Sem querer ensinar “Padre nosso a vigário”: a secretária de Cultura do Pará, Ursula Vidal, precisa evitar se afastar do cargo sob qualquer pretexto. Desde o ano passado, quando se ausentou da titularidade, um vendaval de problemas desabou sobre a Secretaria: o Festival de Ópera do Theatro da Paz quase foi dizimado e uma apresentação “fora dos padrões” causou escândalo na Feira Pan-Amazônica do Livro. Úrsula, feito soldado, estava em missão do partido ou algo parecido.

Agora, quando Ursula está em viagem a Kyoto, no Japão, a convite da organização governamental Jica Brasil, o problema responde pela suspensão temporária do resultado de seleção do Edital 002/2025 - Fomento à Criação de Projetos Culturais, também conhecida como Lei Aldir Blanc.
O andamento do processo já vinha sofrendo severas críticas desde que começou o julgamento, que é feito em fases, mas a lista final causou revolta maior entre os produtores de cultura no Estado. Bem verdade que não se trata de tarefa fácil: foram quase 200 mil projetos inscritos, o torna humanamente impossível agradar a regos e troianos.
Suspensão temporária
Na segunda-feira, 2, a Secretaria de Cultura e a Fundação Cultural do Pará comunicaram, via Agência Pará, “a suspensão temporária do resultado de seleção do edital pelo período de 15 dias úteis, devido ao alto volume de recursos recebidos para análise, além de intercorrências técnicas identificadas na plataforma Mapa Cultural do Pará que implicam na organização e divulgação do resultado”.
“A decisão visa dar um retorno justo e coerente aos fazedores de cultura do Pará, assegurando a ampla participação popular e os direitos deles, além de garantir a eficiência na gestão e aplicação dos recursos públicos da Política Nacional Aldir Blanc. A publicação da lista final estará disponível dia 26 deste mês, na plataforma Mapa Cultural do Pará e no Diário Oficial do Estado”.
Reclamações e recursos
Quando o resultado do edital foi divulgado, na última terça-feira, 27, começou um verdadeiro bombardeio de questionamentos e críticas de artistas, produtores culturais e agentes da cultura paraense que se inscreveram. Antes mesmo da lista final, as reclamações já eram muitas e constaram de postagens nas redes sociais. O músico Almino Henrique foi um dos que falaram sobre o assunto.
Ele conta que "estava acompanhando com atenção uma onda de críticas sobre o processo de avaliação dos editais. Artistas e produtores culturais vêm denunciando falhas na atuação dos pareceristas responsáveis pela análise dos projetos.
Nas redes sociais
As postagens sobre o resultado da Lei Aldir Blanc estão recebendo muitas críticas nas redes sociais. Veja:
“Minha pontuação foi ridícula. Fiz Conservatório, licenciatura plena em música na UFPA, dezenas de premiações em festivais, professor no Moju e Saberes da EJA pela Seduc e levei nota zero como mestre. Se fizerem um movimento para anular, só me digam onde eu assino. Os julgadores do edital continuam dando o incentivo para quem tem resultados abaixo de medíocres”.
“Nós, do Festival Experimental de Danças Paraenses, ficamos chocados com a avaliação do nosso projeto, que definiram como ‘um projeto que reforça estereótipos colonialistas’. Parece que vocês não têm noção das palavras e do que a colonização significa. O nosso evento jamais fez algo desse tipo, e a nossa avaliação que os avaliadores fizeram do nosso trabalho foi super duvidosa. Mesmo que esses editais não sejam cancelados, chega de ficarmos calados diante tanto desrespeito”.
“Eles, na Secretaria, não atendem ao telefone e usam da máquina administrativa para seguir oprimindo os artistas. Também não respondem e-mail".
“O resultado de eventos, que não têm nada a ver, passaram no segmento cultura urbana. Chega! O nome da linguagem que chamam, na marra, de cultura urbana periférica tem que ser é edital de hip hop e não cultura urbana, para dar entrada a todos outros que não são do hip hop. Dizem que vão fazer um evento na periferia, a pessoa passa. E o currículo e o tempo de contribuição?”
Papo Reto
• A Justiça Eleitoral acertou o deputado federal Antônio Doido (foto), do MDB, ‘de trivela’, ao declarar a inelegibilidade de Cornélio José Holanda, afetando Amilton Leocádio dos Santos Neto, José Nazaré Júnior, o “Jr da Olaria”, Dara Hellen de Oliveira Costa e Andréa Costa Dantas.
• José Leocádio Neto, que foi candidato a prefeito de Ourém na eleição passada e perdeu, é irmão de Antônio Doido, que é casada com a empresária e detentora, em Belém, do projeto da rua da Marinha.
• Confirmado: as mudanças operadas no secretariado de Igor Normando tiveram como estopim a crise do lixo e ocorreram por ação direta, mas “estimulada” do governador Helder Barbalho.
• O TCE emitiu parecer prévio favorável e por unanimidade para a aprovação das contas do governo estadual – 2024.
• A relatoria do processo foi do corregedor Odilon Teixeira. Tudo sob controle, segundo o conselheiro.
• Semana passada fez um ano que o então prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol, na época já em campanha de reeleição, foi ao Mercado de Icoaraci anunciar que nenhum permissionário precisaria mais pagar mensalidade até que a "cabeça de burro" fosse desenterrada e a interminável obra, concluída.
• Além da queda, o coice! Na sexta-feira, os permissionários foram surpreendidos com a cobrança de todos os atrasados e, pior, um reajuste de quase 100% nas mensalidades.
• Convidado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o engenheiro paraense Fabiano Cardoso, coordenador de transferências federais da Famep, fará palestra na décima edição do Fórum Nacional das Transferências e Parcerias da União, dia 5 de junho, em Brasília, sobre “Gerenciamento de Convênios e Contratos”.
• O sumário bloqueio de R$ 7,1 bilhões de emendas parlamentares, além do contingenciamento de outros R$ 2,3 bilhões do Ministério das Cidades - para o cumprimento do arcabouço fiscal - rebaixam praticamente a zero a possibilidade de o governo aprovar qualquer coisa no Congresso.
• O PIB nacional cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, diz o IBGE, puxado advinha por quem? Isso mesmo, pelo agro, apesar das torcidas de nariz de membros da alta cúpula do governo.