Presidente da Câmara de Ananindeua acusa ex-PGJ do Pará de uso político do MP e plágio

Vereador Lima recorre contra arquivamento de denúncia contra Cezar Mattar e aponta “fraude institucionalizada” para interferir nas eleições de 2026.

16/07/2025, 11:00
Presidente da Câmara de Ananindeua acusa ex-PGJ do Pará de uso político do MP e plágio
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 presidente da Câmara Municipal de Ananindeua, Vanderray Lima da Silva, protocolou recurso no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) questionando a decisão da Corregedoria Nacional que arquivou a Notícia de Fato contra o ex-Procurador-Geral de Justiça do Pará Cezar Mattar.

Vereador Vanderray denuncia ex-PGJ por “uso de instrumento constitucional gravíssimo”, pede revisão da decisão do CNMP e ameaça levar caso à Justiça/Fotos: Divulgação.

A peça, segundo Vanderray, trata de uma “denúncia de gravidade sem precedentes” que expõe o uso indevido do Ministério Público estadual com objetivos políticos e pessoais.

Motivações políticas

No recurso, Vanderray afirma que o então PGJ teria ajuizado uma ação de intervenção estadual contra Ananindeua de forma arbitrária, sem provas, com motivações políticas e, pior, com base em um texto copiado em mais de 90% de uma petição originada no TJ de Goiás, referente a contexto e legislação distintos.

A representação interventiva, considerada por ele “teratológica” e “sem qualquer sustentação jurídica ou factual”, teria como objetivo principal atacar a gestão do prefeito Daniel Santos, adversário direto do atual governador nas eleições estaduais de 2026 - o mesmo governador responsável pela escolha de Mattar como futuro desembargador.

Citações equivocadas

A acusação de plágio jurídico é acompanhada de imagens comparativas entre as peças, mostrando que apenas dois parágrafos - os que tentam adaptar o texto goiano ao contexto paraense - teriam sido escritos de fato para o caso de Ananindeua.

O restante da ação, incluindo citações equivocadas a artigos inexistentes da Constituição do Pará, teria sido copiado integralmente. Vanderray afirma que se trata de um exemplo grotesco de “irresponsabilidade institucional” e que não há notícia de algo tão grave na história recente do Ministério Público.

Atribuição legal

O presidente da Câmara também critica duramente a atuação da promotora designada para o caso, apontando que ela não possuía atribuição legal para atuar em Ananindeua e que sua nomeação violou o princípio do promotor natural.

Segundo ele, não houve sequer a notificação formal da prefeitura antes do ajuizamento da ação, e os supostos depoimentos que embasaram a medida vieram exclusivamente de aliados políticos e donos de hospitais privados com interesses comerciais na área da saúde.

Fraude original

Mesmo com todos esses elementos, o CNMP - na decisão de arquivamento - considerou que não havia elementos suficientes para abrir procedimento disciplinar, amparando-se em depoimentos contraditórios do próprio PGJ e da promotora, além de argumentar que a ação já havia “perdido o objeto” por ter resultado na assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta com a prefeitura.

Para Vanderray, o argumento é inaceitável: “O uso de um instrumento constitucional gravíssimo como a intervenção estadual para fins pessoais, eleitorais ou de autopromoção institucional precisa ser investigado, e não descartado sob desculpas técnicas. A omissão do CNMP, nesse caso, é tão grave quanto a fraude original.”

Mais de 100 páginas 

O recurso pede a reconsideração da decisão ou seu envio ao Plenário do CNMP, além do afastamento imediato de Cezar Mattar das funções públicas, instauração de processo disciplinar, investigação por improbidade administrativa e a suspensão da lista sêxtupla que pode levá-lo ao cargo de desembargador.

A peça, de mais de cem páginas, é densa e detalhada, e traz provas que, segundo o autor, tornam impossível negar o uso abusivo da máquina ministerial para fins de disputa de poder. Se o Plenário do CNMP não reformar a decisão, o caso pode ser judicializado.

Papo Reto

•A Federação Paraense de Futebol concluiu ontem, em Brasília, mais uma etapa estratégica para garantir acesso dos clubes profissionais do Estado aos recursos oriundos das apostas esportivas de cota fixa.

Durante a agenda oficial, foi entregue pelo presidente Ricardo Gluck Paul (foto) a diretriz técnica que autoriza a FPF a dar início ao processo de identificação e captação dos valores previstos em legislação federal.

•Pioneira no País, a FPF se articula juridicamente em nível nacional para garantir o acesso a esse repasse, possibilitando que 100% do valor direcionado ao Estado seja repassado a clubes das Séries A1, A2 e A3.

Depois de Binho Nascimento, exonerado da presidência da Funtelpa sob acusações de assédio moral e sexual, agora foi a vez de Marcelo Mendes, que respondia pela direção da TV Cultura.

•Mendes está afastado de suas funções também com acusações de assédio moral e sexual. A denúncia principal foi levada ao presidente da Fundação, Miro Sanova, com quem Mendes sempre trabalhou como assessor. 

O tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump derramou incertezas no mercado do boi brasileiro, que perdeu competitividade perante seus concorrentes diretos - Argentina, Uruguai e Austrália. 

•Está em vigor desde 1º de julho portaria do Ministério da Educação obrigando a emissão dos diplomas de graduação de universidades federais e instituições privadas vinculadas ao Sistema Federal de Ensino exclusivamente de forma digital.

O objetivo, diz o MEC, é tornar mais ágil e seguro o processo de emissão e validação desses documentos, além buscar evitar fraudes e permitir que o documento seja consultado em diferentes dispositivos, como celulares e notebooks.


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