mais recente movimentação no xadrez eleitoral do Pará acendeu alertas no núcleo político do governador Helder Barbalho. Com a confirmação, via coluna de Lauro Jardim, da pré-candidatura de Celso Sabino ao Senado pela federação União Progressista - União Brasil + PP -, instala-se um impasse estratégico: como acomodar interesses do MDB, da base estadual e da própria sobrevivência política em Brasília sem rachar o tabuleiro?

Nos bastidores, aliados do governador já vinham defendendo há algum tempo que o “melhor dos mundos” seria Sabino ocupar a segunda vaga ao Senado na chapa governista.
Argumentos coerentesO argumento não é novo: a presença do atual ministro do Turismo na disputa poderia atrair votos de centro e centro-direita, ampliando a competitividade da candidatura de Hana Ghassan ao governo - nome pessoal de Helder que ainda patina na terceira colocação nas pesquisas estaduais. Sabino, com apelo nacional e bom desempenho nas pesquisas, poderia funcionar como alavanca.
Agora, segundo fontes de Brasília, o MDB nacional também anda com novas preocupações nessa direção. Informações que circularam esta semana na cúpula do partido dão conta de que o presidente Lula estaria inclinado a manter Geraldo Alckmin como vice na chapa presidencial de 2026.
Banho de água fria
Esta sinalização esfria as pretensões de Helder, que alimentava expectativa de compor a chapa nacional como vice ou ao menos negociar em torno disso. A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, que também estaria em articulação pela vaga, já está com as “barbas de molho” com a possibilidade de ser dada como carta fora do baralho.
Nesse contexto, Helder acumula dilemas. O primeiro é a própria eleição ao Senado - considerada ganha, mas com adversários competitivos em campo. O segundo, mais delicado, é a definição do nome que poderá dividir com ele as duas vagas do Senado Federal na eleição de 2026. E o terceiro, e talvez o mais desafiador: garantir a vitória de sua candidata ao governo, cuja consolidação depende, entre outros fatores, de uma engenharia política que reduza riscos e aumente a capilaridade.
Sabino entra no jogo
Segundo garantiu o jornal “O Globo”, a candidatura de Celso Sabino ao Senado foi sacramentada em reunião entre os caciques da União Progressista na quinta-feira, 6. Participaram do encontro Antônio Rueda, do União Brasil; Ciro Nogueira, do PP; e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Com isso, Sabino deve deixar o Ministério do Turismo até abril de 2026, conforme a Lei Eleitoral.
Pesquisa surpreende
A decisão vem no embalo de uma pesquisa do Instituto Paraná, que mostrou o ministro como a maior surpresa entre os pré-candidatos. Com 13,4% das intenções de voto, Sabino supera nomes como Chicão Melo - 10,9% -, presidente da Assembleia Legislativa e representante direto do MDB de Helder.
Mais que os números, o desempenho de Sabino incomoda porque confirma um crescimento consolidado. Além de aparecer bem posicionado sem estar oficialmente no páreo, o ministro também se destaca como uma figura que vem somando ao governo do Estado em diversas frentes - inclusive em agendas estratégicas da COP30, turismo e infraestrutura.
Cenário exige cautela
Com um cenário tão embaralhado, o Pará promete ser mais do que um coadjuvante no roteiro das eleições de 2026. E o governador Helder Barbalho, mesmo com prestígio elevado, sabe que neste jogo nenhuma peça pode ser movida sem cálculo - e nenhum aliado, por mais próximo que seja, deve ser subestimado.
Confira os números de um dos cenários da Paraná Pesquisas (Jun/2025), com um detalhe: o levantamento não inclui todos os candidatos interessados em concorrer ao Senado Federal:
Helder Barbalho - 48,0%
Zequinha Marinho - 25,2%
Mário Couto - 20,3%
Paulo Rocha - 16,1%
Celso Sabino - 13,4%
Chicão Melo - 10,9%
Marinor Brito - 6,7%
Rogério Barra - 5,9%
Não sabe/Não opinou - 5,7%
Nenhum/Branco/Nulo - 10,0%
Fonte: Instituto Paraná Pesquisas - Junho/2025|Amostra: 1.542 eleitores no Pará.
Papo Reto
•Não bastassem os vários problemas, o prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano (foto), do Avante, encontrou mais um: a Associação dos Filhos e Amigos da Cultura Afrobrasileira, do Ilé Asé Iyá Ogunté, está em pé de guerra com ele.
•Falas consideradas discriminatórias às religiões de matriz africana atribuídas ao prefeito estarão dando o que falar.
•Na celebração do Dia Municipal do Evangélico, o prefeito afirmou que, “Se as religiões de matriz africanas precisarem do apoio da prefeitura, a Coordenação de Assuntos Religiosos está de portas abertas; um pastor irá recebê-los e dirá que Jesus salva, que Jesus cura e se importa para você não ir para o inferno!”.
•Disse mais: que o coordenador de Assuntos Religiosos, pastor Geraldo Teixeira, “um matador de demônios” e receberia seguidores de outras religiões. Santa ignorância!
•A coluna recebeu retorno da Assessoria de Comunicação do MEC sobre o evento “Turnê das Drags: Em Busca da Pior do Mundo”, que recebeu, sem licitação, R$ 79,4 mil em fundos públicos da UFPA. O evento foi tema da coluna há dois dias.
•O ministério afirma que os recursos não pertencem ao MEC, e sim à UFPA, “que possui autonomia administrativa, orçamentária e financeira, garantida pelo artigo 207 da Constituição Federal de 1988”.
•O documento também fala de ações pontuais do MEC para “recuperar o orçamento das universidades federais”.
•Entre esses esforços, a nota cita a recomposição de R$ 400 milhões no orçamento das instituições e a regularização dos recursos para custeio no ano, com volta do limite anual de orçamento em 1/12.
•Acredite: em São Paulo, as facções criminosas dominam mais de 1 mil postos de gasolina e já lucram mais com combustíveis do que com as drogas.