Arquipélago do Marajó e suas 17 cidades fazem parte daquele segmento que se mostram “amados”, muito admirados, cantados em verso e prosa e usados como “cartão de visita” dos governos para vender a região turisticamente, mas a realidade é das mais sofríveis.
Há muitos e muitos anos, o Marajó
sofre pelas mazelas que o colocam como o último a ser lembrado quando o assunto
é progresso. Essa triste realidade, mais uma vez, foi apontada no relatório do
Índice de Transparência e Governança Pública, produzido pela Transparência
Internacional-Brasil, publicado no início deste mês de julho. Assim como o
relatório geral do Brasil mostra o Pará e a capital, Belém, nas piores
colocações sobre transparência, as 17 prefeituras do Marajó também seguem nas
últimas posições.
Observatório da ilha
O índice ITGP regionalizado foi
produzido pelo Observatório do Marajó e mostra o nível das prefeituras da
região, usando a metodologia da Transparência Internacional Brasil e já está no
terceiro ano. Foram avaliados mais de 70 itens relacionados, como integridade,
transparência, dados abertos, acesso à informação, participação social,
governança pública, transformação digital, obras públicas, emendas parlamentares
e transparência em gastos emergenciais.
A pesquisa teve a colaboração de
lideranças e de pesquisadoras, que coletam as informações diretamente nas
páginas oficiais das prefeituras do Marajó. A avaliação contou com o apoio
financeiro da União Europeia, por meio do projeto “Fortalecendo a
transparência, a integridade e o espaço cívico para a promoção dos municípios
brasileiros”.
O resultado das avaliações gerou
o ranking que mostra quais prefeituras precisam se aprimorar
nos temas analisados. A começar que as 17 prefeituras apresentaram avaliação
negativa em transparência; nenhum desses municípios alcançou pontuação maior
que 50 e eles foram avaliados com notas ‘regular’ e ‘ruim’, em uma pontuação
que varia de 0 a 100.
Desafios a vencer
A avaliação de 2024, ano de eleições
municipais, demonstra que ainda há muitos desafios para que seja alcançado um
cenário satisfatório de transparência e governança pública no Marajó. A ordem
de classificação entre os 17 municípios mostrou Muaná em primeiro lugar, e
Bagre, em último.
Mesmo em primeiro lugar no ranking, Muaná
soma apenas 47.7 pontos, em 100; seguida por Cachoeira do Arari (42.1 pontos),
Melgaço (41.6 pontos) e Ponta de Pedras (41 pontos), que são os municípios
classificados como ‘regular’. Os demais municípios ficaram com classificação
‘ruim’, e Bagre, com 30.3, é o pior avaliado. Os resultados demonstram que a
população vive em municípios que possuem índices inadequados de transparência
pública.
Um dado que chama atenção é que os
dois municípios, sempre lembrados por suas belas praias e com uma movimentação
turística maior, Soure e Salvaterra, estão na classificação ‘ruim’ em
transparência. O primeiro está em nono lugar, com 38.1 pontos, o segundo, em
13º, com 34.7 pontos.
Sem normas e regras
O ranking avalia
seis dimensões: legal, plataformas, administrativo e governança, obras
públicas, transparência financeira e orçamentária, e comunicação, engajamento e
participação.
Este ano, as piores notas foram
atribuídas à dimensão de comunicação, engajamento e participação, que avaliam o
quanto as prefeituras estimulam a participação da sociedade nas decisões
públicas, por meio de consultas, audiências públicas e canais de denúncia. Essa
dimensão teve média de 20.4 pontos. A melhor pontuação média foi em
plataformas, com 62.2 pontos.
Nenhum município possui norma
municipal de proteção ao denunciante e Conselho de Transparência ou Combate à
Corrupção ativo. Isso demonstra que os municípios marajoaras precisam incluir e
proteger seus cidadãos no combate à corrupção.
A dimensão em transparência de obras
públicas teve média de 44.8 pontos. Todos os municípios contam com uma
plataforma para dar transparência às obras, mas nenhuma publica as informações
avaliadas na totalidade e informações completas sobre execução orçamentária,
orçamento, valores pagos, contratações, localizações das obras e medições.
Agenda Marajó
Em ano eleitoral, a organização que
apurou os índices nos municípios marajoaras elaborou a Agenda Marajó
Transparente, que busca indicar compromissos a serem firmados pelas
candidaturas municipais nas eleições de 2024. Foram consideradas também algumas
das principais questões apontadas pela avaliação do ITGP no Marajó nos anos de
2022 a 2023.
A Agenda tem o compromisso de implementar
nos municípios a Lei de Conflitos de Interesse (a de número 12.813/2013), que
surge quando um interesse privado do agente público pode influenciar de forma
indevida o desempenho de sua função pública ou comprometer o interesse
coletivo, assim como implementar a norma de proteção ao denunciante, para
garantir segurança a quem denuncia e o incentivo do controle social.
Há também sugestões de os municípios
assumirem o compromisso na criação de um canal específico de denúncias anônimas
de corrupção nas páginas oficiais das prefeituras, assim como a garantia da
transparência do Diário Oficial dos municípios.
Papo Reto
· De ordem do comandante-geral
da Polícia Militar do Pará, coronel Dilson Júnior (foto), é
proibido fazer propaganda política nos quartéis da corporação - tiro certeiro
em um certo coronel que pretende concorrer à Câmara de Vereadores de Belém.
· Na PM do Pará, e além, corre
que o coronel Dilson Júnior, com essa medida, perdeu o prumo. Na campanha de
reeleição do governador Helder Barbalho, o comandante vestiu a camisa do MDB,
adotando uma posição agora esquisita por supostos interesses inconfessáveis. Ou
não.
· O que
fazia - além de óbvio - o coronel da PM do Pará, Hamilton Lopes, pilotando a
aeronave que fez pouso forçado em Mato Grosso com uma carga de ouro avaliada em
R$ 3,5 milhões ou mais?
· O coronel-piloto não tinha
plano de voo, e o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade - o
documento da aeronave - está vencido.
· O avião saiu de Redenção, no
Pará, com quatro tripulantes. O piloto disse à PF que iria pousar no espaço
“Bom Futuro” e iria retornar ao Pará, mas ficou sem combustível e teve que
fazer um pouso forçado.
· A velha esquerda se tornou
reacionária... Foi a arrogância de não ouvir nada que não o próprio ego que
reabriu a caixa de Pandora do fascismo no Brasil.
· A
população diz, em massa, que desaprova o governo, a gestão e os gestores e eles
repetem a chapa, repetem as alianças, repetem as promessas. São surdos à
opinião da maioria. Padecem de esquizofrenia messiânica.
· “Não
importa o que o povo pensa. Nós sabemos o que é bom pra eles. Sigam-me os
bons!”, devem dizer coitados.
· Quem conhece as malandragens
do submundo de Brasília não tem dúvida: a história que o presidente Pacheco vai
pautar, logo após a eleição, a PEC que limita em 8 anos mandato para ministro
do STF, nada mais é do que infame artifício para capturar votos junto à
oposição para o seu candidato à presidência do Senado, David Alcolumbre.
· Para surpresa dos muitos que
condenavam a maçonaria brasileira por suposto "silêncio conivente",
no caso das decisões polêmicas do STF, a Carta de Recife - editada e publicada
semana passada na capital pernambucana durante a 53ª assembleia geral ordinária
da organização -, não deixa dúvidas.
· Os maçons de fato condenam,
frontalmente, o aborto e o porte de entorpecentes, creditando ao parlamento e
não ao Supremo a legitimidade para debater esses temas.