Aliados de Lula não alinhados com Edmilson apostam em Igor e na alta rejeição de Eder Mauro

Suposto apoio do presidente ao candidato do Psol não inclui, até agora, aparições públicas e agendas no Palácio do Governo.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

07/07/2024 08:00
Aliados de Lula não alinhados com Edmilson apostam em Igor e na alta rejeição de Eder Mauro
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a acirrada disputa pela Prefeitura de Belém, o cenário político começa a tomar contornos mais definidos conforme os dias passam e outubro se aproxima. Em recente levantamento, o bolsonarista Eder Mauro desponta como favorito, colocando em xeque a continuidade da gestão do prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol, que, apesar do suposto “apoio do presidente Lula”, encontra dificuldades em suas intenções de reeleição.


Lula tem evitado não só visitar Belém - mas deve acontecer em breve - como receber Edmilson em audiência/Fotos: Divulgação.
 

O apoio ganhou ‘aspas’ porque, embora o partido do presidente esteja em aliança com o Psol em Belém, Lula tem evitado não apenas vir à cidade, mas se encontrar com o prefeito, que tem insistido na solicitação de agendas sempre recusadas.

 

Lula evita prefeito

 

Pesquisas eleitorais de diferentes institutos revelam um cenário desafiador para Edmilson Rodrigues. Com o segundo mandato marcado por desafios, vaias e críticas, até mesmo os apoiadores mais otimistas veem com ceticismo a possibilidade de reeleição, ainda mais com a influência limitada do presidente Lula. Não são apenas as restrições da Lei Eleitoral que proíbem a participação de prefeitos em eventos oficiais e inaugurações após o dia 5 de julho que preocupam Edmilson. O silêncio aos seus pedidos de encontro com Lula indica que a imagem de ambos juntos em uma agenda não é do desejo do presidente.

 

Lula, que tem evitado acenos públicos diretos ao prefeito de Belém para evitar desgaste, vê no comando bolsonarista de Eder Mauro uma ameaça na gestão da cidade em 2025, especialmente com a iminência da COP30. O evento, que é a maior conferência sobre mudança climática organizada pela ONU, está marcado para acontecer em Belém e se apresenta como uma oportunidade para o governo federal demonstrar seu comprometimento com o meio ambiente.

 

Sarrafo de Priante

 

Enquanto isso, o governador, bem avaliado, intensifica a pressão política para angariar aliados e emplacar seu primo-candidato, o deputado estadual Igor Normando, do MDB, no Palácio Antônio Lemos. Pesquisa recente do Instituto Mentor mostra que Normando está tecnicamente empatado com Eder Mauro, apontando um embate direto entre as forças neo-lulistas e bolsonaristas na capital paraense.

 

Em que pese o otimismo da claque de Helder, Normando ainda não ultrapassou a marca histórica de votos do MDB, que teve Priante em um segundo-turno contra Duciomar Costa e se aproximou da mesma performance em 2020. Ou seja, antes de almejar ganhar, Igor Normando precisa ultrapassar o sarrafo levantado por Priante.

 

Aliança estratégica

 

Apesar das tensões, a estratégia dos aliados de Lula que não se alinham com Edmilson é clara: evitar o desgaste de um apoio explícito a Edmilson Rodrigues e apostar no potencial de crescimento de Igor Normando no segundo turno, contando com uma rejeição alta de Eder Mauro para limitar seu avanço. Essa aliança estratégica entre Lula e Barbalho visa consolidar uma frente ampla que possa garantir uma administração alinhada com os objetivos ambientais e de desenvolvimento para a presidência.

 

Drama político

 

Na última quinta-feira, 4, a visita do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, marcou um capítulo patético nesse drama político protagonizado pela comunicação de Edmilson. Participando do evento "Caravana Federativa", o petista Padilha gravou vídeos ao lado do prefeito Edmilson e do governador Helder Barbalho tentando demonstrar uma frente unida. Contudo, a visita não foi isenta de percalços, sendo marcada por problemas no fornecimento de água no Ver-o-Peso durante a gravação de um vídeo institucional, algo que foi abordado de modo atabalhoado por Rodrigues em suas redes sociais.



 

Divisor de águas

 

A expectativa agora se volta para os próximos movimentos de Lula e seus aliados. A aguardada visita do presidente a Belém, programada possivelmente para julho ou agosto, pode ser um divisor de águas na campanha eleitoral, com as entregas do programa Minha Casa, Minha Vida servindo como plataforma para catapultar aliados e reforçar a imagem do compromisso do governo federal com a capital paraense.

 

Percalço inesperado

 

Com um cenário eleitoral ainda em aberto e muitas peças a serem movidas, Eder Mauro padeceu um percalço inesperado com o fiasco de público no ato realizado em Belém com presença do casal Bolsonaro. O ato culminou com um entrevero entre o deputado federal ruidoso e o deputado estadual Neil, ambos do PL. Neil, que é coronel da Polícia Militar, foi impedido por seguranças de Eder Mauro de entrar no recinto onde acontecia o almoço com presença do ex-presidente, realizado em Icoaraci. Até armas de fogo foram empunhadas por bolsonaristas antagonistas na frente do estabelecimento - o que prova que nem tudo são flores no palanque do adversário preferido de todos os candidatos.

 

A rejeição de Eder Mauro o torna o inimigo favorito de todos eles.

 

Papo Reto

 

· No Pará, a queda do número de mortes divulgada pelo Fórum Nacional de Segurança Pública é proporcional ao aumento do número de mortes a esclarecer. Bons entendedores entenderão.

 

· Os levantamentos, como se sabe, replicados nos Estados à exaustão pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, não consideram o banco de dados do Ministério da Saúde.

 

·  Por essas e outras, um grupo de acadêmicos da UFPA planeja propor à Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa uma auditoria nos números. O caso vai ser levado ao presidente da Comissão, o deputado Carlos Bordalo (foto).

 

· Pelo menos três pré-candidatos à Câmara de Ananindeua ligados ao prefeito Daniel Santos prometem recorrer à Justiça Eleitoral contra a distribuição de cestas básicas no bairro Curuçambá.

 

· O evento, recente, circula nas redes sociais com imagens de pessoas usando camisas com a logo do Estado e sob o comando meio adoidado de um grupo ligado a um candidato à prefeitura do município.

 

·  Uma arquiteta ligada à Secretaria de Planejamento e cedida à Cohab desde julho de 2009 está em gozo de férias - o que é normal.

 

·  Ocupante de cargo comissionado, a moça já integrou as fileiras do PT, pousou no ninho do PSDB e está no MDB - o que é normal.

 

· Anormal é o fato de que, sem vínculo com a Cohab, seu nome não consta mais na folha de serviço, conforme o Portal da Transparência.

 

· Mas está em gozo de férias. Afinal, ninguém é de ferro.

 

· Nem tudo é o que parece ser em Bragança, nordeste do Pará. Rivaldo Miranda e Edson Oliveira - ou Edson Oliveira e Rivaldo Miranda - andam conversando sobre candidaturas contra o candidato do prefeito Raimundo Oliveira.

 

· Aliás, não foi pelo avançar da hora, nem pelo mau tempo para voo de helicóptero que o governador Helder Barbalho deixou Bragança às pressas e visivelmente irritado esta semana.

 

· Em uma visita de cerca de 30 minutos, Helder fez breve discurso, elogiou Edson Oliveira, não mencionou nem o prefeito e seu candidato a vice e ‘rasgou’. Se arrependimento matasse...

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