esde que começou suas atividades em Belém, ano passado, o Instituto Fogo Cruzado tem mostrado que a Terra Firme é um dos bairros mais violentos da Grande Belém, e se apresenta como aquele com mais tiroteios este mês, até este momento.
A
última ocorrência envolveu Moisés Araújo, morto a tiros na madrugada de
domingo, 18, na Passagem 24 de Dezembro, em Belém - sexto tiroteio registrado
no mês, com quatro mortes. Há uma semana, Vitor Cardoso Milho, de 22 anos, e
Ariel Kelvin Rocha Alves, de 26, foram mortos a tiros na noite de
segunda-feira, 12, na mesma passagem. As duas vítimas foram alvejadas por
homens em um carro. Parece que quem se gabava da "maravilha" que
estava o bairro da Terra Firme, errou.
Agosto violento
Até
ontem, 19, o Instituto Fogo Cruzado registrou 195 pessoas baleadas no município
de Belém, das quais 142 morreram e 55 ficaram feridas. Agosto está se mostrando
muito violento também em toda a região metropolitana, com registros de mortes
por tiros de 15 pessoas, quatro em menos de 24 horas, na quinta-feira, dia 8.
A
Passagem 24 de Dezembro fica em meio ao emaranhado de vielas, entre as avenidas
Tucunduba e a Perimetral - a via principal é a rua São Domingos -, e parece
estar substituindo a famosa Passagem Ligação, que fica próximo. A Passagem
Ligação ganhou notoriedade a partir dos anos 2000, por abrigar casos de violência
como assassinatos e tráfico de drogas.
O
estudo “A Geografia do Crime na Metrópole: da Economia do Narcotráfico à
Territorialização Perversa em uma Área de Baixada em Belém”, de Aiala Colares
de Oliveira Couto, em artigo publicado em dezembro de 2008, no Naea-UFPA,
mostrou o que estava acontecendo na Terra Firme. Segundo o estudo, Belém
convivia com um espaço segregado que se tornou cada vez mais controlado pela
criminalidade, “pois onde o Estado atua de forma precária, o crime se apresenta
como oportunidade”.
Um bairro favelado
O
bairro da Terra Firme é absolutamente horizontalizado. Sua tipologia urbana é
favelada. Foi estruturada em sítio predominantemente alagável - área de baixada
-, a partir de uma extensa área institucional hoje formalmente pertencente à
UFPA, dentro da 1ª légua patrimonial. Sua população em 1991 representava 4,5%
da população do setor urbano.
Desde
o dia 16 de dezembro de 1975, o bairro passou a ser chamado oficialmente de
bairro da Montese, homenagem dada pela Câmara de Belém à Força Expedicionária
Brasileira pela participação na Segunda Guerra Mundial. Entretanto, o nome
oficial ainda não é utilizado por seus moradores e nem muito menos pelos órgãos
públicos.
O
bairro Montese é um dos mais tradicionais e populosos de Belém. Com cerca
de 61.439 habitantes (IBGE, 2010), a maioria dos moradores são pessoas que
vieram de outros locais, como do Estado do Maranhão.
Shopping da droga
Em
fevereiro de 2018, duas pessoas foram executadas no 'Shopping da droga', na
Terra Firme. Um menor de 17 anos e uma mulher, de 42, foram executados por
passageiros de dois carros, de madrugada, em um duplo homicídio que ocorreu na
passagem 24 de Dezembro em um intervalo de tempo muito curto. Além deles, duas
pessoas ficaram feridas.
As
vias consideradas de risco na Terra Firme são a Passagem Ligação, a rua Celso
Malcher e as Passagens Lauro Sodré, Brasília e 24 de Dezembro. Em 2008, a
Polícia Civil reagiu contra a ação de criminosos das Passagens Ligação e Lauro
Sodré, prendendo, pelo menos, três deles em uma operação repressiva, com
apreensão de armas e drogas.
Chacina de Belém
Antes
disso, a Secretaria de Segurança do Pará teve que tomar atitudes drásticas em
novembro de 2014, quando o cabo da PM Antônio Marcos da Silva Figueiredo, de 43
anos, conhecido como “Cabo Pet”, foi morto a tiros quando chegava em casa,
na rua Augusto Corrêa, bairro do Guamá.
Após
o assassinato do PM, na noite do dia 4 e madrugada do dia 5 de novembro,
aconteceu uma série de dez homicídios na capital, em sua maioria de jovens,
sendo cinco deles na Terra Firme. Mas a série de boatos sobre a situação causou
um pânico maior entre a população, que passou a divulgar notícias falsas pela
internet, na tentativa de se defender. A série de mortes ficou conhecida como
“Chacina de Belém”.
Avaliação equivocada
Ano
passado, o governo do Pará chegou a comemorar que a Terra Firme, conhecida
pelos altos índices de crimes violentos, “vive uma nova realidade”. Isso
porque, há 144 dias, em março de 2023, o bairro não registrava nenhuma
ocorrência de Crimes Violentos Letais Intencionais, que englobam os delitos de
homicídio, lesão corporal seguida de morte e latrocínio. “São ações que
realizamos desde de 2019 nos bairros que fazem parte do TerPaz”, destacou o
titular da Secretaria, Ualame Machado.
Papo Reto
· Uma imagem roda o nordeste do Pará por onde alcança a
influência da Diocese de Bragança: diretores e assessores do Hospital Santo
Antônio Maria Zaccaria e piedosas irmãs da Congregação das Missionárias de
Santa Teresinha, ligados à diocese, circulando por Brasília para um evento do
segmento de saúde.
· Nada demais não fossem dois fatores: as recomendações do
Papa Francisco para que membros da Igreja retornem para um estado de
despojamento, humildade e missão caridosa.
· Outro: a situação do hospital fundado pelos Padres
Barnabitas, praticamente em pré-coma, com salários atrasados e falta de médicos
e insumos.
· Dizem em Brasília que a conta não fecha e passou a
chamar a atenção, mais uma vez, do Núncio Apostólico, Dom Giambatista
Diquattro (foto).
· A Banda de Música do Corpo de Bombeiros vai se
transformar em orquestra. É nisso que trabalha o comandante da corporação,
coronel Jayme Benjó.
· A ideia é elevar o nível da banda, adquirir violinos,
violoncelos e violas, sob a consultoria do maestro, líder e segundo tenente
músico da corporação, Claudemir Teixeira.
· O uso de internet no País cresceu mais entre os idosos,
diz o IBGE; 86,5% de pessoas com 60 anos ou mais informaram que usam a internet
todos os dias e, no conjunto da população, a marca chega a 94,3%.
· O acesso à internet cresceu sim, mas o Brasil ainda tem
22 milhões de “excluídos digitais”.
· Já aprovado na Comissão de Constituição e
Justiça por 37 votos contra 13 e também nas comissões de Meio Ambiente e
de Agricultura, o projeto que permite irrigação em área de proteção recebe
críticas da esquerda, mas está pronto para ser apreciado no plenário da Câmara.