Para quem nasceu como "estrada do futuro" 50 anos atrás, Transamazônica ainda é um retrato do passado

Com a chegada do inverno amazônico, BR-230 segue protagonizando papel principal do descaso com as rodovias federais no Pará, embora assentada em uma das regiões mais ricas do Estado.

13/01/2024, 11:00

Obra iniciada no governo militar, rodovia jamais cumpriu sua função integralmente, mas permitiu a colonização da região que, em alguns trechos, vê emperrado o escoamento da produção no inverno/Fotos: Divulgação-Giro Portal-Redes Sociais.


S

 

ituado em uma extensão de terras das mais férteis da Amazônia brasileira, o trecho da Rodovia Transamazônica que vai de Novo Repartimento até Rurópolis detém a maior produção de cacau do Brasil, um imenso plantel de gado bovino, uma das maiores hidrelétrica do País - Belo Monte -, mas é um emaranhado de problemas socioeconômicos difíceis de solucionar.

 

Tecnicamente conhecida como BR-230, a rodovia foi projetada no governo militar do presidente Emílio Garrastazu Médici, em 1969, com extensão de 5. 662,60 quilômetros. Lançado com pomba e circunstância sob o lema “Integrar para não entregar”, a obra foi considerada “faraônica”: começa na cidade de Cabedelo, no Estado da Paraíba e termina no extremo oeste, Região Norte, na cidade de Lábrea, Estado do Amazonas.

 

Morada da esperança

 

Os municípios de Altamira e Medicilândia, os mais povoados da região paraense, concentram as maiores riquezas, mas ainda vivem na esperança de uma rodovia totalmente pavimentada, com pontes em concreto, prometidas desde os anos 1970 do século passado, quando iniciou o ciclo de ocupação da região por famílias oriundas de todo o País, sob o comando do Incra, "Terras sem homens para homens sem terras", dizia-se.

 

Altamira sempre concentrou as maiores ações dos governos, por ser considerado o maior município do mundo, com 180 mil km2, o tamanho do Estado do Paraná. Embora tenha perdido 30 mil km2 na criação de outros municípios, sua extensão ainda responde por uma ingovernabilidade insanável.

 

Interesses políticos

 

No curso de mais de 50 anos desde o lançamento da obra, a rodovia vem sendo pavimentada de acordo com os interesses políticos e econômicos dos governos de plantão, como o trecho Hidrelétrica de Belo Monte até Altamira, e de Altamira a Medicilândia, além de outros trechos menores, que até o Dnit tem dificuldade em localizar.

 

Das mais de 100 pontes em concreto necessárias em território paraense, são contadas nos dedos as efetivamente concluídas.

 

"Mina de problemas"

 

Problemas com povos indígenas do rio Xingu, mineradoras legais e ilegais que atuam na área e aumento expressivo da criminalidade na esteira da construção de Belo Monte são questões que se arrastam sem que a mão do Estado tenha força e vontade de dirimir, em meio ao progresso que se agiganta desordenado e restrito aos grandes capitais e grandes empreendimentos, nada diferente da realidade brasileira.   

 

Estrada de cada um

 

Em vídeo que circula nas redes sociais neste início de inverno amazônico, a “rodovia do futuro” ainda aparece tão pretérita quanto 50 anos atrás. Ou quanto uma pirâmide do Egito antigo, graças aos “faraós” que passaram preocupados em pavimentar apenas a própria estrada, não a integração nacional.

 

Papo Reto

 

Comentários em Parauapebas dão conta de que o deputado federal Keniston Braga (foto) e um ex-vereador da cidade vêm a Belém para uma ‘reunião secreta’ como governador Helder Barbalho.

 

A agenda estava guardada a sete chaves, mas, sabe como é. Por motivos óbvios, nem mesmo o governador queria que a informação vazasse, tantas são as suas opções de apoio a candidatos à sucessão de Darci Lermen.

 

Aliás, com o primeiro turno marcado para 6 de outubro, as eleições municipais de 2024 devem resultar na nomeação de cerca de 58 mil vereadores, segundo dados do TSE.

 

A paraense Cleide Andrade diz já ter sido vítima de 33 assaltos em Belém. Em um dos casos, relata que trabalhava em uma empresa onde os ladrões julgavam que ela teria a chave do cofre.

 

Embora submetida a uma cadeira de psicólogo e diversas terapias e academia de ginástica, a moça é uma sobrevivente e, como tal, merece um lugar de destaque no Livro dos Recordes, convenhamos.

 

Ano passado, o Pará exportou um valor acumulado de US$ 22.258.128.915 bilhões, fechando o período com uma variação positiva de 3,45% em relação ao ano anterior.

 

Ao todo, foram exportadas 179 milhões de toneladas. O Estado foi o maior exportador da Região Norte e segundo maior da Amazônia Legal.

 

No ranking nacional, o Pará ficou na terceira colocação em saldo, com US$ 20.345.715.389 bilhões, atrás dos Estados de Mato Grosso e Minas Gerais, e manteve a sétima posição em valor exportado.

 

Nas importações, ficou na 17ª posição no País, com um valor de US$ 1.912.413.526 bilhões, 3.693.086 milhões de toneladas e queda de -30,19%.

 

Os dados são do Ministério de Estado do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, analisados e divulgados pelo Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias-Fiepa do Pará. 

Mais matérias OLAVO DUTRA