epois da festa de aniversário de Ananindeua, no último dia 3, o prefeito Daniel Santos, do PSB, começou outra festança, que já dura dez dias: a das demissões de servidores comissionados indicados por ex-aliados, seguida da criação de novos cargos, dia sim, outro também.
Além de uma autarquia própria para
“ensinar” os colaboradores, sob a justificativa de governança pública, o
prefeito fechou a primeira semana útil do mês com a criação da Secretaria de
Lazer e Turismo e de uma Secretaria Extraordinária de Enfrentamento às Mudança
Climáticas. Bem, nesse caso, não se sabe exatamente as atribuições da pasta,
além do óbvio, mas, depois da COP, ninguém poderá dizer que o Dr. Daniel não
tentou.
No campo das mexidas de tabuleiro, na
noite desta segunda-feira, 13, o prefeito soltou sua nova lista. Nela consta
que Daniel Santos dispensou o coronel Thalles Belo, que estava como interino da
Secretaria de Segurança e Defesa Social, e nomeou Renata Natividade para
comandar a pasta.
Renata foi candidata a vereadora de
Ananindeua e teve 1.409 votos pelo PSD. Thalles permanece como titular na
Secretaria de Transporte e Trânsito, onde, na verdade, pelo que se diz, atua
muito mais como segurança particular da primeira-dama do município, a deputada
federal Alessandra Haber.
O prefeito também exonerou a
Inspetora-Geral da Guarda, subinspetora Renata Risuenho, e nomeou em seu lugar
o subinspetor Francisco Maia. Em grupos de mensagens, o pânico está instalado,
com muita gente reagindo ao prefeito e outros pedindo “calma”, como foi o caso
da vereadora Francy Pará, que acalmou os ânimos tentando dar naturalidade ao
pedido.
Em outro ponto, o atual presidente do
Republicanos em Ananindeua, Arlindo Silva, estava, até então, no comando da
pasta de Segurança, mas foi nomeado na semana passada secretário de
Administração, dando ‘um chega pra lá’ no ex-secretário Thiago Matos, que
retorna de vez para a Secretaria de Gestão Fazendária de Ananindeua, agora como
titular da pasta. Arlindo Silva foi vereador e titular da Seel no início da
gestão do governador Helder Barbalho.
Distribuição de cargos
Não bastassem as duas secretarias
novinhas e a dita autarquia para chamar de suas, Daniel Santos também
sancionou, na última sexta-feira, 10, uma lei criando dez cargos aleatórios
para o município com o pomposo nome de “agente político”, com salários de R$
10.322,66.
Desse total de cargos, oito foram
distribuídos nos postos de secretários-adjuntos nas secretarias de Governo, de
Cultura, da Mulher, de Transporte e Trânsito, de Habitação, de Saneamento e
Infraestrutura, de Segurança e Defesa Social e a de Serviços Urbanos.
Os outros dois cargos são de
ouvidor-adjunto na Ouvidoria Geral e de vice-presidente do Instituto de
Previdência dos Servidores de Ananindeua. De quebra, o prefeito aproveitou o
pacote e decretou a mudança de nome da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude
(Selj) para Secretaria do Esporte (Semes).
“Pelo menos tentei”
Segundo fonte da Coluna Olavo
Dutra, no caso da Secretaria de Enfrentamento às Mudanças Climáticas, será
uma forma de tirar uma lasquinha da COP30, ainda que o assunto fique restrito
ao quadrado de Ananindeua. “Belém vai receber daqui a dez meses o maior evento
climático do mundo, sob a batuta do governador Helder Barbalho, hoje o maior
rival eleitoral de Daniel Santos, que ainda por cima declarou publicamente seu
apoio ao delegado Eder Mauro nas recentes eleições municipais. Sem a vitória do
delegado, sabe qual espaço que o prefeito de Ananindeua terá na COP30? nenhum”,
diz a fonte.
Ação entre amigos
Outro viés das nomeações do prefeito
Daniel Santos está voltado para agasalhar aliados que sobraram no campo da
política. O primeiro é Rui Begot, ex-presidente da Câmara, nomeado assessor
especial da Secretaria de Saneamento do município e, na sequência, pelo Decreto
2.550, de 9 de janeiro, foi designado para o cargo de secretário da pasta.
Um dia antes, em 8 de janeiro, o
prefeito revogou a exoneração de Ledyane Atayde, mulher de seu atual
vice-prefeito, Hugo Atayde, do PSB. Ledyane reassumiu, assim, seu cargo na
direção da Casa da Mulher Brasileira de Ananindeua, após ser inserida apenas
por ato “proforma” na lista de exoneração em massa de servidores comissionados
da prefeitura, na qual o prefeito demitiu mais de mil pessoas indicadas por
ex-aliados políticos em cargos comissionados.
Artimanhas da política
Ano passado, após a ruptura oficial,
no mês de abril, com o governador Helder Barbalho, o prefeito Daniel Santos
perdeu os cargos comissionados que tinha na Companhia de Portos e Hidrovias,
lotados no Terminal Hidroviário de Belém, que até hoje, por sinal, não teve sua
reestruturação de pessoal.
O último nome que restava foi
demitido na semana passada. Trata-se da cirurgiã dentista Alessandra Amaral,
exonerada no último dia 9 do cargo de secretária-adjunta de Articulação e
Cidadania do governo estadual. A exoneração se deu pelos fortes registros de
apoio à campanha do prefeito Daniel. No lugar de Alessandra assumiu o
ex-vereador de Ananindeua Alex Melul, agora, ao que tudo indica, novo ex-aliado
do prefeito.
No revide da pesada artilharia do
jogo político, Daniel se arma como pode. Recentemente, conseguiu desarticular a
participação do vereador Neto D’ippolito, do PV, que, no apagar das luzes da
eleição para a Câmara, retirou seu nome da chama de Pamela Wayne,
inviabilizando a chapa. Se foi traição, como todos dizem, trata-se de um ‘golpe
de mestre’ do prefeito, que garantiu vitória do seu candidato Vanderray Silva
em chapa única.
Traição ou diplomacia?
Detalhe: Vanderray já foi um dos
soldados mais fiéis do deputado Erick Monteiro, agora dissidente do grupo do
prefeito que, em nova mexida de peça, trouxe para o seu lado outro antigo
aliado de Erick, o ex-vereador de Ananindeua, Orlando Paulino, nomeado pelo
prefeito secretário de Gestão de Governo. Conhecido popularmente como ‘Pará’,
Paulino foi vereador em Capitão Poço, cidade natal de Erick Monteiro.
Papo Reto
· Perguntar não ofende: quem
são os deputados federais Eunício Oliveira e Yury do Paredão na fila do pão?
Além de um fato ali, outro acolá, sabe-se que ambos são do MDB do Ceará.
· A questão é que pela dinheirama
que gastaram com publicidade em 2024, deveriam ser mais conhecidos no Brasil do
que o deputado estadual Bob Fllay (foto) no Pará.
· O do Paredão torrou R$ 458
mil oriundos da chamada cota parlamentar na divulgação de atividades; Eunício
foi mais longe, gastando R$ 465,9 mil. A soma dos fatores é igual a “isso é que
é Brasil”.
· O que se diz que o Clube do
Remo vendeu o direito de exploração de estacionamento em dias de jogo no
Mangueirão e em sua sede social por R$ 1 milhão para a ‘mais famosa’ empresa do
ramo no Pará.
· Urge que o Detran venha a
público explicar ao distinto público as “notificações de autuações”, multas
emitidas contra proprietários de veículos sob a alegação de “condução sem o
devido licenciamento”.
· Nada contra a sanha
arrecadadora, mas o Detran não está entregando o que vende. No caso dessas
notificações, têm sido enviadas aos montes a proprietários de veículos
licenciados. Explique-se se for capaz.
· Quanto mais perto do poder,
melhor. Pela primeira vez, a posse da nova diretoria da OAB será no Tribunal de
Justiça do Estado, o que - diz que - está preocupando alguns advogados.
Relaxem. Tudo sob controle.
· Os Correios vão fechar 38
unidades das agências conhecidas como Correios Empresa, além de reduzir o
tamanho de outras 19 das 49 que continuarão ativas.
· Teto do seguro-desemprego vai a
R$ 2.424,11 e, para solicitar o benefício, o trabalhador precisa estar sem
vínculo de trabalho e ter sido demitido sem justa causa.
· É bom se
prevenir: El Niño faz disparar o risco de seca e incêndios na Amazônia, dizem
pesquisadores que conseguiram demonstrar a relação entre o fenômeno climático e
a propensão ao fogo.