O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começou a divulgar hoje os resultados do Censo Demográfico de 2022. O Brasil chegou a 203.062.512 habitantes. O número representa um aumento de 12 milhões em relação a 2010, data do último levantamento. Nunca a população do país cresceu tão pouco.
Entre 2000 e 2010, a população avançou 1,17% ao ano. Em pouco mais de uma década, o crescimento da população caiu a menos da metade: passou para 0,52% ao ano - a menor taxa já registrada desde o primeiro Censo, realizado em 1872.
Apesar disso, houve uma alta de 34% no número de domicílios: agora há 90,6 milhões de lares no país. Em 2010, eram 67,6 milhões. O contingente de 203 milhões de habitantes é inferior ao cálculo do IBGE para o Censo atual. O órgão estimou que o país teria 207,78 milhões de habitantes.
Além disso, fatores como a alta mortalidade devido à pandemia de Covid, a epidemia do zika vírus e a migração global podem estar por trás do número de população abaixo do estimado anteriormente.
Famílias cada vez menores
Com a população crescendo a um ritmo cada vez mais lento, o tamanho das famílias brasileiras encolheu. Pela primeira vez, há menos de 3 moradores por domicílio no Brasil: são 2,79. Em 1980, cada casa no país tinha em média 4,51 habitantes - ou seja, uma família de pais e 2 ou 3 filhos. Porto Alegre é a capital com as menores famílias: 2,37 moradores por casa. Em Macapá, são 3,56.
Maior queda está no Norte
A região Norte foi a que registrou maior queda no ritmo de crescimento da população. Em 2010, o número de habitantes nessa localidade crescia 2,09% ao ano. Em 2000, chegava a 2,86%. Já em 2022, despencou para 0,75% ao ano. O Nordeste amargou o menor crescimento em 2022: somente 0,24%.
Por outro lado, o Centro-Oeste teve maior resiliência: foi a única região com crescimento ao ano superior a 1% em 2022, em que pese estar se expandindo a um ritmo mais lento do que nas décadas anteriores. A região, que tem ganhado participação no PIB brasileiro em razão do avanço do agronegócio, teve um crescimento populacional de 1,23% ao ano.
A região Sudeste continua concentrando a a maior parte dos brasileiros: abarca 84,8 milhões de habitantes, o que representa 41,8% da população brasileira. Os três estados mais populosos - São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro - concentram 39,9% da população do país. No outro extremo, a região Centro-Oeste é a menos populosa. Abarca 16,3 milhões de habitantes ou 8,02% da população do país.
Censo tem impacto nos repasses aos municípios
Os números balizam o cálculo das quotas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) - recursos que o governo federal destina a estados e municípios. Seu repasse é feito com base em faixas populacionais. Nesse sentido, um número menor de população afeta diretamente o montante de recursos.
Quanto maior a população de um município, maior será o acesso a essa verba. Mas, se um município acaba perdendo população, ele tende a mudar de faixa populacional e ganhar menos dinheiro do governo federal. Cimar Azeredo, do IBGE, reconhece que o modelo de distribuição do Fundo de Participação dos Municípios "cria uma animosidade entre o prefeito e o órgão de pesquisa”:
"Não tenho dúvidas de que seremos questionados. Para um prefeito, perder um morador significar perder um pedaço do bolo de distribuição do FPM. E o IBGE convive com isso fazendo as respostas e acatando as decisões judiciais, como sempre fez”.
Alguns dados do Censo 2022
- A população do Brasil chegou a 203.062.512 de residentes em 2022
- Em 2010, eram 190.99.755 milhões de habitantes no país
- Pandemia de Covid, epidemia de zika e migração global explicam o baixo crescimento da população, diz o IBGE
- Capitais, como Salvador e Rio, já veem sua população encolher. Mas São Paulo, a maior cidade do país, não para de crescer
- As famílias brasileiras estão diminuindo em ritmo acelerado: já são menos de 3 moradores por domicílio
- Este foi o "Censo do não": houve recusa a responder a pesquisa em 1 milhão de domicílios
- Serra da Saudade, em Minas Gerais, é a menor cidade do país: 833 habitantes.