ontrariando as promessas da Prefeitura de Belém desde a administração Duciomar Costa, obras do BRT, ou Bus Rapid Transit, ficaram pelo caminho, tumultuam a vida dos belenenses, transportam menos gente do que o esperado e enfrentam velhos problemas, como atrasos e superlotação. Como subproduto não menos grave, produziram o estrangulamento das pistas de rolagem, gerando o transtorno de engarrafamentos permanentes e acidentes frequentes, fazendo com que distâncias curtas, como os 13 quilômetros que separam o Entroncamento, em Belém, do Distrito de Icoaraci, por exemplo, levem até uma hora para serem percorridas nos horários de pico.
“Não apenas ocupações e comunidades
localizadas nessa área se viram prejudicadas, como condomínios inteiros viram
suas casas e lotes serem desvalorizados”, diz José Carlos Vasquez, corretor de
imóveis.
Desde o começo, as queixas
recorrentes mostravam que o projeto que interliga as avenidas Almirante Barroso
e Augusto Montenegro deixaria a desejar, já que algumas estações jamais
funcionaram, estão depredadas desde antes do início das operações, com
estrutura precária e sem as linhas troncais. “Essas estações são filiais do
inferno”, diz a estudante Camila Silva, referindo-se ao calor que as estruturas
metálicas - inadequadas ao nosso clima - proporcionam para quem é obrigado a
usá-las nos horários mais quentes.
Cenário de abandono
A empreitada iniciada em janeiro de
2012 compõe um cenário de abandono e falta de fiscalização ao longo tanto da
Almirante Barroso quanto da Augusto Montenegro, em Belém. Embora tenha sido
orçada inicialmente em R$ 400 milhões, consumiu ao final mais de um R$ 1
bilhão. “O projeto atende apenas parte da população, já que algumas estações
não funcionam, estão pichadas, com estrutura precária e sem as linhas
troncais”, diz um Carlos Brito Chaves, engenheiro, que diz ter trabalhado em
uma das etapas da obra.
Mais um ‘inferninho’
Na esteira desse histórico desairoso,
a Prefeitura de Belém anuncia a construção do BRS, o Bus Rapid System -
“um novo sistema de transporte público que substituirá o antigo BRT” e custará
R$ 300 milhões -, tendo como plano-piloto, por assim dizer, a avenida Júlio
César, uma das poucas vias não interditadas da cidade. “O tamanho do caos que
isso pode gerar é imprevisível”, afirma Raimundo Mendes, ciclista esportivo que
usa a via com frequência.
Tomada pela surpresa do anúncio, a
população mostrou-se perplexa e revoltada nas redes sociais, abarrotando os
sites de notícias de comentários desabonadores contra a prefeitura e o gestor
municipal e levantando vários questionamentos sobre a real necessidade e as
vantagens do novo sistema para a mobilidade urbana.
Será pela mobilidade?
A Prefeitura de Belém ressalta que
está ciente dessas preocupações e afirma que a obra será realizada de forma
planejada e considerando as necessidades da população. O objetivo, segundo a
PMB, é garantir um sistema de transporte público eficiente e sustentável,
especialmente no contexto atual de emergência climática. “Mas, como isso se
viabilizaria interferindo numa via de apenas 3 quilômetros e cujo BRS - a um
custo de trezentos milhões - levaria do nada para lugar nenhum?”, argumenta
Maria Cardoso, moradora da Pratinha.
A população aguarda mais informações
por parte da prefeitura para esclarecer as dúvidas e preocupações levantadas,
mas já existe oposição à construção do novo sistema de transporte público nessa
via, por não ser considerado útil ou benéfico para a população. “Se vai piorar,
pra que fazer? Só pra gastar o dinheiro?”, diz Shirley Lemos, agente
comunitária de saúde.
Oposição se levanta
Um grupo de vereadores de oposição já
se prontificou a assumir a bandeira “Na Júlio César ninguém mexe”, prometendo
mobilizar transeuntes, moradores, motoristas, ciclistas e corredores que usam a
via no dia a dia.
Papo Reto
· Para quem acredita que a COP30
passa diretamente pelo ‘conhecimento’ da UFPA, maior universidade pública da
Amazônia, má notícia.
· A Unama, através do presidente
do grupo Ser, Janguiê Diniz (foto), por aqui, com rapapés
institucionais para o governador Helder Barbalho, está se movimentando para
abocanhar, sob bênçãos do governo, a referência acadêmica e tecnológica do
evento da ONU.
· A UFPA deve acusar o golpe
publicamente. Afinal, a se confirmar a participação da Unama, será uma perda de
referência para a Universidade que tem reitor eleito, mas não nomeado e cujo
processo de escolha, considerado irregular, está judicializado.
· Uma
velha raposa política há 50 anos transitando no Planalto diz que jamais, em
tempo algum presenciou tanto malabarismo midiático do governo tentando mostrar
serviço.
· Mas, observa que, como fato
concreto, registra-se apenas “o crescimento do número de ministérios e dá
despudorada elevação de impostos”.
· Ontem, mais uma marmota do
governo: anunciou que vai gastar R$ 100 milhões em "prédios públicos
eficientes", com prioridade a edificações que têm como finalidades acolher
serviços de saúde, de educação e administrativos.
· A nova Carteira de Identidade
Nacional já foi adotada por oito milhões de brasileiros, devendo valer apenas
em 2032.
· Conforme a lei sancionada
pelo presidente Lula, o número do CPF será o único número de identificação do
cidadão.
· Tudo leva crer que a formação
básica do ensino médio mudará para 2,2 mil horas, de acordo com relatório da
Comissão de Educação do Senado, que estabelece, inclusive, a obrigatoriedade de
os Estados manterem pelo menos uma escola com ensino médio regular noturno em
cada município, em caso de demanda comprovada.
· Em tempo de volta a um
passado nebuloso, vem de São Paulo o mais novo alerta: após 105 casos
confirmados, a velha e torturante coqueluche, popular guariba, sacode o cenário
epidemiológico chafurdado, já, pela dengue, covid-19 e outras tantas doenças.