ão é de hoje que o prefeito de Marapanim, Anderson Dias, do MDB de Helder Barbalho, faz do bem público um ‘puxadinho’ para chamar de seu. No português claro: faz do mandato de prefeito instrumento de uso pessoal, como se dono da bola e do jogo de camisas fosse, bem ao estilo ‘menino do buchão’.
Para tanto, sustenta-se no domínio que possui sobre os vereadores do município, na proteção que recebe de duas deputadas - uma federal e outra estadual -, e na amizade com o governador, sobre quem brada aos quatro ventos ser “o melhor amigo”, ainda que a recíproca não seja verdadeira, uma vez nunca confirmada - e não foi por falta de oportunidade.
Foi com ‘todo esse poder’ que Anderson articulou, recentemente, a cassação - imagina - do vereador Leandro Brasil, do PDT, em um processo nada republicano, apenas porque o parlamentar resolveu fazer o dever de casa, isto é, fiscalizar a gestão do alcaide. Desde de que assumiu o mandato, no início do ano, Leandro se destacou por denunciar irregularidades na administração de Anderson Dias, o que lhe rendeu uma série de retaliações e a perda da cadeira na Câmara.
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“Quem manda sou eu”
A mais nova do 'dono' de Marapanim - quer dizer, do alcaide mimado - aconteceu no último sábado, 12, na orla de Marudá, o distrito mais badalado da cidade no veraneio. Uma força-tarefa comandada pelo 3º sargento Fonseca, da Polícia Militar, chegou ao trevo da orla para desligar os sons automotivos que funcionavam em volumes excessivos após a meia-noite, conforme determina a legislação.
Os donos dos carros entraram em contato com o prefeito Anderson Dias, que chegou ao local cheio de si e confrontou a autoridade policial na farda da briosa Polícia Militar, liberando a barulheira e pisoteando a legislação, não bastasse humilhar a PM. Como justificativa, o prefeito argumentou que o funcionamento dos carros-aparelhagens é amparado por um decreto municipal assinado por ele, provavelmente em segredo, pois só ele viu. Quer dizer, ao menos para o 3º sargento Fonseca, o prefeito arrogante se recusou a mostrar.
O policial disse que não poderia dar continuidade à festa porque, legalmente, não tem autorização para obedecer às ordens do prefeito, mas sim do seu superior, o 1º tenente Mizanias, comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar/4°CIA - Marapanim. Para mostrar que, na cidade, quem manda mesmo é ele, Anderson entrou em contato com o tenente Mizanias que, por sua vez, orientou um outro policial da guarnição, o 2° sargento Ivanildo, a autorizar a barulheira.
Vai “cortar a comida”
O problema é que, a esta altura, querendo mostrar poder e força, Anderson Dias falou, alto e em bom tom, que “a comida da Polícia seria cortada e que os policiais podiam ir embora, pois ninguém precisava de Polícia no local”. A declaração foi registrada em Boletim de Ocorrência pelo sargento Fonseca, que procurou a Polícia Civil para denunciar o ocorrido e se respaldar na situação, já que instigar pessoas embriagadas contra uma guarnição inteira em pleno exercício da profissão não deixa de ser um risco à integridade dos policiais.
Depois da declaração do prefeito, a guarnição deixou o local debaixo de vaias e muita zombaria. A gratuita humilhação patrocinada por Anderson Dias fez com que os policiais saíssem da orla desamparados até mesmo pelo seu superior, o tenente Mizanias, que, pelo menos nessa situação, deu “mais moral” ao prefeito do que para a guarnição.
Sem arrependimentos
Logo após o episódio, aparentemente embalado por umas e outras latinhas, o prefeito foi filmado em uma festa onde reitera, dessa vez ao microfone, sua posição de ‘rei do pedaço’ de Marapanim. No vídeo, encaminhado por um leitor à Coluna Olavo Dutra, Anderson Dias reforça que tem poder para mandar e desmandar na cidade e cita, com orgulho, o suposto decreto, que permite som automotivo na orla de Marudá até as 7 da manhã, doa nos ouvidos de quem doer.
“Fiz um decreto porque na minha cidade quem manda sou eu. Som automotivo na praia até as 7 da manhã. Rock doido. Engole essa porr… aí”. O tom debochado e a voz arrastada mostram que o próprio prefeito se diverte com a situação, além de criar a ilusão de que suas canetadas estão acima da lei.
(Pausa para reflexão da coluna). Isto é o Pará, bem pensado.
Estado de calça curta
A ação da PM na Orla de Marudá ocorreu no âmbito da Operação Verão 2025, que tem a finalidade de “promover a segurança pública no Estado do Pará, através do Policiamento Ostensivo nos eventos e em todas as áreas que sofram os efeitos diretos e indiretos em razão das férias.” Ao menos é o que dizem os textos da divulgação oficial do Estado sobre a iniciativa.
“A Operação é executada através de ações preventivas e repressivas de segurança pública visando a manutenção da ordem pública, realizando o policiamento ostensivo de forma estratégica e coordenada”, garante o Estado. Em Marapanim, esqueceram de combinar com o prefeito, “amigo do governador”, o que faz da Polícia Militar um zero à esquerda.
Papo Reto
•A consultora de eventos Poliana Bentes Gomes (foto) deverá participar do Green zone, ou Zona verde, espaço de diálogo com a sociedade e empresas durante a COP30, em busca de soluções climáticas.
• A proposta prevê conectar novas ideias entre investidores do setor sustentável e consolidar o compromisso com a agenda ambiental.
•Dados do comitê organizador da COP30 aponta que a Grande Belém dispõe de 38 mil leitos para atender os cerca de 50 mil congressistas esperados para o evento.
•Essas comitivas chegam em dois blocos distintos, demorando em torno de cinco dias entre um e outro, o que viabiliza a acomodação sem maiores percalços.
•Aliás, a orquestração de parte da mídia nacional contra a realização das COP em Belém se baseia em todos os argumentos capazes de "melar" ou reduzir o sucesso do evento na capital do Pará.
•Cerca de 4 milhões de pessoas serão beneficiadas com abastecimento de água e esgotamento sanitário nos próximos anos, afirma o presidente da Aegea, André Facó, sobre o projeto de Saneamento do Pará.
•A empresa ganhou a licitação da concessão do sistema de água e esgoto em 99 municípios, e terá mais de uma década para implementar o programa, com investimentos acordados de R$ 20 bilhões.
•Com esses avanços, o Pará poderá sair da rabeira entre os Estados que detêm os menores índices de saneamento do País.
•Na contramão do que rola no setor automobilístico - que passou a adotar descontos antes inimagináveis para os modelos mais populares -, o Brasil emplacou 1 milhão de novas motocicletas no primeiro semestre.
•Trata-se de um recorde histórico para um mercado que, dizem especialistas, seguirá muito aquecido no País, alimentado pela expansão dos delveries.
•Aliás, o significativo desaquecimento da venda de carros 0 km, sobretudo os elétricos, pressiona os preços no segmento de usados.
•Por isso já se dá como certo que as montadoras devem promover robustas "queima de estoque", a partir de descontos no preço dos "encalhados".