São Paulo (SP) - O empresário Abílio Diniz faleceu neste domingo, 18, em consequência de insuficiência respiratória. Ele estava internado há três semanas no Hospital Albert Einstein com pneumonia. O empresário viajou em janeiro para Aspen, no Colorado (EUA), enquanto se recuperava de duas cirurgias no joelho. Ele se sentiu mal e voltou às pressas para o Brasil.
A informação de seu falecimento veio da assessoria de imprensa, na qual a família lembra que o empresário deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos, "e irá ao encontro do seu filho João Paulo", falecido em 2022. Ainda não há informações sobre velório e enterro.
Trajetória
Abilio Diniz sempre teve muito gosto por competir. Para muitos que o conheceram, ele era mais que isso, era muito mais que competitivo: era obsessivo. Abilio já era um empresário conhecido na década de 60 quando passou a ser um dos principais pilotos dos tempos românticos do automobilismo brasileiro. Ganhou várias provas com um Alfa Romeo vermelho. Em 1971, foi vice-campeão brasileiro de automobilismo e eleito o Homem de Vendas do ano. Deixou o automobilismo, mas nunca deixou de competir, nos esportes e nos negócios.
Sua carreira de empresário começou em 1959. Abilio, o mais velho dos 6 filhos do português Valentim dos Santos Diniz e sua mulher Floripes, abriu com seu pai o primeiro supermercado Pão de Açúcar no Paraíso, em São Paulo, bairro onde passou a infância. Era na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, ao lado da Doceria Pão de Açúcar, que o português Valentim abrira em 1948. Valentim tinha chegado ao Brasil em 1929 e Abilio nascera em 28 de dezembro de 1936.
Em 1981 foi criada a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD). É neste ano que finalmente se une ao coro dos que pediam a abertura da economia. Quatro anos depois chegaria a estar numa lista de possíveis ministros do primeiro governo civil após a queda da ditadura, o de José Sarney. Logo depois sofreu com o congelamento de preços determinado durante o Plano Cruzado. As prateleiras dos supermercados ficavam vazias, Diniz chegou a ser indiciado, acusado de sonegar mercadorias. Numa entrevista, ironizou: "Fui de (possível) ministro a inimigo público número 1.
Em 1999, fechou um grande acordo com o gigantesco grupo francês Casino, rival do Carrefour, que chegara ao Brasil em 1975 e se tornara seu principal competidor. Com dinheiro em caixa, comprou o grupo Sendas e o Sé. Em 2002 assumiu a presidência do Conselho de Administração e seu pai tornou-se presidente honorário. Significava que a partir daí o Pão de Açúcar passaria a ter executivos no comando da operação. Em 2005 foi criada uma nova holding, a Vieri Participações, dividindo a sociedade em 50% para a família Diniz e 50% para o grupo Casino.
Com o Grupo Pão de Açúcar capitalizado, Abilio liderou a compra do Ponto Frio em 2009 e, meses depois, anunciou uma joint venture com a Casas Bahia, dando origem à Via Varejo. Estava criado o maior grupo de distribuição da América Latina (o negócio seria em seguida contestado pela família Klein, da Casas Bahia, que reclamou da valoração da empresa). Seu pai, Valentim dos Santos Diniz, tinha morrido em 2008.
Em julho de 2022, porém, o empresário sofreu um grande abalo. Seu filho João Paulo Diniz morreu, aos 58 anos, vítima de um infarto fulminante. "Ontem a vida me deu o golpe mais duro que eu poderia receber e eu estou completamente sem chão. A dor que eu sinto é inexplicável. Meu filho João Paulo me deixou aos 58 anos, invertendo a lei natural da vida", escreveu Abilio nas redes sociais. "Filho, peço a Deus que te receba com muita luz e dê forças para toda a nossa família enfrentar este momento tão triste e doloroso. João, eu te amo muito, meu filho, e sempre te amarei profundamente. Obrigado pelos 58 anos que você passou comigo, sendo meu grande companheiro.”
Abilio deixa a mulher, Geyze, e 5 filhos: Ana Maria, Adriana e Pedro Paulo, do primeiro casamento, com Maria Auriluce Falleiros, e Rafaela e Miguel, do segundo casamento.
(Foto: Divulgação Redes Sociais)
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