Uma jovem de 19 anos, com diagnóstico de autismo nível de suporte 3, teve 17 dentes extraídos durante atendimento odontológico no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém. Segundo a família, a paciente havia sido encaminhada apenas para limpeza e restauração dentária, mas o procedimento resultou em múltiplas extrações não autorizadas.
A adolescente é acompanhada há cinco anos pelo dentista Diego Gomes no CIIR, onde realiza terapias e atendimentos médicos e odontológicos. O profissional foi afastado das funções após o registro de um boletim de ocorrência na Delegacia de Proteção à Pessoa com Deficiência. A reportagem do g1 não conseguiu localizar a defesa dele.
De acordo com o relato da família, o procedimento inicialmente previsto necessitava de sedação. Durante o atendimento, a paciente foi contida fisicamente e sedada com máscara. Após isso, os responsáveis foram retirados da sala. Momentos depois, a equipe informou que havia ocorrido uma falha no equipamento de oxigênio e entregou uma guia para realização de radiografia panorâmica, mas a paciente foi liberada sem a realização do exame.
Na segunda-feira (16), data prevista para a limpeza e restauração, a equipe teria decidido realizar o procedimento mesmo sem a radiografia e sem sedação, imobilizando novamente a paciente. O que era para ser um tratamento conservador se transformou em uma intervenção de quatro horas, com a extração de 17 dentes.
"Minha mãe me ligou desesperada dizendo que tinham arrancado os dentes da minha irmã. Fui imediatamente ao CIIR, conversei com a gerente e o dentista, e eles justificaram a necessidade das extrações, sem mencionar qualquer exame prévio", afirmou a irmã da jovem, que pediu para não ser identificada.
A Polícia Civil foi acionada, e a família foi orientada a registrar a ocorrência.
O Conselho Regional de Odontologia do Pará informou, por nota, que tomou conhecimento do caso nesta terça-feira (17) e que está à disposição para apurar possíveis infrações éticas, desde que formalizadas com documentação adequada.
A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), responsável pelo CIIR, também emitiu nota afirmando que o profissional envolvido foi imediatamente afastado, e que um processo administrativo foi instaurado para apurar os fatos e responsabilizar os envolvidos. A secretaria afirmou ainda que está prestando apoio à jovem e seus familiares.
Fonte: G1
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