Dragagem do Porto de Belém para COP30 pode sair caro e deixar zero benefícios, avaliam especialistas

Obra vai torrar no mínimo R$ 200 milhões para permitir que os navios de cruzeiro atraquem e sirvam de hotel aos participantes.

26/04/2024 08:00

Especialistas duvidam do custo-benefício da obra, onde a taxa de reassoreamento anual é de 50%/Foto: Divulgação-Vídeo TV Liberal.


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ecentemente, reportagem publicada em um portal nacional questionou a existência de tempo hábil para a obra de dragagem do Porto de Belém até a COP30, ou seja, faltando apenas um ano e meio para a Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, prevista para novembro de 2025. Considerada uma das obras mais importantes do governo federal para a COP30, a obra prevê aumentar a profundidade da costa para navios de cruzeiro atracarem e servirem de hotel para os participantes do alto escalão do evento climático.

 

Em entrevista ao “Bom Dia Pará” (TV Liberal, canal 7), ontem, o secretário extraordinário para a COP30, Valter Correa, ligado à Presidência da República, não deixou claro se o trabalho de dragagem do porto, embora em estudos, é uma das prioridades no âmbito da ampliação do segmento de hospedaria para o evento em Belém, sugerindo haver outras alternativas em análise (veja o vídeo).

 

Um longo caminho

 

Muitos passos ainda faltam ser dados, começando pelos estudos básicos, que são os de batimento e sondagem. No final deste mês está prevista a entrega, pela Marinha do Brasil, do estudo de batimetria, que mede e determina a profundidade do rio que será dragado. Já a sondagem, que faz o reconhecimento hidrográfico da área, é um estudo conduzido pela Universidade Federal do Estado do Pará (UFPA) e só deve ficar pronto a partir de 15 de maio.

 

Só a partir desses estudos é que a Companhia Docas do Pará (CDP), órgão federal que será responsável pela obra, poderá lançar o edital de licitação para escolher a empresa que irá executar o projeto, um processo licitatório que por si só deve durar em torno de 90 dias. A duração da obra em si levará, correndo muito com várias dragas, pelo menos dez a 12 meses, já que prevê um volume a ser dragado na ordem de aproximadamente 6,5 milhões de m³ de resíduos do fundo da Baía do Guajará.

 

Benefícios questionados

 

Como o grande discurso das obras voltadas para a COP30 é de deixarem um legado para a cidade de Belém e o Estado do Pará, existem dúvidas no setor portuário da Região Norte sobre se a dragagem da orla de Belém trará os benefícios econômicos e sociais previstos.

 

A começar pelo fato de que o escoamento da produção agrícola pelo Arco Norte é feito pelo Porto de Vila do Conde, em Barcarena, um terminal que, na avaliação de fontes do setor, seria mais bem aproveitado se recebesse investimentos e traria benefícios econômicos mais duradouros do que a dragagem na orla da capital, uma vez que esta não vai afetar o escoamento da produção por Barcarena, pois as mercadorias não passam pela Baía do Guajará, onde será feita a operação de dragagem do porto.

 

Dinheiro na lama

 

Outra questão bem mais grave é jogar o dinheiro dos cofres públicos na lama diante do custo-benefício da obra, que, na avaliação de uma fonte da coluna especializada no assunto, não adiantaria nada ao Porto de Belém, em um ponto da Baía de Guajará que tem uma alta taxa de reassoreamento anual, de 50%, o que significa perder todo o investimento em dois anos.

 

O que seria diferente, segundo a fonte, de dragar os berços de atracação do Terminal de Miramar. “Aí sim, nós temos um problema sério que, se corrigido, resultaria em benefícios futuros, porque estudos anteriores indicam que o Terminal de Inflamáveis de Miramar tem um assoreamento muito menor na área de acostagem dos navios, e o canal de acesso requer uma dragagem pequena, gastando no máximo R$ 30 milhões, mas restabelecendo a profundidade de Miramar, onde poderíamos receber navios maiores e tornar esse porto muito mais atrativo. Agora, dragar a Bahia do Guajará, me perdoe, é de uma insanidade no mesmo nível de pegar o dinheiro e jogar todo na lama”, diz a fonte.

 

Obra ineficaz

 

Com isso, trocando em miúdos, os grandes valores da obra, que tem investimentos de R$ 200 milhões nos planos do governo federal, em dois anos a área dragada do porto já teria recuperado os 100% do assoreamento retirado, e jogado fora todo o valor investido. Foi exatamente o que ocorreu com o trabalho da última vez que o Porto de Belém foi dragado, no ano 2000 - há 24 anos: altamente ineficaz.

 

Segundo a fonte da coluna, a própria CDP teria posse de um estudo feito à época pela Universidade de São Paulo (USP) apontando a alta taxa de assoreamento anual do Porto de Belém.

 

Passagens aéreas

 

Outro especialista consultado pela coluna afirma que o “Porto de Belém já deu”, e o melhor a fazer com ele é concluir o projeto que agora está sendo tocado, que é o da segunda etapa do Porto Futuro. Quanto a dragar o porto, segundo ele, compensa muito mais fazer a compra de passagens aéreas. “Dragar o estuário da Baía do Guajará para a entrada de dois, três ou mais transatlânticos apenas para servir de dormitório na COP30, ao custo de R$ 200 - ou R$ 300 milhões - é uma indecência” diz a fonte, garantindo que sai mais barato comprar passagens aéreas diárias para que os chefes de Estado durmam em Estados vizinhos ao Pará ou, ainda, fretar uma frota de helicópteros para levar grande parte deles para os resorts de Salinópolis.

 

Papo Reto

 

O Serviço Social da Indústria trará a Belém a medalhista de ouro nas Olimpíadas de Pequim de 2008, Maurren Maggi (foto).

 

A palestra ‘O salto de ouro’ integra a programação da Corrida e Caminhada do Sesi 2024. O evento será realizado no auditório Albano Franco, na Fiepa, às 18h, e terá inscrições gratuitas e vagas limitadas.

 

Algumas dezenas de agentes públicos do Estado têm ações na Justiça contra a Coluna Olavo Dutra, incluindo aqueles que, por decisão judicial, sequer podem ser citados.

 

A informação vai em respeito aos leitores. Sorte que deputados e órgãos de fiscalização tentam fazer - quando possível - a parte que lhes cabe, ao passo em que, sob mordaça, a coluna observa.

 

O Congresso em Foco dá conta de que vereadores de Formosa, em Goiás, município de 123 mil habitantes localizado a 80 km de Brasília, aprovaram o aumento dos próprios salários e da remuneração do prefeito e do vice-prefeito, a partir de 1º de janeiro de 2025.

 

Justificativa do aumento: suas excelências reclamaram que são mal remunerados e demonstraram insatisfação com os novos valores aprovados.

 

O vereador Hermes Costa, do União Brasil, disse que mesmo que o salário dos vereadores fosse de R$ 300 mil ainda seria pouco por causa dos pedidos dos eleitores.

 

De acordo com o vereador, "vergonhoso" não é o valor que eles recebem, mas as propostas que recebem de alguns eleitores. Em discurso, ele afirmou que “as pessoas banalizam os políticos e a política”

 

De 2014 a 2023, o número de internações de menores de 10 anos em decorrência desses episódios superou a marca de 335 mil casos, diz a Sociedade Brasileira de Pediatria.

 

Agora é oficial: está, finalmente, proibido o cigarro eletrônico no Brasil; portaria da Anvisa veda o ingresso do produto através de qualquer forma de importação, inclusive na modalidade de bagagem acompanhada ou bagagem de mão.

 

Nasa e Nokia se unem para instalar rede 4G na Lua.


A Agência americana enxerga a internet no espaço como um item tão importante quanto comida para o sucesso das missões exploratórias.

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