Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, completou 75 anos no último dia 26 de maio. Como determina o Código de Direito Canônico, a idade o obriga a apresentar um pedido pessoal de renúncia ao Papa Leão XIV - norma aplicada a todos os bispos da Igreja Católica. Se o Papa vai aceitar ou não o pedido, são outros quinhentos, mas a resposta deve ser breve - talvez já nesta semana
Pelo tom das declarações que deu esta semana sobre o assunto, Dom Alberto deixou claro que a aposentadoria não faz parte de seus planos, mas dos planos de muita gente, inclusive do chamado Alto Clero, com quem o arcebispo nunca teve uma relação totalmente amistosa, pelo que dizem os bastidores.
São padres, religiosos, freiras e devotos que têm o líder religioso meio que como 'atravessada' há 15 anos, quando ele chegou por essas bandas trazendo meio mundo de gente do Tocantins para encher de poder quem não merecia, ou não deveria. Em recente entrevista ao jornal “O Liberal”, Dom Alberto declarou, tal e qual Zagalo, “vocês vão ter que me aguentar por muito tempo ainda”.
Quem fica e quem sai
De acordo com um especialista ouvido pela coluna, a resposta do Vaticano para esse tipo de decisão leva muito em conta a manifestação da comunidade local onde atua o arcebispo. Por isso mesmo, muita gente aposta, em Belém, que a decisão sobre a renúncia de Dom Alberto será rápida e dentro do que todos esperam: sua saída de cena.
Situação contrária acontece, por exemplo, na Arquidiocese de Castanhal, onde manifestações contrárias, pedindo a permanência de Dom Carlos Verzeletti na cidade, já começaram a ser enviadas ao Vaticano dada a idade limite de 75 anos que será alcançada pelo pastor nos próximos meses. É esse tipo de ação que normalmente faz o Papa repensar certos desligamentos, abrindo exceções para que um arcebispo na idade de 75 anos siga atuando por mais alguns anos.
Histórico contraditório
Dom Alberto Taveira chegou a Belém em 2010. Em 15 anos, criou 37 paróquias e mantém, em andamento, a instalação de sete santuários arquidiocesanos. Sua gestão, no entanto, é marcada pelo que muitos definem como "comportamento contraditório" para os princípios de humanidade e simpatia que devem acompanhar um pastor. Quando chegou, por exemplo, pediu o esvaziamento do Palácio Episcopal mesmo sabendo que dois padres idosos e doentes moravam no local.
Por determinação do então novo arcebispo, monsenhor Aderson Sabino Neder e o cônego José Maria Albuquerque, que recebiam cuidados médicos no próprio Palácio Episcopal, foram transferidos para um apartamento e faleceram meses depois. Outra decisão contraditória foi a nomeação de várias pessoas trazidas do Tocantins para chefiar setores dentro da Cúria, desmerecendo, mais uma vez, o Conselho Episcolpal.
Uma dessas instituições é a Congregação Verbo Divino, trazida àquela altura por Dom Alberto Taveira e que segue administrando o antigo Colégio do Carmo, no bairro da Cidade Velha, onde hoje funciona uma casa de repouso.
Rumores internos dão conta de que integrantes da diretoria da Festa de Nazaré, sobretudo os padres da Basílica Santuário, responsáveis pela administração do Círio, são outros que torcem bastante pela saída de Dom Alberto. As razões para tanto estão na relação imposta de cima para baixo com os sacerdotes.
Faça o que eu digo
Agora, Dom Alberto se prepara para residir na Casa de Retiro Tabor, em Icoaraci, onde mandou reformar a antiga Residência do Caseiro para lhe servir como morada. Vai fazer o que não permitiu ao falecido Dom Luiz Azcona quando este pediu para seguir morando no Marajó, onde tanto trabalhou. À época, Dom Alberto não cedeu sequer às manifestações dos próprios marajoaras, que clamavam pela permanência de Azcona na região. Como justificativa, o arcebispo alegou que a presença do bispo emérito “atrapalharia” o trabalho do novo bispo na região.
O peso de duas medidas é diferente hoje, quando Dom Alberto seguirá morando em Belém, onde trabalhou por 15 anos, sem se importar se sua permanência irá “atrapalhar” o trabalho do novo arcebispo da cidade, Dom Júlio Endi Akamine. Um destino diferente ao que impôs a Dom Luiz Azcona, que morreu longe de sua gente, no bairro de Canudos, solitário, na Casa de Repouso dos Agostinianos. Uma história que pouca gente conhece, mas que é verdade.
Papo Reto
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