Delegados pressionam Segurança Pública contra "extermínio sistemático" de policiais no Pará

Sindicato aponta média de 25 assassinatos de agentes de segurança por ano no Estado, o que representa mais de uma morte a cada duas semanas.

22/05/2025, 11:00
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á duas semanas, o Instituto Fogo Cruzado contabilizou a marca de mil tiroteios na Região Metropolitana de Belém desde que começou a fazer essa aferição, em 3 de novembro de 2023. Nesses mil tiroteios registrados, 978 pessoas foram baleadas, 752 morreram, 226 ficaram feridas e mais de 40% dos tiroteios, ou seja, 435, ocorreram em ações ou operações policiais.  

Em ofício, Movimento de Policiais Civis pediu reunião com o secretário Ualame Machado para tratar sobre segurança pública no Estado/Fotos: Divulgação.
Ao mesmo tempo em que o Instituto mostrou os números, considerados “altos”, ofício do Sindicato dos Delegados de Polícia foi encaminhado ao secretário de Segurança Pública, Ualame Machado, denunciando a violência no Pará.

Na linha de tiro

O registro é de 25 assassinatos de agentes de segurança por ano, ou média de um a cada duas semanas. A fonte é do próprio Sindicato, com data de 14 maio, quarta-feira.  

Os números levantados entre 2019 e maio de 2025 apontam 160 mortes de agentes de segurança, sendo que o primeiro ano foi com mais mortes, com 33 ocorrências, seguido dos anos de 2022, 2023 e 2024, com 25 assassinatos a cada ano. 

O levantamento cobre agentes de segurança, sendo policiais militares, civis, polícia penal, guarda militar e bombeiro militar. Desses, o segmento com mais mortes é o de policiais militares, com 107 mortes, seguido dos guardas municipais, com 22 ocorrências.  

Entre esses registros estão inclusos, além de mortes em operações policiais, as execuções sumárias, ameaças e emboscadas, que colocam em risco não apenas a vida desses profissionais e de seus familiares, mas também a estabilidade da ordem pública no Estado. 

Reunião urgente 

Na última quinta-feira, 15, o Movimento Unificado dos Policiais Civis do Estado do Pará solicitou, por meio de ofício, uma reunião urgente para tratar desse problema no Pará. O documento foi direcionado ao secretário Ualame Machado.   

O Movimento pede que na reunião estejam presentes o Delegado-Geral da Polícia Civil, Raimundo Benassuly e toda a diretoria operacional dele, além dos representantes das instituições responsáveis pela segurança pública no Estado. Os policiais querem discutir na reunião as medidas concretas que estão sendo adotadas pelo governo do Estado no enfrentamento ao extermínio sistemático de policiais civis por parte de organizações criminosas. 

Os policiais dizem que o cenário é de criminalidade organizada que avança progressivamente sobre territórios e setores econômicos do Estado. “O combate ao crime organizado deve ocorrer em diversas frentes e vai muito além da dimensão estritamente policial. O enfrentamento exige uma abordagem multidimensional, combinando repressão, prevenção e reformas institucionais”, sugerem. 

Ambiente digital 

O documento aponta que a criminalidade avança também no ambiente digital, alegando que o Estado insiste em estratégias ultrapassadas, baseadas apenas no policiamento ostensivo. É preocupante, igualmente, a significativa redução do orçamento destinado à Polícia Civil, que enfrenta, há anos, sérias dificuldades financeiras. 

“A falta de investimentos em investigação, tecnologia e inteligência tem custado caro à sociedade. Crimes digitais, como estupros virtuais, aliciamento de menores e desafios letais crescem sem que o Estado tenha a estrutura necessária para combatê-los com eficiência”, apontam.  “É preciso valorizar esses profissionais com capacidade e constitucionalmente responsáveis, para rastrear dados, seguir o dinheiro, coletar provas digitais e desmantelar redes criminosas. Eles estão na linha de frente das investigações, tanto em crimes cibernéticos, quanto em casos que impactam diretamente a população. Mas sem reconhecimento, estrutura e remuneração adequados, o combate ao crime segue comprometido”, destacam. 

Novas tecnologia 

O documento diz que é essencial que as políticas públicas de segurança sejam avaliadas e ajustadas com eficiência. “O uso de tecnologia e inteligência é fundamental para enfrentar o crime organizado. As facções têm utilizado tecnologias avançadas para coordenar as ações deles, o que exige que o Estado também invista em sistemas modernos de controle e vigilância”.  

Os policiais apontam que o uso de drones, câmeras de alta resolução e softwares de análise de dados são ferramentas que podem auxiliar a segurança a monitorar áreas sob influência dessas organizações.  

Também dizem que é relevante o uso da inteligência artificial na análise de dados em operações criminosas. “É uma tecnologia que pode identificar padrões de comportamento, se antecipe ações das facções e se planeje intervenções com maior eficácia. A tecnologia de ponta é essencial para modernizar o combate ao crime organizado no Pará”, enfatizam.  

Ações imediatas

O Movimento faz questionamentos já no ofício, dando base à reunião, quando ela for realizada. Eles solicitam informações sobre ações imediatas que estão sendo implementadas para proteger a integridade física dos policiais civis, tanto em serviço quanto fora dele; ser há um plano de inteligência específico para identificar e neutralizar os grupos criminosos responsáveis por ataques; quais são as medidas de apoio disponibilizadas às famílias dos policiais assassinados; se há cooperação com órgãos federais para reforçar o combate ao crime organizado; e quais os investimentos previstos na área da Polícia Judiciária, tais como orçamento anual, valorização dos policiais civis, logística e estrutura de trabalho. 

Eles sugerem que o governo do Estado desenvolva um programa habitacional, em parceria com a Companhia de Habitação do Pará e a Caixa Econômica Federal, para a construção de conjuntos residenciais fechados destinados aos servidores da segurança pública. “Experiências anteriores demonstraram sucesso nesse modelo, com mais de 20 residenciais entregues em governos passados, oferecendo moradia com valores acessíveis aos servidores da segurança”, exemplificam. 

Papo Reto

• Atual secretário de Esportes da Prefeitura de Marituba, Branco Aleixo (foto), do PV, que vem a ser irmão de Everaldo Aleixo, segundo mais votado para prefeito do município nas últimas eleições, deve deixar o cargo para se lançar à Câmara Federal. Em 2022, Branco contabilizou cerca de 27 mil votos para deputado estadual. 

• Com 54 votos, o Senado aprovou o projeto que simplifica o licenciamento ambiental, compartilhando poderes com estados e municípios.

• Se era por falta de remédio, remédio ministrado:  no melhor estilo, o Bahia despachou o Paysandu da Copa do Brasil, dando a Roger Aguilera a oportunidade de convencer o técnico Luizinho Lopes a ensinar o caminho do gol ao time, já que convence geral nas derrotas.

• É o caso em que os santos do Bahia ensinam farmacêutico a fazer remédio, quando não a mostrar o caminho para o descanso por conta de tantos jogos, segundo se alega.

• Cerca de 500 profissionais de Física estão reunidos até hoje no Hotel Princesa Louçã, no Centro de Belém, no Encontro de Outono da Sociedade Brasileira de Física 2025, um dos maiores eventos do setor da América Latina. 

• A cerimônia foi aberta domingo e teve a nomeação dos membros honorários da Sociedade, os físicos e ex-presidentes da SBF Adalberto Fazzio, Belita Koiller, Celso Pinto de Melo, Marcos Pimenta, Ricardo Galvão e Elisa Saitovitch. 

• Na ocasião, a professora Belita Koiller, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi duplamente homenageada, quando recebeu o título de Associada Honorária da SBF com o Prêmio Joaquim da Costa Ribeiro, em reconhecimento à contribuição e dedicação à pesquisa e ao ensino da Física. 

• O encontro é organizado pela Sociedade Brasileira de Física desde 1987 e reúne pesquisadores seniores e jovens, além de estudantes de graduação e pós-graduação, para apresentar trabalhos, colaborar e discutir os avanços da física.

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