Desde sábado, o empresário sul-africano
Elon Musk tem utilizado a sua rede social, o X (antigo Twitter), para tecer
críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes,
após a exigência da suspensão de alguns perfis na rede. Após comentários
afirmando que o ministro deveria "renunciar ou sofrer um impeachment"
e pedir um "debate aberto" sobre o assunto, em sua última publicação
na noite da segunda-feira, 8, Musk se referiu a Moraes como "ditador do
Brasil" e afirmou que o juiz do Supremo possui "Lula na coleira"
O embate começou no sábado, 6, após o STF exigir a suspensão de contas na
plataforma do bilionário. Em resposta a uma publicação de Moraes, Musk sugeriu
que os bloqueios de perfis de investigados por atos antidemocráticos eram
"censura" e sugeriu que não mais cumpriria determinações judiciais do
gênero, pois "princípios são mais importantes do que o lucro".
No dia seguinte, o sul-africano afirmou que mostraria como as solicitações
"violam a legislação brasileira". Também no domingo, o dono do X
passou a compartilhar com seus seguidores na rede social sugestões para o uso
de VPNs, um método de conexão com a internet que pode burlar o bloqueio de contas
restritas por ordem da Justiça.
Durante a segunda-feira, Elon Musk compartilhou publicação de políticos
brasileiros como o deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) que criticavam
Moraes.
Mais cedo na segunda, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, divulgou uma
nota institucional com críticas ao que chama de "instrumentalização
criminosa das redes sociais".
Segundo ele, toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à
Constituição Federal.
"Decisões judiciais podem ser objeto de recursos, mas jamais de
descumprimento deliberado", disse o presidente do Supremo. "Essa é
uma regra mundial do Estado de Direito e que faremos prevalecer no
Brasil", ressaltou Barroso.
Além da declaração pública do presidente da Corte, Musk já é formalmente alvo de
investigação do Supremo. O empresário foi incluído no inquérito das milícias
digitais, que é relatado por Moraes.
Segundo o relator, o proprietário do X "iniciou uma campanha de
desinformação sobre a atuação" do STF e do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), "instigando a desobediência e obstrução à Justiça, inclusive, em
relação a organizações criminosas ordens emanadas da Justiça brasileira
relacionadas ao bloqueio de perfis criminosos e que espalham notícias
fraudulentas, em investigação nesta Suprema Corte".
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução