a acirrada disputa pela Prefeitura de Belém, o cenário político começa a tomar contornos mais definidos conforme os dias passam e outubro se aproxima. Em recente levantamento, o bolsonarista Eder Mauro desponta como favorito, colocando em xeque a continuidade da gestão do prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol, que, apesar do suposto “apoio do presidente Lula”, encontra dificuldades em suas intenções de reeleição.

O apoio ganhou ‘aspas’ porque, embora o partido do
presidente esteja em aliança com o Psol em Belém, Lula tem evitado não apenas
vir à cidade, mas se encontrar com o prefeito, que tem insistido na solicitação
de agendas sempre recusadas.
Lula evita prefeito
Pesquisas eleitorais de diferentes institutos revelam um
cenário desafiador para Edmilson Rodrigues. Com o segundo mandato marcado por
desafios, vaias e críticas, até mesmo os apoiadores mais otimistas veem com
ceticismo a possibilidade de reeleição, ainda mais com a influência limitada do
presidente Lula. Não são apenas as restrições da Lei Eleitoral que proíbem a
participação de prefeitos em eventos oficiais e inaugurações após o dia 5 de
julho que preocupam Edmilson. O silêncio aos seus pedidos de encontro com Lula
indica que a imagem de ambos juntos em uma agenda não é do desejo do
presidente.
Lula, que tem evitado acenos públicos diretos ao
prefeito de Belém para evitar desgaste, vê no comando bolsonarista de Eder
Mauro uma ameaça na gestão da cidade em 2025, especialmente com a iminência da
COP30. O evento, que é a maior conferência sobre mudança climática organizada
pela ONU, está marcado para acontecer em Belém e se apresenta como uma
oportunidade para o governo federal demonstrar seu comprometimento com o meio
ambiente.
Sarrafo de Priante
Enquanto isso, o governador, bem avaliado, intensifica a
pressão política para angariar aliados e emplacar seu primo-candidato, o
deputado estadual Igor Normando, do MDB, no Palácio Antônio Lemos. Pesquisa
recente do Instituto Mentor mostra que Normando está tecnicamente empatado com
Eder Mauro, apontando um embate direto entre as forças neo-lulistas e
bolsonaristas na capital paraense.
Em que pese o otimismo da claque de Helder, Normando
ainda não ultrapassou a marca histórica de votos do MDB, que teve Priante em um
segundo-turno contra Duciomar Costa e se aproximou da mesma performance em
2020. Ou seja, antes de almejar ganhar, Igor Normando precisa ultrapassar o
sarrafo levantado por Priante.
Aliança estratégica
Apesar das tensões, a estratégia dos aliados de Lula que
não se alinham com Edmilson é clara: evitar o desgaste de um apoio explícito a
Edmilson Rodrigues e apostar no potencial de crescimento de Igor Normando no
segundo turno, contando com uma rejeição alta de Eder Mauro para limitar seu
avanço. Essa aliança estratégica entre Lula e Barbalho visa consolidar uma
frente ampla que possa garantir uma administração alinhada com os objetivos
ambientais e de desenvolvimento para a presidência.
Drama político
Na última quinta-feira, 4, a visita do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, marcou um capítulo patético nesse drama político protagonizado pela comunicação de Edmilson. Participando do evento "Caravana Federativa", o petista Padilha gravou vídeos ao lado do prefeito Edmilson e do governador Helder Barbalho tentando demonstrar uma frente unida. Contudo, a visita não foi isenta de percalços, sendo marcada por problemas no fornecimento de água no Ver-o-Peso durante a gravação de um vídeo institucional, algo que foi abordado de modo atabalhoado por Rodrigues em suas redes sociais.
Divisor de águas
A expectativa agora se volta para os próximos movimentos
de Lula e seus aliados. A aguardada visita do presidente a Belém, programada
possivelmente para julho ou agosto, pode ser um divisor de águas na campanha
eleitoral, com as entregas do programa Minha Casa, Minha Vida servindo como
plataforma para catapultar aliados e reforçar a imagem do compromisso do
governo federal com a capital paraense.
Percalço inesperado
Com um cenário eleitoral ainda em aberto e muitas peças
a serem movidas, Eder Mauro padeceu um percalço inesperado com o fiasco de
público no ato realizado em Belém com presença do casal Bolsonaro. O ato
culminou com um entrevero entre o deputado federal ruidoso e o deputado
estadual Neil, ambos do PL. Neil, que é coronel da Polícia Militar, foi
impedido por seguranças de Eder Mauro de entrar no recinto onde acontecia o
almoço com presença do ex-presidente, realizado em Icoaraci. Até armas de fogo
foram empunhadas por bolsonaristas antagonistas na frente do estabelecimento -
o que prova que nem tudo são flores no palanque do adversário preferido de
todos os candidatos.
A rejeição de Eder Mauro o torna o inimigo favorito de
todos eles.
Papo Reto
· No Pará, a queda do número de mortes divulgada pelo
Fórum Nacional de Segurança Pública é proporcional ao aumento do número de
mortes a esclarecer. Bons entendedores entenderão.
· Os levantamentos, como se sabe, replicados nos Estados à
exaustão pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, não consideram o
banco de dados do Ministério da Saúde.
·
Por essas e outras, um grupo de acadêmicos da UFPA
planeja propor à Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa uma
auditoria nos números. O caso vai ser levado ao presidente da Comissão, o
deputado Carlos Bordalo (foto).
· Pelo menos três pré-candidatos à Câmara de Ananindeua
ligados ao prefeito Daniel Santos prometem recorrer à Justiça Eleitoral contra
a distribuição de cestas básicas no bairro Curuçambá.
· O evento, recente, circula nas redes sociais com imagens
de pessoas usando camisas com a logo do Estado e sob o comando
meio adoidado de um grupo ligado a um candidato à prefeitura do município.
· Uma arquiteta ligada à Secretaria de Planejamento e
cedida à Cohab desde julho de 2009 está em gozo de férias - o que é normal.
· Ocupante de cargo comissionado, a moça já integrou as
fileiras do PT, pousou no ninho do PSDB e está no MDB - o que é normal.
· Anormal é o fato de que, sem vínculo com a Cohab, seu
nome não consta mais na folha de serviço, conforme o Portal da Transparência.
· Mas está em gozo de férias. Afinal, ninguém é de ferro.
· Nem tudo é o que parece ser em Bragança, nordeste do
Pará. Rivaldo Miranda e Edson Oliveira - ou Edson Oliveira e Rivaldo Miranda -
andam conversando sobre candidaturas contra o candidato do prefeito Raimundo
Oliveira.
· Aliás, não foi pelo avançar da hora, nem pelo mau tempo
para voo de helicóptero que o governador Helder Barbalho deixou Bragança às
pressas e visivelmente irritado esta semana.
· Em uma visita de cerca de 30 minutos, Helder fez breve discurso, elogiou Edson Oliveira, não mencionou nem o prefeito e seu candidato a vice e ‘rasgou’. Se arrependimento matasse...