Do transporte verde ao caos nas ruas, patinetes elétricos desafiam ordem pública em Belém

Empresa responsável pelos equipamentos considera que casos de mau uso são episódicos, mas Prefeitura de Belém anuncia fiscalização intensiva e identificação dos responsáveis

17/08/2025, 08:00

Introduzidos em Belém como transporte alternativo ambientalmente correto, patinetes têm causado problemas de toda ordem na cidade/Fotos: Divulgação.


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ão se pode negar que os patinetes elétricos estão “causando” em Belém - e não apenas no sentido positivo. Embora sejam apresentados como uma proposta de transporte alternativo e ambientalmente responsável, alinhada às diretrizes que serão debatidas na COP30, o uso desenfreado e muitas vezes irresponsável tem exposto uma série de problemas que vão muito além da mobilidade urbana. 

Nos últimos dias, cenas bizarras e preocupantes viralizaram nas redes sociais, revelando como parte da população tem ignorado completamente as regras de uso dos patinetes. Há registros de tráfego na contramão, circulação em locais proibidos, atropelamentos, veículos largados em áreas indevidas - e até jogados em canais. Em alguns casos, os patinetes são usados para transportar passageiros - o que é proibido - e até botijões de gás, colocando em risco a segurança pública. 

Mais grave ainda são os episódios que envolvem infrações legais. Patinetes sendo vendidos ilegalmente, com placas de “vende-se”, circulam nas redes. Um caso emblemático ocorreu no bairro Terra Firme, onde um usuário de drogas foi flagrado tentando vender um dos veículos para um ferro-velho na avenida Perimetral. A ação rápida da polícia impediu que o equipamento fosse perdido, mas o episódio escancara a fragilidade do controle sobre esses veículos. 

Apesar da repercussão negativa, a demanda pelo serviço continua crescendo. Muitos veem nos patinetes uma alternativa mais barata aos aplicativos de transporte. A estudante Eliana Souza, por exemplo, afirma que usa o patinete para ir à universidade: “É bem mais em conta que os transportes por aplicativo tradicionais, o que ajuda a economizar”. 

Não poluem, tumultuam

Do ponto de vista ambiental, o transporte é de fato uma alternativa interessante. “Como são elétricos, não poluem o meio ambiente. Eu fico mais confortável em saber que estou fazendo a minha parte para preservação do meio ambiente. Por mais iniciativas como esta que democratizam a mobilidade e se preocupem com a não emissão de poluentes”, opina o educador físico André Silveira. 

A oferta dos patinetes elétricos em Belém é fruto de uma parceria entre a prefeitura e a empresa JetBrasil, com o objetivo de modernizar a mobilidade urbana. O projeto-piloto disponibilizou 600 patinetes para locação, dos quais 10% são reservados para uso gratuito da prefeitura, destinados aos agentes de mobilidade urbana e ordem pública.  

Sobre os flagrantes de mau uso, a empresa JetBrasil afirmou em nota que os casos são pontuais e reforçou que o descumprimento das regras pode levar à suspensão do acesso por meio de um sistema de pontuação. A empresa destacou ainda que a experiência em Belém tem sido positiva, com colaboração da população e da prefeitura.  A empresa informou ainda que a demanda pelos novos patinetes tem sido alta e que pretende ampliar o serviço.

Fiscalização ampliada

Em postagem recente nas redes sociais, o prefeito de Belém, Igor Normando, anunciou que o Batalhão de Ordem Pública da Guarda Municipal intensificará a fiscalização do uso dos patinetes. Ele também alertou que todos os equipamentos são monitorados, e que quem desrespeitar as regras será identificado.


Papo Reto

·O Portal da Transparência entrega o problema e mostra que a Prefeitura de Belém parece ter muita dificuldade para contratar uma OS para administrar o Mercado de São Brás, após romper o contrato com a OS Amazônia Azul, de Paulo Uchôa (foto).

·O novo edital foi publicado em 26 de junho, e a prefeitura tentou realizar a escolha em 3 de julho, mas a licitação foi suspensa. 

·A última data seria 11 de agosto, mas não existe uma única notícia sobre o resultado. Aviso: a COP30 se aproxima cada vez mais. 

·A notícia de que pratos e ingredientes típicos do Pará seriam vetados do cardápio da COP30 não resistiu à grita geral. O edital será republicado pela tal Organização dos Estados Ibero-americanos.

·Considerado a grande surpresa nas eleições para escolha de candidatos ao quinto constitucional da OAB, o advogado Cesar Ramos garante que não gastou R$ 30 mil na campanha.

·Sabe-se que, para chegar ao podium, teve candidato que torrou R$ 3 milhões ou mais, em claro abuso de poder econômico.   

·Aliás, institucionalmente, não se está vendo nenhuma atividade na OAB. O Tribunal de Ética está paralisado, por exemplo, da mesma forma que a ESA e demais comissões. O que está acontecendo, ninguém diz.

·O que se diz é que a prestação de contas da entidade deveria ser publicada trimestralmente, mas, até agora, passados dois trimestres e caminhando por terceiro, não existe nada no Portal da Transparência da entidade. 

·O Tribunal de Justiça do Pará promove amanhã e terça-feira o Seminário Judiciário na COP30: Caminhos para Justiça Climática. 

·O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, e o ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça, participam da programação, prevista para a Estação das Docas.

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