elo visto, o universo segue conspirando contra a Universidade Federal Rural da Amazônia, em Belém. Desde 2022, quando assumiu, a Reitoria tropeça em questões internas e externas, como é o caso da eleição para escolha de novos dirigentes, este ano. Agora mesmo, em meio à disputa, ninguém mais do que a Polícia Federal “baixou” no campus e já não se pode prever o amanhã.
Ocorre que a candidata de oposição, professora Eldilene Barbosa, está armada para a guerra e se apresenta como “amiga do PT e seus caciques”. Denúncia recebida pela Coluna Olavo Dutra confirma os fatos: se há quatro anos aconteceu a suposta guinada à direita, este ano, a esquerda se mostra mais próxima do que nunca do controle da Universidade.
Segundo a denúncia, Eldilene Barbosa é candidata à Reitoria com apoio do senador Beto Faro, do PT, que estaria articulando nos bastidores uma intervenção federal na Ufra. Eldilene, como é sabido, conseguiu uma liminar paralisando a consulta prévia à Reitoria, em 27 de maio passado. “Como Eldilene não tem votos, mesmo porque a eleição está sub judice, corre em busca de apoio político, tentando a intervenção com argumentos que não se sustentam”, avalia fonte da coluna.
Nota de repúdio
As tentativas de Eldilene de se associar ao PT se valem, inclusive, de fotos ao lado do presidente Lula todas as vezes em que ele veio a Belém, recentemente. Quem observa de perto as ações de judicialização e as de Eldilene é a Associação dos Docentes da Universidade, que publicou uma “nota de repúdio contra a tentativa de intervenção federal na Universidade”.
“A Associação vem a público manifestar seu veemente repúdio à tentativa de intervenção federal na Ufra, ato que representa grave atentado à autonomia universitária e aos princípios democráticos que regem o ensino superior público brasileiro”, diz a nota. Segundo o documento, a associação tem acompanhado “com crescente preocupação” uma série de manobras jurídicas e administrativas que culminaram na atual situação de instabilidade institucional, como decisões judiciais que demonstram “clara falta de compreensão da dinâmica universitária”, por induzir ao erro, em razão do empregar uma ‘guerra jurídica’ “que criou exigências impossíveis de serem cumpridas e que gera insegurança jurídica institucional”.
Sem defesa
A nota afirma que “A Ufra não teve oportunidade de exercer adequadamente sua defesa, sendo surpreendida por decisões que impactam diretamente sua autonomia sem o devido processo legal”. “A autonomia universitária, consagrada no artigo 207 da Constituição Federal, está sendo frontalmente atacada por meio de interferência indevida nos processos eleitorais internos; da imposição de critérios externos incompatíveis com a legislação de regência; pelo desrespeito aos órgãos colegiados democraticamente constituídos; e a tentativa de controle externo sobre decisões administrativas internas”.
Conforme a nota, “esta tentativa de intervenção ocorre em um contexto nacional de sistemáticos ataques às universidades públicas, caracterizado por cortes orçamentários sucessivos; tentativas de deslegitimação da produção científica; ataques à liberdade de cátedra e pensamento crítico; e instrumentalização política das instituições de ensino superior”.
Problemas sérios
A nota também afirma que uma eventual intervenção federal na Ufra acarretará à comunidade acadêmica a quebra da normalidade das atividades acadêmicas; um clima de insegurança entre docentes, técnicos e estudantes; o comprometimento dos projetos em andamento e a perda de credibilidade institucional.
Já para a Região Amazônica, os danos podem se configurar em interrupção de pesquisas fundamentais para a região e prejuízo aos programas de pós-graduação. A nota também destaca que em termos de democracia, uma intervenção pode abrir um precedente muito perigoso para outras universidades, promover o enfraquecimento das instituições democráticas e é um retrocesso civilizatório.
Ela “tem a força”?
Desde outubro do ano passado, Eldilene usa suas armas no perfil do Instagram: fotos e mais fotos ao lado do alto clero do PT, mas, como não é boba nem nada, vez por outra com integrantes do MDB, incluindo membros da família do governador e até com o ministro Celso Sabino, do União Brasil. Ou seja: “mostra que transita” na alta roda política.
Se este é o “lado bom da força”, só os eleitores da Universidade dirão.
Papo Reto
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