e a professora Eldilene da Silva Barbosa, candidata de oposição à Reitoria da Universidade Federal Rural da Amazônia, a Ufra, pensa que a propalada - por ela - proximidade com os caciques do PT é garantia para receber o cargo de “reitora pro-tempore” está enganada. Não bastassem as manifestações contrárias publicadas pela Associação dos Docentes da Universidade, a candidata enfrenta agora um processo aberto na Polícia Federal.

O imbróglio envolve duas professoras da Universidade, que acionaram formalmente a Polícia Federal contra a candidata por suposta ‘denunciação caluniosa’, crime previsto no artigo 339 do Código Penal que prevê pena de dois a oito anos de reclusão. A ação se refere a um episódio de 1º de novembro de 2018, quando Eldilene registrou Boletim de Ocorrência alegando ter sido ameaçada pela então diretora do campus de Tomé-Açu, professora Ticiane Lima dos Santos, e Márcia Alessandra Brito de Aviz, vice-reitora da Ufra.
Sem materialidade
Segundo o documento apresentado à Polícia Federal, a Sindicância Número 005/ 2018, da 14ª Companhia Independente da Polícia Militar, concluiu que não houve qualquer indício de materialidade ou autoria das supostas ameaças, caracterizando a denúncia como falsa e sem respaldo fático. A acusação gerou constrangimentos, abalo psicológico e exposição pública às vítimas, além de prejuízos administrativos à instituição.
Apesar da conclusão da sindicância, a denúncia continuou sendo usada nos bastidores acadêmicos e políticos, inclusive, em contextos de disputa interna na universidade. “Essa narrativa forjada seguiu circulando, influenciando percepções, minando reputações e rendendo dividendos funcionais à denunciante, mesmo sem qualquer comprovação”, explica uma das professoras.
O caso foi encaminhado à Superintendência Regional da Polícia Federal no Pará, em Belém, em Notícia-crime 08.360.004.545/2025-74 SR/ PF/ PA, requerendo a abertura de inquérito e responsabilização criminal de Eldilene.
Notícia-crime
A decisão de tornar pública a ação foi motivada pela reincidência da narrativa, uma vez que, recentemente, em um grupo de docentes, Eldilene voltou a alegar ameaças contra sua integridade física sem apresentar provas ou acionar os canais oficiais. A atitude gerou indignação entre docentes, que consideram a estratégia uma repetição do mesmo padrão utilizado em 2018.
Eldilene afirmou à época que teria recebido ameaças de morte no Campus Tomé-Açu. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, Andes, disse, à época, que as ameaças sofridas pela professora eram da maior gravidade e aconteceram depois da nomeação realizada após o processo administrativo disciplinar que revogou a nomeação de candidata aprovada em primeiro lugar por constatar existência de ilegalidades no Concurso 23/2016, realizado pela Ufra, no qual Eldilene havia ficado em segundo lugar.
“A ocorrência de ameaças à integridade física da professora por motoqueiros armados é da maior gravidade, especialmente em uma conjuntura na qual grupos milicianos são investigados por assassinato”, disse o Andes.
Contexto jurídico
Uma denunciação caluniosa ocorre quando alguém, falsamente, comunica à autoridade pública a ocorrência de um crime inexistente, atribuindo a prática a outra pessoa de forma consciente. A conduta é criminalizada, justamente, por instrumentalizar a máquina estatal contra pessoas inocentes, com graves consequências éticas, funcionais e reputacionais.
A Ufra, segundo os docentes, tem sido alvo de constantes episódios de judicialização, interferências e tentativas de desestabilização institucional. No entendimento das denunciantes, esse histórico “reforça a necessidade de responsabilidade e seriedade nas condutas de todos os envolvidos nos processos internos da instituição”.
Denúncias falsas
“A comunidade acadêmica da Ufra merece transparência, estabilidade e respeito”, afirma o documento recebido pela Coluna Olavo Dutra. “O uso de denúncias falsas como arma política precisa ser enfrentado com verdade, documentos e coragem”, complementa.
A ação das professoras busca representar, não apenas a defesa de suas trajetórias pessoais, como também um apelo pela integridade institucional da Universidade. “O documento oficial sobre o caso comprova ausência de provas e indica crime de denunciação caluniosa”. Com mais essa ação, já são 26 nas quais Eldilene se mantém envolvida na Justiça.