São Paulo, 13 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta
quarta-feira, 12, que o ministro das Comunicações Juscelino Filho, indiciado
pela Polícia Federal (PF) pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e
organização criminosa, "tem o direito de provar que é inocente".
"Eu acho que o fato do cara ser indiciado não significa que o cara cometeu
um erro. Significa que alguém está acusando, e que a acusação foi aceita.
Agora, eu preciso que as pessoas provem que são inocentes", disse Lula a
jornalistas em Genebra, na Suíça, onde participará de um encontro da
Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O posicionamento do presidente vai ao encontro do que disse Juscelino sobre o
relatório da PF. O ministro afirmou que "indiciamento não implica em
culpa" e que o parecer da Polícia Federal "é uma ação política e
previsível". O presidente avalia conversar com o ministro nesta quinta,
13, para decidir sobre o tema. "Não conversei com ele (Juscelino) ainda,
eu vou conversar hoje e vou tomar uma decisão sobre esse assunto", afirmou
Lula.
A corporação imputa crimes ao ministro em um caso envolvendo possíveis desvios
de verbas públicas na estatal Codevasf. O caso foi revelado pelo Estadão em
janeiro de 2023.
Destino de Juscelino depende do União Brasil
Como mostrou a Coluna do Estadão, Lula demonstrou, nos bastidores, desconforto
com o indiciamento de seu ministro. O petista considera, no entanto, que
Juscelino ocupa o cargo como indicação do União Brasil, e que a sigla deve ser
ouvida antes de qualquer decisão.
O senador Jacques Wagner (PT-BA), líder do governo, indica que Lula tomará uma
decisão, mas reitera o papel do União Brasil. "Ele (Lula) vai ser
informado de tudo e aí vai tomar uma decisão Na verdade, quem teria que tomar
uma decisão é o partido dele (de Juscelino)", disse o parlamentar.
O União Brasil, por sua vez, sinalizou total apoio ao seu correligionário, que
é deputado federal licenciado. O partido mencionou, em uma nota oficial, que a
apuração da PF é "parcial", mencionando ainda "vazamentos
seletivos" e "descontextualizados". "O União Brasil
reafirma seu apoio ao ministro Juscelino Filho e sua confiança na Justiça, o
único órgão competente para julgar", diz outro trecho da nota.
O teor da nota oficial reverbera o clima nos bastidores da legenda. Segundo
apuração da coluna, Juscelino Filho, que tem boa interlocução com
parlamentares, conta com o apoio de Antonio Rueda, presidente do União Brasil,
e de Elmar Nascimento (União Brasil-BA), deputado federal que tenta se
viabilizar como o sucessor de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil