a última sessão ordinária do Colégio de Procuradores de
Justiça do Ministério Público do Pará, o procurador de Justiça Cível, Waldir
Macieira, externou ao procurador-geral de Justiça, César Mattar, sua
preocupação com a situação do crime organizado no Pará e a necessidade de uma
atuação mais presente e efetiva das instituições, inclusive do próprio MP, no
combate ao crime organizado, especialmente em Belém e Ananindeua, onde população
e empresários são ameaçados de forma contundente.
O procurador afirma que tem sido crescente o número de
denúncias de moradores de diversas áreas de Belém e Ananindeua que já são
dominadas por facções criminosas e que, com o policiamento mais ostensivo
somente nas áreas centrais das cidades, tem usado como meio de arrecadar
dinheiro uma espécie de ‘pedágio’ para oferecer segurança em determinadas
áreas, como ocorreu até mesmo com candidatos destas eleições.
“Há algumas situações denunciadas à Justiça
Eleitoral - e que estão sendo investigadas -, de termos chegado ao ponto em que
até mesmo os candidatos que, para entrar em certos setores, principalmente em
Ananindeua, têm que pagar o ‘pedágio’ para narcotraficantes”, disse Macieira ao
chefe do MP.
Taxa do crime
Conforme vídeo obtido pela Coluna Olavo Dutra,
na sessão Macieira citou, inclusive, o caso recente divulgado pela imprensa,
ocorrido no bairro do Tapanã, em Belém, na manhã do último dia 28, quando criminosos
atearam fogo em um caminhão da empresa Jurunense Home Center, na rodovia do
Tapanã. Segundo informações da empresa, o ataque foi realizado por dois homens
que estavam em uma motocicleta, enquanto o motorista e o entregador da loja
realizavam uma entrega. Ninguém ficou ferido, mas já se passou uma semana e
nenhum suspeito foi identificado ou preso pela Polícia Civil do Pará.
De acordo com informações do caso divulgadas pela
imprensa, a própria empresa informou à Polícia sobre a suspeita de que o ataque
tenha sido realizado por uma facção criminosa que atua na área, devido à recusa
da empresa em pagar a chamada “taxa do crime” para operar naquele bairro. Não
podemos afirmar ainda isso, mas é o modus operandi de algumas
facções que dominam a área, inclusive já tivemos outras empresas da área que
tiveram situações semelhantes”, disse o gerente de uma das áreas da empresa,
que o veículo e comunicação teve o cuidado de preservar a identidade.
Falta segurança pública
O fato é que, por não pagar a taxa do crime, a empresa
teve prejuízos estimados inicialmente em torno de R$ 100 mil e, segundo o que
foi noticiado pela imprensa, a empresa está tomando medidas para aumentar a
própria segurança, no momento em que falha a segurança pública. “Não vamos deixar
de atuar no bairro. Não podemos deixar o crime vencer. Estamos apurando os
fatos ocorridos e tomando as medidas cabíveis para nos proteger cada vez mais
da insegurança na Região Metropolitana”, afirmou o mesmo gerente.
Bancados pelo crime
Procurado pela Coluna Olavo Dutra para
falar sobre o desabafo feito e gravado na sessão do Colégio de Procuradores do
MP, Waldir Macieira confirmou as palavras, reiterou sua preocupação e ainda
acrescentou outro fato grave, sobre candidatos ligados ao crime. “É preocupante
o que chega até nós, de saber que nessas eleições há até mesmo alguns
candidatos sendo bancados pelo crime organizado. Isso precisa ser investigado e
interrompido de imediato. Deveria ter sido no
nascedouro”, diz o procurador.
A avaliação dele é de que, nesse caminho, algumas cidades
do Pará entrem em um cenário semelhante ao de cidades que já viveram ou vivem
sob o domínio do narcotráfico. “O grande perigo disso é passarmos por situação
como a enfrentada pela Colômbia no passado recente, e pelo México atualmente”,
diz Macieira, que defende uma força-tarefa para investigar esses casos. “Temos
que ter uma força-tarefa de todas as instituições constituídas
constitucionalmente para garantir a segurança pública e o respeito ao
ordenamento jurídico vigente”, conclui o procurador.
Papo Reto
· No Pará, o MDB, presidido pelo ministro Jader Filho (foto),
já havia antecipado o cenário desastroso saído das urnas nas eleições
municipais, mas mordeu a corda.
· A ideia no partido, que agora concentra esforços em Belém
e Santarém na tentativa de evitar o pior, é que houve erros de estratégia.
· Entre os candidatos, o maior derrotado é o deputado
Antônio Doido, que disputou a Prefeitura de Ananindeua e obteve cerca de 8% dos
votos.
· Doido foi massacrado e os candidatos dele em Ourém, Santa
Maria do Pará e Tomé-Açu não tiveram melhor sorte. Não conseguiu eleger
vereador nem o irmão dele, em Marituba.
· Quem obteve êxito nas eleições foram os irmãos Pio X.
Eduardo foi reeleito em São Miguel do Guamá e Pio X Júnior derrotou Marco
Tonheiro em Irituia.
· O prefeito de Salinópolis Kaká Sena conseguiu a
reeleição. É o caso da criatura superando o criador. O resultado manda o
ex-prefeito PH se refugiar por mais quatro anos em São João de Pirabas, onde a
mulher dele também se reelegeu.
· Quem saiu fortalecido na Grande Belém foi o presidente
da Câmara de Vereadores, John Wayne, abocanhando a segunda melhor votação, com
sobras para eleger a mulher, Pamela Wayne, à Câmara de Ananindeua.
· Cilene Sabino, ex-presidente da Junta Comercial do
Pará e irmã do ministro do Turismo Celso Sabino, não passou no teste das urnas
em Colares.
· O bom desempenho do União Brasil no Pará e as articulações
do ministro do Turismo de Lula não foram o bastante.
· Os irmãos Hage voltam ao protagonismo político no
oeste do Pará, com Júnior Hage à frente da Prefeitura de Monte Alegre e Gandor
Hage eleito em Prainha.
·Os irmãos Fonseca também saem
fortalecidos politicamente na região: Delegado Fonseca é reeleito Prefeito de
Oriximiná e irmão dele, Siqueira Fonseca, foi eleito prefeito de Terra Santa.
· Apesar do aperto para manter seus redutos políticos
em meio a duas disputas acirradas, o deputado Iran Lima conseguiu fazer o
sucesso da mulher dele, Nilma Lima, na Prefeitura de no Moju, elegendo Rubens
Teixeira, atual vice.
·Em Soure, Iran cortou as asas do
senador Beto Faro e elegeu o filho Paulo Vitor.