentos da área de meio ambiente.
•A Prefeitura de Maracanã informa, a propósito de matéria da coluna sobre a queima de lixo domiciliar em Algodoal, que a coleta de lixo é realizada diariamente dentro da ilha.
•Três vezes por semana, os resíduos coletados são transportados para a sede do município, onde recebem destinação final no lixão municipal.
•Com relação à denúncia de queima de resíduos na praia, a Secretaria de Saneamento investiga para adotar as providências necessárias.
• A prefeitura pede aos moradores que enviem imagens da denúncia para a apuração de responsabilidades, caso sejam confirmadas práticas de crime ambiental.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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