CRM-PA destacou uma lista de precariedades do hospital
Mais de 150 pessoas lotaram o
auditório da sede do Ministério Público Federal (MPF) em Belém (PA), nesta
quarta-feira (13), para participar de escuta pública realizada para ouvir a
sociedade sobre o fechamento e a possível privatização do Hospital Pronto-Socorro
Municipal (PSM) Mário Pinotti, conhecido como PSM da 14. O encontro com a
sociedade, usuários do sistema de saúde, profissionais da área e entes públicos
tem o objetivo de colher informações para subsidiar a atuação do MPF, além de
construir consensos entre os participantes e buscar encaminhamentos por parte
da Prefeitura Municipal de Belém.
A interdição do prédio e
paralisação integral das atividades da unidade de saúde estão previstas em
edital de chamada pública, lançado pela prefeitura, para a contratação de
entidade da iniciativa privada para assumir os serviços de urgência e
emergência durante o fechamento total da unidade de saúde para reformas.
Relatos e denúncias – Maria
da Conceição, idosa que mora próximo ao Pronto-Socorro, afirmou que, durante
toda sua vida, sempre que precisou, buscou atendimento no PSM da 14, tanto para
si quanto para seus filhos, e que sempre foi bem atendida no local. “Para onde
a população vai se tirarem o pronto-socorro de lá?”, questionou Conceição.
A presidente do Conselho Regional
de Medicina do Pará (CRM-PA), Tereza Cristina Azevedo, destacou uma lista de
precariedades do hospital, como estruturas danificadas, ausência de macas e
espaços adequados para atendimentos sigilosos; falta de medicamentos
analgésicos e a disponibilização de apenas um equipamento para realização de
eletrocardiograma, assim como para raio-x, exames responsáveis por diagnósticos
básicos e cruciais para salvar vidas.
Apesar das deficiências, a
presidente do CRM-PA destacou que o Pronto-Socorro mantém as portas sempre
abertas para toda a população paraense e a equipe busca alternativas para
atender a todos os usuários que procuram atendimento no local. “Se dá para privatizar,
por que não dá pra reformar e oferecer a saúde digna que a população merece?”,
concluiu Maria Tereza.
Um exemplo de medidas adotadas
pela equipe do PSM para garantir a continuidade dos atendimentos foi citado por
Nazaré Ferreira, técnica de enfermagem do hospital, que informou que
funcionários do Pronto-Socorro compram materiais básicos de saúde com recursos
próprios para realizar exames e procedimentos de atenção primária, como fios
para sutura, bisturis, luvas, entre outros. “Não adianta construírem prédios e
prédios, paredes e paredes de hospital, se não derem condições para os
profissionais trabalharem nesses locais”, frisou Ferreira.
A diretora colegiada da
Associação dos Servidores da Saúde do Município Belém, Rosana Rocha, informou
que o PSM da 14 atende, em média, 1.600 pacientes por dia. “Nós estamos fazendo
a nossa parte. E hoje nós estamos aqui pra dizer ‘não’. Não ao fechamento do
pronto-socorro. Não à privatização”, protestou Rocha.
Outro ponto levantado pelos
participantes foi uma preocupação generalizada acerca de como e se o serviço de
saúde de Belém será readequado para comportar a demanda de atendimento trazida
pela 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), evento
que deve atrair cerca de 40 mil pessoas à capital paraense.
A escuta contou ainda com a
presença de representantes dos Conselhos Regionais de Medicina, de Odontologia,
de Nutrição, de Psicologia, de Serviço Social e de Enfermagem, além da
Diretoria-Geral do Pronto Socorro Mário Pinotti, da Superintendência Estadual
do Ministério da Saúde no Pará (Sems/PA), da Secretaria Municipal de Saúde de
Belém (Sesma), e da Defensoria Pública do Estado (DPE).
Atuação do MPF – O MPF já
havia enviado ofícios ao prefeito de Belém, ao secretário municipal de Saúde e
à direção do Hospital Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti requisitando
informações e justificativas sobre a planejada interdição total do prédio e a
paralisação integral de suas atividades.
Nos documentos, o MPF questionou
a razoabilidade de fechar a maior referência em urgência e emergência do Norte
às vésperas da COP30 e requisitou que a prefeitura indicasse os laudos técnicos
específicos que embasaram a decisão drástica, já que outros órgãos de
fiscalização não haviam recomendado a interdição completa. O MPF apontou que
reformas parciais, sem fechamento total, já foram realizadas com sucesso em
outras unidades hospitalares de Belém, como o Hospital Universitário João de
Barros Barreto.
Outro ponto central dos
questionamentos feitos pelo MPF é a suspeita de que a medida configure uma
privatização ilegal de atividade-fim do serviço público, sem a devida
autorização legislativa. O MPF apontou que a lei do Sistema Único de Saúde
(SUS) prevê a participação privada apenas de forma complementar, e não para
substituir o serviço público, e que deveriam ter sido priorizadas entidades
filantrópicas. Também foi questionado o uso de recursos do próprio hospital
para financiar a empresa privada, que inclui margem de lucro.
Diante das irregularidades e da
falta de respostas, o MPF propôs formalmente à Prefeitura de Belém a celebração
de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O acordo prevê a anulação da
chamada pública para contratação da iniciativa privada e o compromisso de não
paralisar integralmente o PSM, a não ser que um novo laudo técnico, de órgão
competente, aponte expressamente essa necessidade.
“Reforço o compromisso e a
imparcialidade do MPF ao não se alinhar a qualquer setor. O nosso compromisso é
com a legislação”, frisou o membro do MPF.
O secretário de saúde de Belém,
Rômulo Nina de Azevedo, afirmou que as deficiências existentes no PSM da 14 são
uma consequência de um problema sistêmico e geral da saúde pública. Azevedo se
comprometeu a reabastecer 100% dos medicamentos faltantes até fevereiro de 2026
e garantiu que o objetivo da Prefeitura de Belém é requalificar a estrutura do
Pronto-Socorro, no período de dois anos, para que seja reaberto à população.
Já o superintendente da Sems/PA,
Delcimar Viana, se comprometeu a encaminhar as denúncias e reivindicações
feitas pelo movimento social ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O defensor público Rodrigo
Miranda afirmou que faltou diálogo aberto entre a Prefeitura e os afetados por
qualquer que seja a decisão acerca do PSM. Por fim, Miranda defendeu a criação
de uma mesa de diálogo permanente para debater o futuro do hospital, com a
presença de diversos agentes sociais e institucionais.
Fonte: MPF
Foto:
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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