ode-se dizer - estão dizendo, aliás -, que o Mercado de São Brás, inaugurado na última quarta-feira, 18, pelo futuro ex-prefeito Edmilson Rodrigues, é a primeira obra entregue ao distinto público com vistas à COP30. É importante, mas nem tanto. Explica-se: é mais importante do que a Doca, que vai custar uns R$ 400 milhões; tanto ou mais que o Parque da Cidade, que segue ritmo normal; menos do que a macrodrenagem da Estrada Nova, que não atenderá somente ao evento mundial; e muito menos importante do que a obra que, tudo indica, não sairá do papel: a dragagem do Porto de Belém, orçada em R$ 200 milhões, destinada à atracação de grandes navios para hospedagem de alto padrão durante o evento.

Na panfletagem oficial, a dragagem do
Porto de Belém aparece sublinhada como “em licitação” e custos de R$ 200 milhões.
Se a licitação prometida em julho deste ano ocorreu, ninguém sabe, poucos
viram. O que se diz, porém, é que o governo federal não teria enviado o
dinheiro, ajudando a atropelar um projeto que já tem o tempo contra si.
Entre fundo e telhado
Fonte credenciada da Coluna
Olavo Dutra garante que o processo licitatório chegou a ser aberto,
mas as empresas com capacidade de executar a obra, que são de fora do Estado,
não quiseram se arriscar na empreitada, alegando que o “fator Pará” é algo que
encarece muito as obras por estas bandas. Ou seja, por falta de empresas
interessadas no desafio, a licitação naufragou, ou, como os termos técnicos
dizem, fracassou.
Saída pela tangente
Sem dar maiores detalhes, como de
hábito, a coluna do jornalista Mauro Bonna, no “Diário do Pará”, jornal do
grupo familiar do governador Helder Barbalho, descarta a dragagem do Porto de
Belém e anuncia um suposto “Plano B”, que será adotado, segundo a coluna, por
“questões técnicas”. O “foguete” sugere que a saída seria a utilização do Porto
da Sotave, localizado na Ilha de Outeiro, há 20 quilômetros de Belém por água,
margem direita da Baía do Guajará, até hoje um “elefante branco de luxo”
plantado nos arredores da capital do Pará.
O porto teve parte da sua construção
iniciada na década de 1980 pela empresa Sotave, mas as obras foram paralisadas
por quase 20 anos, e somente em 2002, a Companhia Docas do Pará as retomou, e
inaugurou o terminal - em julho de 2004.
Traslado complicado
O Porto da Sotave tem uma área total
de 313 mil metros quadrados, e um cais de atracação atualmente com 255 metros
quadrados. O porto tem capacidade para receber navios com calados de até 10
metros de profundidade.
Fonte da coluna avalia que, se essa ideia
for executada, o novo desafio dos organizadores da COP30 será o traslado desses
hóspedes entre Outeiro, o Hangar e o centro de convenções que será construído
no Parque da Cidade. “Imaginemos que isso funcione e o porto possa ser usado: o
traslado pela via terrestre seria uma operação gigante de parar as avenidas
Augusto Montenegro e Arthur Bernardes somente para esse trânsito de
participantes do evento internacional”. Nem se fala na segurança dos visitantes
e não custa lembrar: na visita de representantes da Fifa a Belém, antes da Copa
de 2024 - governo Ana Júlia -, um alto funcionário do comitê da Federação foi
assaltado na Ponte do Galo, no bairro do Telégrafo.
Obras liberadas
No início do mês de julho deste ano,
a Secretaria de Meio Ambiente do Estado concedeu a autorização para a Companhia
Docas do Pará executar a obra de dragagem do Porto de Belém. Daquela ocasião em
diante, a CDP teria o prazo de 30 dias para apresentar o cronograma detalhado
das operações.
Poucos dias depois, durante o evento
do 6º Fórum da Associação Internacional de Linhas de Cruzeiro, em Brasília,
o Secretário Extraordinário para a COP30, Valter Correia, apresentou
os detalhes do planejamento do governo federal para utilizar os navios como
forma de hospedagem para a COP30. Valter Correia já havia garantido em
entrevista exclusiva à coluna que a obra seria licitada nos próximos dias, e na
apresentação deste evento, também assegurou que seriam utilizados dois navios
de cruzeiro para ampliar a oferta de hospedagem na capital, adicionando mais de
4,5 mil quartos à capacidade da cidade.
E o silêncio profundo
Hoje, provavelmente, apenas o
colunista do jornal “Diário do Pará” detenha tenha de fato a informação mais
precisa. O assunto morreu nas matérias institucionais do governo e, como é de
praxe, não adianta solicitar informações oficiais, como a coluna costuma fazer,
pois o silêncio é sepulcral. Nem mesmo a tentativa de contato com um diretor da
CDP mereceu atenção.
O fato é que a obra, que já não tinha
tempo hábil para ser executada e enfrentava sérios desafios técnicos, incluindo
onde colocar os resíduos da dragagem, agora parece estar sendo enterrada de vez
nas rasas e lamacentas águas da Baía de Guajará.
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Papo Reto
· Do
deputado Bob Fllay (foto) “fazendo piada” envolvendo o nome do
governador Helder Barbalho nesse episódio sobre os professores.
· “Hei, mano, vou tirar o chapéu pro cara que
consegue enganar Helder Barbalho”.
· O humorista se referia às
informações segundo as quais a decisão do governo decorreu do fato de Helder
teria sido “induzido a erro”.
· Aliás,
se foi “indução” - a mesma que propôs a quase extinção da Funtelpa -, o
governador deve estar precisando de um “adjutório” extra para evitar novos
desgastes.
· A deputada estadual Andréia
Xarão, do MDB, foi colocada em duas posições antagônicas na polêmica votação
envolvendo os professores da rede pública do Estado: contra e a favor.
· Explica-se: na listagem do
MDB, a parlamentar, mulher do prefeito de Breves, Leão Xarão, ambos muito
ligados ao governador do Estado, teria votado a favor do projeto.
· Em nota
do jornal da família Barbalho, Andréia teria votado contra. Até prova em
contrário, ou foi um erro de apontamento, no caso do MDB, ou uma nota de
descontentamento, no caso do jornal.
· O plano do prefeito Igor
Normando para a Escola Bosque prevê incorporar a instituição à Secretaria
de Educação, com a extinção do ensino médio técnico em educação ambiental e a
escola da pesca. Simples assim.
· O “Selo Ouro” concedido pelo
Conselho Nacional de Justiça ao Tribunal de Justiça do Estado garantiu aos
servidores abono de cerca de R$ 13 mil.
· Fala-se, nesse caso, apenas
dos servidores dos setores de administração e cadastro. Não há informações
acerca do valor pago aos juízes e desembargadores.
· Conhecido como megafraudador
ambiental, Menandro Freire obteve na Justiça a reintegração da famosa Fazenda
Ligação, que já foi propriedade do atual senador Jader Barbalho.