ouca gente notou as entrelinhas de uma das edições do Diário Oficial do Município de Ananindeua nos primeiros dias do ano. A edição 4491, de 17 de janeiro, trouxe o extrato do empréstimo tomado junto ao Banco do Brasil, de R$ 160 milhões, para suprir despesas constantes do plano plurianual e da Lei Orçamentária Anual 2025 e dos exercícios subsequentes. É dívida para este e para os próximos nove anos, já que o valor será pago em 108 prestações mensais, sucessivas e iguais, a partir do ano que vem.
A denúncia foi feita na semana passada pelo ex-vereador de Ananindeua Osmar Nascimento. Além do Anita Gerosa, ele denunciou que o fim da prestação de serviços pelos hospitais Camilo Salgado e Hospital das Clínicas de Ananindeua beneficiam diretamente o Hospital Santa Maria, dirigido oficialmente por Elton dos Anjos Brandão e que, segundo o Ministério Público Estadual, tem como sócio o prefeito Daniel Santos, do PSB.
Outro lado do balcão
Agora na condição de ex-aliado do prefeito, o ex-parlamentar aparece no chamado “Papo com café” em seu canal pessoal na web, de onde atira contra o prefeito. Osmar Nascimento começa falando da "má gestão da saúde" na prefeitura que, diga-se de passagem, começou em 2021 com ele à tiracolo do prefeito Daniel Santos, que o ajudou a se eleger em 2020.
O ex-vereador narra didaticamente como os três hospitais conveniados teriam sido “desmontados” pelo prefeito Daniel Santos, “por meio de calotes” que tornaram o funcionamento dos hospitais insustentável e conclui que, sem dinheiro, as unidades de saúde foram obrigadas a suspender os serviços.
Descendo a ladeira
Meses antes do Anita Gerosa, que silenciosamente precisou suspender os serviços, outro hospital fez muito barulho ao tomar a mesma decisão. O Hospital de Clínicas de Ananindeua era o que mais recebia casos de alta complexidade e realizava cerca de 350 procedimentos cirúrgicos e 150 internações por mês, mas denunciou uma dívida de quase R$ 7 milhões, a qual o prefeito Daniel Santos se negou a pagar.
À época, o diretor clínico, médico Ronaldo Sefer, foi a público e bancou denúncia e protestos dos colaboradores que chegaram a fechar a frente da Prefeitura de Ananindeua, mas acabou perdendo a queda de braço e suspendendo os atendimentos que, segundo garante agora Osmar Nascimento, também foram direcionados para o Santa Maria.
Portas fechadas
Mas há uma denúncia mais grave na fala do ex-vereador e ex-aliado. Conforme Osmar Nascimento, o Pronto Socorro Municipal de Ananindeua, inaugurado pela Secretaria de Saúde em julho passado, três meses antes da reeleição do prefeito, não passa de um equipamento de fachada que, segundo ele, não atende de portas abertas, por demanda espontânea, como deveria ser um pronto-socorro.
Além de não ter o sistema de portas abertas para a população, Osmar Nascimento garante que o espaço foi criado apenas para facilitar o uso, pelo município, do chamado Recurso de Urgência e Emergência. “Ou seja, ele coloca o nome de pronto-socorro para usar os recursos de urgência e emergência e sustentar o hospital dele”.
Osmar Nascimento garante que os casos de alta complexidade e, portanto, mais caros, como partos e as demais cirurgias são direcionados para o Hospital Santa Maria, que tem por trás a figura do prefeito Daniel Santos.
Seriam as dívidas?
De acordo com somas do portal da transparência, a Prefeitura de Ananindeua recebe em torno de R$ 8 milhões mensais do governo federal via Sistema Único de Saúde. Por outro lado, este é o quarto ano consecutivo em que as contas da prefeitura deverão apresentar rombo. Segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, a estimativa é de que os gastos da prefeitura ultrapassem a arrecadação em R$ 87,7 milhões. A subtração entre as receitas e as despesas, excluídos apenas os gastos com os juros da dívida pública, é o chamado “resultado primário”, que mede o equilíbrio das finanças de um ente público. No caso de Ananindeua, esse resultado primário é deficitário.
Papo Reto
·Mal comparando, em se tratando de incêndios florestais na Amazônia no último ano, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (foto), encontra-se em situação diametralmente oposta no governo.
·Enquanto a floresta ardeu, segundo os dados oficiais, a ministra se manteve apagada. Faz sentido?
·Deu no Congresso em Foco: o governo Lula deve perder o controle da pauta de quatro comissões do comissões do Senado, com a instalação prevista para a próxima semana.
·Para quem não sabe, o fundo de pensão dos servidores do Banco do Brasil gerencia uma bolada de R$ 270 bilhões pertencente aos 84 mil funcionários.
·Como em outras priscas eras petistas, o fundo apresentou no ano passado um rombo que ultrapassa R$ 14 bilhões.
·Não à toa, o Tribunal de Contas da União abriu urgência para auditar o tão disputado tesouro.
·Por falar em rombo, o dos Correios, que nas eras Temer e Bolsonaro dava lucro, fechou 2024 R$ 3,3 bilhões no vermelho.
·O descalabro arrocha: só no último janeiro, a empresa deu prejuízo de R$ 500 milhões e seus dirigentes, nem aí, arregaçando gastos com viagens internacionais.
·Em se tratando de estatal, 100% delas estão dando prejuízo ao País na era Lula3.
· Não será surpresa se o Censo Agropecuário do IBGE de 2025 apontar o Pará como detentor do maior rebanho bovino do País, com mais de 27 milhões de cabeças de gado.
· A tecnologia alcançada por pecuaristas no Pará fez aumentar a engorda de cinco a dez cabeças de gado por hectare.
·De Marabá até São Félix do Xingu e região, a pecuária avança para o controle total do rebanho com brincagem nas orelhas, sombreamento nas pastagens que agora são adubadas para aumentar o capim, comida no cocho e vacinas constantes para proteger a saúde dos rebanhos.