A menos de dois anos da COP30, Pará e Amazônia não oferecem serviço de esgoto que população precisa

Estudo do Instituto Trata Brasil aponta que Ananindeua dá passo significativo na comparação com Belém e Santarém.

31/03/2024 09:30
A menos de dois anos da COP30, Pará e Amazônia não oferecem serviço de esgoto que população precisa
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ois estudos diferentes, divulgados na mesma semana, apontam que o Pará, Estado que sediará a COP30, tem uma situação muito difícil em relação à qualidade de vida. Um exemplo é o saneamento, com 91% da população vivendo sem coleta de esgoto, de acordo com o Instituto Trata Brasil. Só para lembrar, a COP30 é o maior evento sobre mudanças climáticas do mundo, organizado pela ONU, e que vem mobilizando os olhos do mundo na direção do Estado e da Amazônia.


Pesquisas apontam que Belém e o Pará continuam em situação difícil em relação à qualidade de vida da população/Fotos:Fellipe Abreu-InfoAmazônia/Portal Município-Assessoria.

Não por acaso, o assunto mais comentado da semana foi a visita do presidente francês Emmanuel Macron a Belém, para olhar, ainda que bem rapidinho, uma amostra da biodiversidade para poder falar “com propriedade” da gigante Amazônia.

 

Na mesma análise do Instituto Trata Brasil, o Pará tem ainda três das suas grandes cidades em situação delicada. A capital, Belém, e Santarém - cuja maior referência é a mundialmente conhecida Praia de Alter do Chão - estão no ranking das dez piores cidades no quesito saneamento, sendo Santarém a 3ª mais mal avaliada, e Belém, a 8ª pior. Ananindeua, que já esteve por mais de dez anos no ranking das dez piores, conseguiu dar um passo à frente, melhorando uma posição, isto é, caindo para a 11ª pior cidade no ranking do saneamento.

 

Desiguais e favelizadas

 

O segundo estudo, publicado dois dias depois da análise do Trata Brasil, é o “Mapa da Desigualdade”, do Instituto Cidades Sustentáveis, o ICS. No mapa, o ICS reuniu e analisou dados retirados de plataformas públicas como o IBGE e os ministérios da Saúde e da Educação e, pela primeira vez, cruzou e analisou essas informações referentes somente às capitais, com um resultado triste - mas esperado - para a Região Norte do Brasil.

 

Pelo estudo, as capitais da Região Norte têm as maiores taxas de moradia em favelas do País, com Belém (PA) e Manaus (AM) no topo da lista das capitais mais favelizadas, sendo as únicas duas capitais em que mais da metade dos domicílios está em favelas: 55,49% em Belém e 53,38% em Manaus.

 

Não bastasse, as duas cidades também apresentam os piores indicadores de saúde e saneamento básico, sendo as únicas duas capitais do País em que mais da metade dos domicílios está em favelas: 55,49% em Belém e 53,38% em Manaus.

 

Iguais apenas na pobre

 

Depois da Região Norte, vem a segunda pior em situação, a Nordeste. Juntas, as duas regiões concentram oito das 10 capitais com maior proporção de favelados. Depois de Belém e de Manaus aparecem Salvador (BA), com 41,83%, Vitória (ES) - a única fora das duas regiões -, com 33,15%, e São Luís (MA), com 32,42%.

 

Nas últimas posições


As capitais da Região Norte também estão nas últimas posições em saneamento básico. Porto Velho (RO) e Macapá (AP) são as duas capitais do País com menor cobertura de água e esgoto, mas Belém também está entre as cinco piores capitais em ambos os quesitos, segundo dados de 2021. O Mapa da Desigualdade comparou as 26 capitais em um conjunto de 40 indicadores sociais.

 

Leve melhora, sai da UTI

 

É apenas uma leve melhora, mas é preciso que se diga, uma vez que para chegar a ela muitas estações de tratamento de esgotos precisam ser melhoradas, e isso aconteceu em Ananindeua, apontada agora pelo ITB como a 11ª cidade mais mal colocada no ranking, que avalia os serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto. A cidade figurou por mais de dez anos entre as dez piores, onde ainda permanecem Santarém, como a 3ª mais mal avaliada, e Belém como a 8ª pior.

 

Esse “um ponto” que parece pouco ranking ecoa significativamente no conjunto da qualidade de vida. Segundo o ITB, na lista das 100 maiores cidades do Brasil, Ananindeua saiu da 100ª posição - portanto, do último lugar - entre os lugares para se viver com qualidade de vida no País, em 2020, subindo para a 90ª posição em 2024.

 

Virada em três anos

 

“Por muito tempo, o município era conhecido por estar entre as dez piores cidades ranqueadas pelo estudo, inclusive chegando a ficar na última posição. Ou seja, esta é a primeira vez, depois de tanto tempo, que os índices de saneamento têm apresentado um bom desempenho, ainda mais, crescendo de forma gradativa nos últimos 3 anos”, comentou André Carvalló, consultor da Secretaria de Saneamento e Infraestrutura de Ananindeua.

 

Uma questão de Estado.

 

Carvalló lembra de um detalhe que faz bastante diferença no cenário. É que os dois critérios com maior peso no estudo do ITB são o abastecimento de água e o esgotamento sanitário, que são operacionalizados pela Companhia de Saneamento e Abastecimento do Pará, a Cosanpa. Segundo dados de 2022 do IBGE, apenas 36,62% da população de Ananindeua é atendida adequadamente com coleta de esgoto.

 

Na mesma batida

 

A Cosanpa, por sua vez, emitiu nota sobre o fato, informando que já atende 52 dos 144 municípios paraenses, ou seja, praticamente e somente um terço. A Companhia diz que, em parceria com o BNDES e o BID, está investindo em obras de tratamento de água e esgoto sanitário em Belém e Região Metropolitana.

 

As obras na capital, segundo Cosanpa, são a segunda etapa da Estação de Tratamento de Água do Bolonha, que atende os municípios da Região Metropolitana, além da Estação de Tratamento de Esgoto do Una. Já na região oeste do Pará, as obras são em Santarém, no novo Sistema de Abastecimento de Água, e em Alter do Chão, onde estão sendo construídas as estações de tratamento de água e esgoto e a perfuração de 13 poços.

 

Papo Reto

 

Destituído da presidência do diretório do PL em Parauapebas por intervenção da própria ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, o vereador Aurélio Goiano (foto) foi parar em Brasília.

 

Em companhia de Gilberto Laranjeira, o "imortal" secretário de Saúde de Darci Lermen, do MDB, Goiano peregrinou por horas pelos gabinetes da cúpula nacional do PP, mas deu com a cara na porta.

 

Primeiro colocado na disputa da prefeitura de Pebas, Goiano teria sido vítima da tesourada ex-primeira dama por seu temperamento "explosivo e vitimista", o que remete a um alerta.

 

Como se sabe, temperamento “explosivo” no PL tem dono no Pará, mas isso são outros quinhentos.

 

Voltando a Goiano, sua tentativa de obter legenda para disputar a bilionária prefeitura resultou deserta, haja vista que Ciro Nogueira, que comanda a cúpula do PP, já definiu planos para o município.

 

O que ninguém entende é a companhia de Goiana, Gilberto Laranjeira supostamente dando uma forcinha ao maior adversário de Darci Lermen.  

 

A coluna errou" - aponta a leitora Graciete Azevedo, de Icoaraci. "São três e não dois os montes de lixo e entulho ignorados pela gestão Ed50 às proximidades do Fórum e da sede do Ministério Público na Vila".

 

 “A coluna acertou", diz o leitor AM, do Jurunas. "Até eu, dono de um punhado de salas comerciais, passei a pagar mesada a uma Orcrim, a partir de janeiro, para poder trabalhar em paz".

 

Os dois casos acima comprovam: quando uma porta se fecha, Deus costuma abrir outra.

 

Feliz Páscoa!

 

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