o documentário apresentado semana passada para celebrar seus 100 anos, a TV Globo mostrou a ‘manipulação do tempo’ no debate entre os então candidatos à Presidência da República Fernando Collor de Mello e Lula, para favorecer Collor.
Para o telespectador, saber desse detalhe, hoje, constatando a diferença de tempo entre Collor e Lula, é uma coisa; ver e ouvir do atual presidente das organizações, João Roberto Marinho, que a Globo “errou” nesse caso é igualmente espantoso - mas é fato corroborado pelo depoimento do jornalista Merval Pereira.
Merval conta que o próprio Roberto Marinho, fundador do grupo, havia ligado a ele, muito preocupado, porque a esposa, Lili, estava ameaçando se mudar do Brasil caso Lula vencesse a eleição presidencial de 1989.
Em Belém, em maior ou menor grau, a interferência de um grupo de mídia no andamento das questões políticas sempre existiu. É impossível não lembrar da briga figadal entre Paulo Maranhão e o seu jornal “Folha do Norte” contra Magalhães Barata - que o Grupo O Liberal, sem carregar tanto nas tintas, parece querer lembrar - e, mais recentemente, a campanha da família Barbalho e seus veículos contra Simão Jatene, que continua nos dias de hoje.
Ação entre amigos
No “O Liberal”, entre integrantes da família Maiorana, dona do grupo, nenhum ocupou cargo público e político, mas a influência é inegável. Tanto que o governo do Pará investe muito mais no grupo do que propriamente no grupo RBA, que é da família, ou na Funtelpa, que é uma estatal. Há poucos dias, dava-se conta de que o governo do Estado já repassou cerca de R$ 16 milhões à TV Liberal.
É fato que acordos comerciais são os que realmente “mandam” na linha editorial de um veículo de comunicação, com honrosas exceções, mas o que se está vendo desde quarta-feira, 9, em Belém, supera a lenda urbana corrente, aquela que justifica ataques eventuais aos governos pelas supostas “faturas atrasadas”: Igor Normando está sob vara dos veículos do grupo sem dó, nem piedade - e sangra, mal começa o sétimo mês de mandato em nome do MDB do governador do Pará.
Quem coordena atualmente a linha editorial do grupo é o CEO Ronaldo Maiorana, que está sozinho nessa missão desde o ano passado, quando uma briga entre os irmãos fez com que Ronaldo afastasse as irmãs da direção do grupo.
O que será, que será?
Na semana passada, uma reportagem nos jornais “O Liberal” e “Amazônia” e nas redes sociais, trouxe a questão da insegurança nas praças de Belém, sob o título de capa “Igor Normando abandona praças de Belém e a população denuncia insegurança”. Depois veio uma reportagem mostrando que o trapiche do Distrito de Icoaraci está abandonado, assim como a Praia do Cruzeiro.
Na quinta-feira, 10, a reportagem foi sobre denúncias de irregularidades na atuação da empresa Auto Lance Pátio e Leilões, responsável pelo serviço de guincho que atende à Prefeitura de Belém, contratada sem licitação; má prestação do serviço e a suspeição da empresa de que teria como um dos sócios Clideon Chaves, irmão de Cleidson Chaves, chefe de Gabinete do prefeito Igor Normando. Detalhe: desde que sites e blogs de Belém - e não a chamada “Grande Imprensa” - denunciaram esse caso, Cleidson deixou a chefia de Gabinete de Igor.
Para dar mais base ao caso, “O Liberal” recorreu à fala do deputado estadual Rogério Barra, do PL, que é filho do federal Eder Mauro e que, antes, nem eram citados pelos veículos do grupo. Vozes e fatos, portanto, vieram à tona sem terem sido visitados anteriormente, como se nunca tivesse existido.
Chama lá que eu vou
O que menos se esperava, por exemplo, nessa briga, era que, menos de sete meses depois de ter deixado o cargo, o grupo fosse dar voz ao ex-prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol. A longa entrevista que Edmilson concedeu ao jornal, com gravação em áudio e vídeo, na sede do Grupo O Liberal, no bairro do Marco, foi como colocar “pinto no lixo”, e Ed “deitou falação” como nunca fizera durante sua administração.
O grupo enfatiza que “em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, o ex-prefeito de Belém Edmilson Rodrigues fez uma avaliação da atual administração municipal, conduzida por Igor Normando”. Nela, Edmilson criticou o fim do programa Bora Belém, as paralisações do Mercado de São Brás e da avenida Romulo Maiorana, e denunciou a chamada “máfia do reboque” da empresa Auto Lance Pátio e Leilões. O ex-prefeito afirmou que Belém recebeu “investimentos significativos durante a gestão e que a atual prefeitura tem preferido atender interesses de minorias, em detrimento das regiões mais carentes de Belém”.
Edmilson se ateve mais ao fim do programa Bora Belém, criado pela gestão dele para combater a fome na capital. “Mais de 80 mil pessoas, o equivalente a dois Mangueirões lotados, foram diretamente afetadas pelo corte, e voltaram a enfrentar a insegurança alimentar”. “Essas crianças vão voltar às ruas? Essas mães desesperadas vão fazer o quê?”, questionou Edmilson. O que Edmilson não citou é que a metade do orçamento do Bora Belém era bancada pelo governo do Pará quando os dois “tinham uma feliz aliança”.
A entrevista de Edmilson fez coro à fala da vereadora Marinor Brito, do Psol, em um podcast de Belém. Ao ser perguntada sobre a pior coisa que Igor Normando fez nos últimos meses, respondeu, sem pestanejar, “Ganhar a eleição”.
L'État, c'est moi?
A pergunta é uníssona: o que está havendo entre o maior grupo de comunicação da região e a Prefeitura de Belém, nas pessoas do CEO Ronaldo Maiorana e do prefeito Igor Normando?
Há palpites, segundo o que apurou a coluna:
“Há amigos que machucam amigos”. Outro: “Agora, por razões pessoais, o dono da Liberal ataca o prefeito diretamente”. E o próprio Ronaldo Maiorana: “Não sei se viram, mas é apenas o dono da maior empresa de comunicação do Pará ameaçando diretamente o prefeito de Belém”.
Prints são eternos
O comentário foi feito em uma postagem nas redes sociais de Normando. O comentário foi apagado logo depois, não se sabe se por ele ou foi a equipe do prefeito. Veja o que ele disse: “Quando vai parar de roubar os motociclistas de Belém? Seu moleque ladr..., eu vou me vingar por eles, e vou atrás de ti. Te prepara, ladra... merece mui... p... eu vou te encon...”
O comentário foi apagado, mas o print é eterno.
Papo Reto
•Não será por falta de emendas parlamentares que a cidade de Bragança, nordeste do Pará, não terá um novo e moderno estádio de futebol.
• Na ponta do lápis, somando os esforços dos deputados federal José Priante (foto) e o estadual Renato Oliveira a “vaquinha” já soma R$ 5 milhões.
•A Estação das Docas é palco da abertura da Semana do Clima da Amazônia, hoje, evento que marca o início da mobilização regional rumo à COP30.
•A cerimônia reunirá lideranças da floresta, sociedade civil e especialistas para discutir justiça climática, transição ecológica e o protagonismo amazônico nas decisões globais sobre o clima.
•Ninguém questiona a importância da fiscalização no trânsito, mas bom senso é legal e todo muito aprova.
•Sábado pela manhã, uma fila quilométrica se formou no Distrito Industrial de Icoaraci por conta de uma blitz da PM-Guarda Municipal, obrigando condutores a trafegar em fila única rumo à Outeiro.
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•Robô conduzido por Inteligência artificial realizou a remoção de vesícula biliar, também chamada de colecistectomia, cirurgia em humano. O procedimento foi desenvolvido por cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
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