Após conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por telefone sobre as consequências das fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou, em entrevista à CNN Brasil, que "no momento de crise, pouco importa o lado político" e que o chefe do Executivo, por ser "um político experiente", não faria nada para atingi-lo.
"No momento de crise, pouco importa o lado político. Vejo como natural ele (Lula) ter procurado o (Eduardo) Paes (prefeito do Rio) primeiro. Mas ele não deixou de me ligar quando eu o procurei. Ainda mais um político experiente, não faria nada contra o povo para me atingir. Ainda mais pela grandeza do cargo Eu não ataco, não sou inimigo dele, nunca fomos", afirmou Castro, que voltou às pressas dos Estados Unidos, onde passava férias, após ser criticado por estar fora durante a crise.
Na conversa de Lula com Castro por telefone nesta segunda-feira, 15, segundo interlocutores, o presidente sinalizou que vai conversar com ministros para o governo dar prioridade, no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), às obras do Rio Botas, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Ele transbordou no fim de semana, após fortes temporais que já deixaram 12 mortos no Estado.
Castro minimizou as diferenças políticas com o presidente nas eleições de 2022. Filiado ao partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador afirmou "a crise é da chuva e não política", e destacou o bom relacionamento com o presidente.
Ao fim do telefonema, o presidente não deu uma resposta conclusiva ao governador sobre as medidas de auxílio do governo federal ao Estado, segundo a CNN. Ele disse que conversaria com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e se comprometeu em ligar mais uma vez para Castro.
Quatro ministros de governo serão recebidos pelo governador no Palácio das Laranjeiras nesta terça-feira, 16: os ministros de Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, do Meio Ambiente e Mudança do Clima substituto, João Paulo Capobianco, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) substituto, Osmar Almeida Júnior, e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
A sinalização de trabalho conjunto entre o governo do PL e o atual presidente ocorre menos de uma semana após o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, dizer em uma entrevista que Lula tem "prestígio" e Bolsonaro, "carisma", e acrescentar que não há comparação" entre o petista e o ex-presidente. Segundo o dirigente partidário, Bolsonaro é "mil vezes" mais difícil de lidar porque ele "não é uma pessoa igual a nós".
Após a repercussão negativa entre apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, Valdemar Costa Neto se defendeu nas redes sociais das críticas. "Estão me atacando usando uma fala minha sobre o Lula que está fora de contexto", disse o dirigente partidário da legenda que abriga Bolsonaro.
Estadão Conteúdo