calendário eleitoral para 2024 começa a apertar neste mês de julho, que também é o mês de início das convenções partidárias e de conformação de candidaturas. Ocorre que muitas delas já se manifestaram há bastante tempo, com as chamadas pré-candidaturas, formato e período tênues de transição para a candidatura oficial, mas, ao mesmo tempo, período em que muitas ações eleitoreiras não são permitidas ou, ao menos, não deveriam, se a Justiça Eleitoral acompanhasse cada uma de suas jurisdições com a mesma eficiência com que pré-candidatos fazem as estrepolias extemporâneas à caça de simpatizantes que possam se traduzir em votos nas urnas, contrariando a legislação abertamente.
No Pará, fora os casos que sequer
vieram a público, claramente o período tem sido de muita exibição de propaganda
extemporânea, e tudo sob um aparente silêncio dos órgãos que deveriam
fiscalizar tais ações. Recentemente, uma equipe do deputado estadual Igor
Normando, do MDB, declarado como pré-candidato a prefeito de Belém, realizou
uma “ação social” em um projeto de natação que funciona na esquina da avenida Roberto
Camelier com rua dos Tambés, no bairro da Condor, e no ato colocou uma faixa
com o nome e a foto de Normando na fachada do espaço, ao lado da placa que
oferece aula de natação e hidroginástica.
Esses são serviços que, segundo a
comunidade, já são realizados há muito tempo nesse espaço. O caso, ocorrido em
25 de maio último, rendeu denúncias e reclamações de algumas pessoas nas redes
sociais, mas não se tem resposta sobre alguma dessas reclamações terem sido
enxergadas pelos fiscais da Lei Eleitoral, ao menos para - se for o caso -
declarar se tal situação configura ou não propaganda eleitoral extemporânea.
Lugar de mulher
Em outro cenário recente, no último
dia 26 de junho, o deputado federal Antônio Doido, do MDB, virou caso de
polícia em Ananindeua, após visitar, com um grupo de homens da política, a
recém inaugurada Casa da Mulher Brasileira, espaço construído para acolher
mulheres vítimas de violência.
Pela configuração do projeto e a
delicadeza dos atendimentos, há inclusive recomendação de que toda a equipe
envolvida nos atendimentos seja formada por mulheres. Em suma: é um espaço onde
homens nem deveriam entrar.
Como o deputado também é declaradamente
pré-candidato a prefeito de Ananindeua, e na ausência dos olhos da Justiça
Eleitoral, o caso foi parar em uma Delegacia de Polícia, dando nome aos
envolvidos, entre os quais a servidora Suzi Baía, de Ananindeua, denunciada por
promover e facilitar a ação que, pela forma como se deu, tratou-se não de um
ato técnico, mas meramente político, ou politiqueiro.
Cestas básicas
Semana passada, algumas carretas
fecharam o trânsito em uma das ruas do Conjunto Curuçambá, em Ananindeua, durante
metade do dia. Era uma distribuição de cestas básicas para a comunidade carente
do bairro, e gerou uma tremenda confusão. Pessoas vestindo uniforme de cor azul
e logomarca andaram se atrapalhando na operação porque as cestas, afinal, não
chegaram a quem deveriam, mas teriam sido ‘direcionadas” para grupos
selecionados previamente. Como se sabe, em períodos eleitorais, o que mais dói
no corpo humano é o bolso e as barriga e dinheiro e comida compram votos, mas
isso é questão para a Justiça Eleitoral decidir.
Apelo constrangedor
Outro que recorreu ao apelo foi o
prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues que, se não fere a Lei Eleitoral fere,
agride o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Defesa do
Consumidor. O prefeito fez inserções publicitárias que circulam nas redes
sociais protagonizadas por crianças “vendendo” as boas ações da sua gestão no
período que antecede a campanha eleitoral oficial.
Tudo isso está no vídeo que dá conta
de que “nunca antes na história de Belém” houve tamanho investimento em
reformas de escolas pela prefeitura. Segundo o vídeo, apresentado por duas
crianças, foram reformadas 73 escolas em Belém, com o investimento de R$ 120
milhões, o que dá o valor de R$ 1,6 milhões por cada escola reformada.
O singelo vídeo foi divulgado
amplamente nas redes da prefeitura e de seus seguidores, entre os quais o
próprio chefe de Gabinete da Prefeitura de Belém, Aldenor Júnior.
Caso repreendido
Um caso parecido no Distrito Federal
durante a campanha de 2022 causou reação no Ministério Público, que determinou
a abertura de investigação sobre a autoria do vídeo que fez uso indevido da
imagem de crianças, expondo-as a conteúdo impróprio para a idade e grau de
maturidade. Neste caso, o material foi utilizado para atacar o então candidato
Jair Bolsonaro durante a campanha do segundo turno das eleições para
Presidência da República.
No vídeo que circulou em redes
sociais, particularmente em grupos de apoiadores do candidato derrotado
Fernando Haddad, crianças repetiam frases de conteúdo apelativo proferidas no
passado por Jair Bolsonaro que, além do MP, causou também o repúdio da
Sociedade Brasileira de Pediatria, que reagiu de imediato condenando o uso de
crianças em tal contexto, no qual a entidade garante que são incompatíveis
idade e graus de desenvolvimento intelectual e cognitivo.
Na Sala de Justiça...
Já o Tribunal Regional Eleitoral do
Pará, tanto nos casos citados de propaganda extemporânea quanto sobre o vídeo
em que a Prefeitura de Belém usa crianças na propaganda governamental,
apontados pela Coluna Olavo Dutra que, com o apontamento,
entendeu que seria mais fácil o TRE identificar os casos, a Corte informou que
“não pode prestar informações que tenham relação direta ou indireta com fatos
ou circunstâncias concretas”. Pela resposta, e pelo andar da carruagem, o
candidato que possuir um bom departamento jurídico nessas eleições trate de
fiscalizar “seu coleguinha”.
A íntegra da nota
“O Tribunal Regional Eleitoral do
Pará (TRE do Pará) esclarece que não pode prestar informações que tenham
relação direta ou indireta com fatos ou circunstâncias concretas, uma vez que
estes podem ensejar ações ou medidas sobre as quais a Justiça Eleitoral tenha
que decidir posteriormente. Além disso, como órgão do Poder Judiciário, o TRE
do Pará só pode se pronunciar quando um caso concreto é trazido à sua
apreciação por um dos interessados”.
Papo Reto
· O deputado federal Joaquim
Passarinho (foto) iniciou a montagem de um ‘Plano B’ caso o presidente nacional da
sigla, Valdemar Costa Neto, não resolva sua situação.
· O parlamentar tem fortalecido
e lançado candidatos pelo Avante, em todo o Pará, com lançamento ou apoio a
mais de 100 deles, dizem.
· Caso tenha que sair do PL,
Passarinho não ficará sem base. Caso permaneça, terá base suficiente para alçar
voos mais altos - mas isso é história para se tratar mais adiante.
· Uma conhecida autoridade de
contas do Estado foi vista ontem, em Bragança, no nordeste do Pará. Entre uma
visita e outra, abraços, tapinha nas costas e largos sorrisos
· O futuro sustentável é o que a
SBPC começa a debater hoje, na UFPA, em Belém, com prioridade para as mudanças
climáticas e a necessidade de redução do processo de aquecimento global.
· Abaixo do mestre Telê Santana,
com duas ou três exceções, todos os técnicos que passaram pelo comando da
Seleção Brasileira conseguiram tornar o todo pior do que as partes.
· Os últimos exemplos são Dorival
Júnior e Fernando Diniz. A eles coube consolidar a noção de que o Brasil não
tem técnico senão para consumo interno.
· Aviso aos navegantes: R$ 8,4
bilhões seguem "esquecidos" em contas bancárias de brasileiros,
enquanto as tentativas de golpe se multiplicam.
· O Banco Central, aliás, chama
atenção para a ação de estelionatários que prometem fazer a intermediação para
resgate desses valores, que na verdade não tem ônus.
· Com
recorde no primeiro semestre, as exportações brasileiras bateram US$ 167,6
bilhões, diz a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
· Com essa marca, o superávit
comercial rompeu a casa dos US$ 42,3 bilhões até junho, com destaque para o
setor da indústria extrativa, que registrou aumento de 15,3% em relação a junho
do ano passado.