Caça-like

Jornal exibe modelos de lingerie no Mangueirão, mas exclui vídeo após enxurrada de críticas

Internautas reprovaram a postura do veículo, a quem acusaram de "sexualizar" a mulher num dos ambientes mais perigosos para elas: o estádio de futebol

12/04/2024 22:16

Publicação foi excluída após críticas sobre sexualização da mulher


Belém, PA - O que deveria ser usado como isca para muitos likes no instagram acabou funcionando como um “tiro no pé” para um jornal de grande circulação de Belém. O veículo publicou um ensaio realizado com duas modelos paraenses representando Remo e Paysandu, no Mangueirão. Como figurino, ambas usavam apenas a camisa dos clubes amarradas acima da barriga e uma lingerie, na parte de baixo.


O vídeo, de pouco menos de um minuto, não poupa nas poses sensuais e provocantes, como, aliás, é de praxe para o referido jornal, que tenta alcançar público oferecendo sempre sensualidade e muito sangue em todas as suas capas. O ensaio, além de vender o RExPA do próximo domingo, 14, também tinha como intenção homenagear o jornal, que comemora aniversário na mesma data. 


Sem espaço nem paciência


O problema é que, em tempos cada vez mais escassos para esse tipo de exploração, internautas reagiram tão negativamente ao vídeo que os gerenciadores da página optaram pela exclusão do material 15 minutos depois de sua publicação. Uma das críticas mais contundentes falou sobre os riscos de sensualizar a mulher num dos ambientes com maior registro de assédio contra elas, o estádio de futebol.


Em outra postagem, uma internauta criticou a prática recorrente que o veículo tem de "sempre usar o corpo feminino como atrativo em capas e, agora, passando dos limites trazendo esse tipo de exploração para a internet”. No mesmo embalo, um outro internauta emenda que, “depois o mesmo veículo está nos estádios fazendo companha contra o assédio sexual”.


Em respeito


Na matéria publicada pelo Portal Olavo Dutra, os editores optaram por esconder a identidade das modelos para não comprometer sua atividade profissional fora do ambiente virtual, já que, uma vez contratadas pelo jornal, ambas não fizeram mais do que o trabalho que lhes acompanha como profissão.


Problema histórico


Ao longo da história, as mulheres têm lutado por igualdade de gênero e pelo reconhecimento de seu papel fundamental na sociedade. No entanto, a sexualização da mulher representa um retrocesso nessa busca pela igualdade.


Para quem aproveitou a postagem para se dirigir com tons mais ousados às modelos, nunca é demais lembrar que o assédio na internet possui o mesmo peso jurídico que no mundo real. De acordo com a ONG Plan International, a média de mulheres que sofrem assedio pela internet no Brasil é de 77%, bem acima dos 58% da media mundial.


O respeito, seja para internautas ou gerenciadores de conteúdo, deve e precisa sempre vir em primeiro lugar.


Foto: Divulgação Redes Sociais.

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