Eleição na Ufra tem três candidatas em disputa alinhadas à direita, ao centro e à esquerda

Campanha nem começou, mas sobram denúncias de supostas irregularidades, envolvendo inclusive a Comissão Eleitoral.

26/02/2025, 11:00
Eleição na Ufra tem três candidatas em disputa alinhadas à direita, ao centro e à esquerda
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eleição para a Reitoria da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), em 9 de maio deste ano, promete de tudo, menos que não haverá muita confusão, nos moldes da última eleição, em 2021. E tal qual naquele pleito, possivelmente, três mulheres estarão nesta disputa. 

Herdjania Veras já se desincompatibilizou para tentar manter o cargo contra Eldilene Barbosa, “amiga do PT”, e Gracialda Ferreira, filha de Ribeirinhos/Fotos: Divulgação.
Em 2021, Herdjania Veras de Lima, Janae Gonçalves e Ruth Helena Cristo Almeida disputaram a Reitoria. Janae foi a mais votada, mas quem acabou nomeada ao cargo foi Herdjania, por obra e graça do ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL. Este ano, a combatida e muito criticada Herdjania já se desincompatibilizou para tentar a reeleição.  

Herdjania estará na disputa com Eldilene Barbosa, que se diz muito próxima do PT, amiga do senador paraense Beto Faro e até do presidente Lula. Além delas, concorrerá Gracialda Ferreira, filha de ribeirinhos, proveniente da educação pública e atual diretora do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade. O cenário, portanto, tem candidatas de direita, de esquerda e de centro, respectivamente. Mas isso é apenas o começo, pois as denúncias começam a pipocar.   

Mal comparando

Quando se diz que a eleição para reitor na Universidade do Estado vai ser “calorosa”, fonte da coluna nem pestaneja: “Na Ufra vai ser a pior de todas. A Uepa será fichinha perto do que vai vir na eleição na Ufra”.  

A primeira coisa que salta aos olhos é a redação do edital na resolução eleitoral: “A presente Resolução estabelece normas para a consulta à comunidade universitária sobre a escolha de candidatos(as) ao cargo de Reitor(a) para o quadriênio 2025- 2029, com a participação dos servidores integrantes dos quadros docente, técnico-administrativo e discente da Instituição, nos termos do presente instrumento”.  

A redação está equivocada. A consulta não elege reitor e vice-reitor; elege uma lista tríplice que será submetida ao presidente da República, que escolhe os nomes, geralmente os mais votados. 

Fora da consulta

De uma fonte da Coluna Olavo Dutra: “Na Ufra, as ilegalidades não têm fim. Na resolução das eleições, a Reitoria desrespeita o próprio estatuto e regimento e exclui os professores cedidos do direito ao voto”.  A fonte se refere ao que decidiu o ato do Conselho Universitário do dia 13 deste mês, segundo o qual, na resolução das eleições a reitoria teria desrespeitado o próprio estatuto e o regimento e excluído os professores cedidos do direito ao voto na eleição. Essa mesma resolução aprovou o Edital Eleitoral para consulta pública para o mandato 2025-2029. 

No artigo 9º, que trata dos que não estarão aptos a exercer o voto estão, entre outros, aposentados e pensionistas, servidores de outros órgãos e entidades cedidos à Ufra, e os servidores da Ufra à disposição de outros órgãos ou entidades.  

Passeando em Belém

Outro detalhe que chama atenção na resolução, parágrafo segundo, artigo 27: “Os servidores votantes das fazendas escola de Castanhal e Igarapé Açu, vinculados aos Institutos, votarão no campus de Belém. Para isso será responsabilidade da Ufra a disponibilidade de transporte ida-volta em horário determinado no dia da consulta e alimentação, no restaurante universitário”.  

A pergunta que fica é se neste dia de eleição as fazendas vão parar de funcionar por conta da vinda a Belém para os servidores apenas votarem? Não seria mais econômico disponibilizar urnas eletrônicas nas fazendas?  

Na própria resolução diz que a votação será realizada através da utilização de urnas eletrônicas e exclusivamente através do sistema Votanet para discentes matriculados em cursos fora da sede, obedecendo à data e horário informados. Após encerramento da votação, o TRE enviará os resultados para a comissão eleitoral. Por que não se faz da mesma forma com os servidores nas duas fazendas?  

Mais confusão

A professora Eldilene Barbosa, amiga do senador Beto Faro, por seu lado, publicou uma série de posts nas redes sociais nos quais nem faz rodeios e afirma que o edital de eleições na Universidade precisa ser anulado. Ela diz que os membros do Conselho Universitário foram nomeados, quando deveriam ter sido, obrigatoriamente, eleitos para mandatos de dois anos e que não houve convocação pública para esse fim.  

Ela também fala que o edital prevê que a Comissão Eleitoral irá coordenar a campanha eleitoral, o que é ilegal, segundo a professora, porque à Comissão cabe apenas fiscalizar as campanhas. Ela fala também sobre a forma como a Comissão tenta impor limites sobre os materiais que podem ser usados ou não nas campanhas, e diz que isso se constitui “uma forma de cerceamento da liberdade de expressão”.  

A professora levanta outros pontos, mas como é futura candidata - as candidaturas só serão homologadas em 15 de abril - a coluna se restringe apenas aos pontos mais polêmicos e abrangentes das questões que apontou.   

Papo Reto

·O governador Helder Barbalho (foto), que recentemente recuou de decisão ante a pressão indígena na Educação, acaba de ceder à pressão do agro.

· A meia volta desta vez ocorreu na proposta de contribuição sobre exportação agrícola, que entraria em vigor em março.

·Helder “desaprovou” o projeto aprovado pela Assembleia Legislativa e já sancionado por ele.

·A União dos Centros Acadêmicos da Ufra denunciou a situação precária do transporte interno na faculdade, conhecido como “bagé”.

·Já houve registros de alunos que se machucaram por conta da porta do ônibus, que está quebrada. A entidade afirma que a circulação do veículo não é somente de descaso, mas também um ataque à segurança. 

·Relatório divulgado pela BioCatch, empresa especializada na detecção de fraudes digitais e crimes financeiros, mostrou que, em 2024, foram relatadas quase 2 milhões de contas vinculadas à lavagem de dinheiro.

·Esses registros vieram de 257 instituições financeiras de 21 países, espalhados por cinco continentes.

·No contexto brasileiro, o relatório indica que o País está explorando opções para que os bancos compartilhem dados como estratégia para combater contas de laranjas.

·O Relatório Global de Crimes Financeiros 2024 da NASDAQ mostrou que os fundos ilícitos movimentaram cerca de US$ 3,1 trilhões no sistema financeiro global, só no ano passado. 

·Já não são apenas os oficiais do "baixo clero" da Marinha do Brasil que entraram no modo 'debandada geral'.

·Oficiais intermediários - os capitães -, que inclusive já passaram por pelo menos três degraus na carreira, também passaram a pedir "baixa" ante às péssimas perspectivas salariais e o silêncio sepulcral do comandante geral da Força, Almirante de Esquadra Marcos Olsen.

·Uma dieta adorada por influenciadores digitais e celebridades, a dieta carnívora, pode desencadear uma doença renal grave, alertaram médicos dos EUA. 



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