Escritor polêmico revela a face oculta de Lampião e define heroísmo do cangaceiro como "fake news"

Jurista e professor analisa a construção da falsa narrativa altruísta que cerca uma das figuras mais icônicas da história.

20/11/2023 17:00
Escritor polêmico revela a face oculta de Lampião e define heroísmo do cangaceiro como
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m “Da Silva: A grande fake news da esquerda”, o jurista e professor Tiago Pavinatto mergulha na história de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e traça o perfil da figura histórica definida na obra como “terrorista mercenário que extorquia os ricos e destroçou a vida dos pobres” (editora Almedina Brasil) - e revela uma perspectiva sem romantismos do cangaceiro mais conhecido da história brasileira.


Segundo o autor, figura de Lampião foi criada e difundida pelo comunismo brasileiro com a intenção de canalizar o cangaço para fomentar a revolução social/Fotos: Divulgação.
A obra se propõe a desconstruir a aura de heroísmo que muitas vezes é atribuída ao cangaceiro. Com base em uma pesquisa profunda de estudos nacionais e internacionais sobre Lampião, o autor traça um perfil minucioso que revela a verdadeira face deste personagem popular e o expõe como um psicopata, cujas ações atingiram níveis de crueldade e violência que vão muito além de qualquer interpretação idealizada.
 

Por meio de análises minuciosas e documentadas, Pavinatto, que não é alheio à polêmica, expõe as ações de Lampião e sua quadrilha demonstrando a amplitude das atrocidades cometidas. Os relatos de crimes vão desde roubos a estupros, assassinatos e extorsões, atividades que desmantelam as narrativas idealizadas de um líder justiceiro que supostamente roubava dos ricos para dar aos pobres


O contexto da obra

 

A obra contextualiza as relações de Virgulino com as forças políticas da época, mostrando como ele foi instrumentalizado e manipulado para atender a agendas diversas. É nesse sentido que o autor sustenta a tese de que o altruísmo de “da Silva” é uma fake news criada e difundida, a partir da década de 1920, pelo comunismo brasileiro, então capitaneado por Luís Carlos Prestes, com a intenção de canalizar o cangaço para fomentar a revolução social.

 

A transformação de Lampião em uma figura homenageada, laureada inclusive em eventos grandiosos como o carnaval carioca, também é discutida por Pavinatto. Ao rebater essa reverência, ele lança luz sobre a distorção histórica que coloca um indivíduo associado a crimes brutais no centro de celebrações populares e chama atenção para o descaso com o sofrimento e a memória das vítimas desse algoz e seu bando.

 

O livro é um convite à reflexão sobre a construção da memória histórica. O autor desafia o leitor a se confrontar com a verdadeira face de um personagem que se tornou um mito, mostrando como a narrativa do heroísmo pode ser distorcida em nome de interesses políticos. Ao apresentar uma análise detalhada e fundamentada dos crimes de Lampião, o autor questiona as narrativas hegemônicas e incita a busca por uma compreensão mais profunda dos eventos e personagens que moldam o Brasil.

 

Quem é o autor 

Tiago Pavinatto é graduado, pós-graduado, Mestre e Doutor pela Faculdade de Direito da USP do Largo São Francisco, onde prepara sua Livre-Docência. Professor, advogado, palestrante, jornalista, filósofo conservador heterodoxo e polêmico pensador político, é autor de diversos títulos publicados pelo Grupo Almedina. Tornou-se uma das maiores audiências da TV brasileira como apresentador do talk show diário sobre política e como integrante do elenco fixo de comentaristas de outro programa diário na Jovem Pan News, de onde foi demitido.

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