eza a lenda que, por trás da
cortina, jornalismo e publicidade nem sempre caminham juntos e, às vezes, são
até arquiinimigos. Nesse caso - sem querer criar inimizades -, a turma do marketing de
alguns políticos consegue a proeza de provocar boas reflexões, ou boas risadas.
É o caso da propaganda eleitoral do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, do
Psol, e do vice de Bragança, Mário Júnior, do MDB, candidato à sucessão do
prefeito da cidade.
O peixe frito e o açaí
O time de marketing de
Edmilson criou uma peça chamada “Para a mudança continuar” -não se sabe qual
mudança, mas isso não vem ao caso agora -, que traz a imagem de peixe frito com
açaí e sugere que eles são uma “dupla inseparável”, tal e qual Edmilson e o
presidente Lula. A peça não diz quem é quem, mas a dura realidade da política
obriga o distinto público a considerar o prefeito ‘na frigideira’, não na cuia
de açaí, por assim dizer.
Podem agir pelas costas
Em Bragança, para responder aos que
lhe atingem e criticam pelas costas, o médico Mário Júnior, que agora busca a
cadeira de titular, com apoio do prefeito Raimundo Oliveira, se apresenta em
vídeo para mostrar que “vê à sua frente”. Segundo ele, enquanto seus
adversários falam “pelas costas”, à sua frente há diversas obras na saúde
pública da cidade, área que, por ser médico, ele tem colocado como bandeira
central da sua campanha.
Mário Júnior foi eleito vice-prefeito
pelo DEM, na chapa de reeleição do prefeito Raimundo Oliveira, então no PSDB.
Em abril, nove vereadores do grupo político também se filiaram ao partido, que
agora forma 59% da Câmara de Bragança, a maior bancada do Pará, mas a sucessão
em Bragança é um caso a estudar, seja qual for o resultado da eleição.
Ingredientes da fritura
Enquanto na culinária os principais
ingredientes da fritura do prato da propaganda de Edmilson Rodrigues são
o peixe e o óleo, na política, a receita da “fritura” tem ingredientes como o
esvaziamento de poder, ‘caneladas’ em pronunciamentos públicos, nas redes
sociais e nas declarações em coletivas de imprensa ou em transmissões ao vivo e
até, infelizmente, em atos que sobram para a população, como os boicotes a
licenciamentos de obras, repasses de recursos e no trâmite de processos
na máquina sob o comando.
O desgaste do prefeito de Belém junto
ao eleitorado passou por tudo isso, e hoje se reflete nos altos índices de
rejeição coletados nas pesquisas de opinião divulgadas até aqui. A COP30
pode ser considerada um divisor de águas, ou um tanto assim do aceite da
fritura do prefeito Edmilson Rodrigues. A parte da gestão ao longo de quase
quatro anos não tem semelhança com açaí nem aqui, nem na Cochinchina e,
portanto, deve caber a Lula.
Cavalo de Troika
Na primeira pesquisa - do Instituto? -
Troika publicada nos últimos dias em parceria com a Doxa, à pergunta “se
a eleição fosse hoje, em quem você votaria para prefeito de Belém?”, o
pré-candidato do MDB, Igor Normando, e o deputado federal Eder Mauro, do PL,
aparecem tecnicamente empatados, com 20,8% contra 19,5%, respectivamente. O
prefeito Edmilson conta 13,1% das intenções de voto. Não souberam responder, brancos e nulos vão
de 63% na espontânea para 12,1% na estimulada. A pesquisa foi realizada entre os
dias 15 e 18 de julho com 1000 entrevistados em todos os distritos de Belém e
tem confiança-margem de erro de 3,1% para mais ou para menos - Pesquisa
registrada no TRE/01617/2024.
Menos, mas nem tanto
Fonte ouvida pela coluna avalia que o
levantamento mantém a tendência de estudos anteriores: crescimento lento do
Igor Normando, ancoragem de Edmilson Rodrigues e movimentação nervosa entre os
menores de menor peso, que têm intenção inferior a 10 pontos, “uma dança que
sempre ocorre, podendo haver reposicionamento entre eles a partir de debates ou
de confrontos públicos, por exemplo”, esclarece.
Milagres acontecem
A rejeição do prefeito de Belém se
acomodou, mas ainda em patamares impossíveis de serem vencidos sem um milagre
divino ‘dos grandes’ - tipo abrir o Mar Vermelho com um cajado. Resumo da
ópera: Edmilson e seus blue caps perderam o timing.
Sua comunicação jogou contra ele e contra seu governo o tempo todo. Ele aparece
em vídeo e a rejeição aumenta, sustentando uma antipatia atávica.
“Faltam 70 dias para o eleitor depositar o voto na urna. Difícil acontecer algo que já não esteja desenhado nos números expostos pelas pesquisas”, define a fonte.
Papo Reto
· Em Belém, a
caserna estremeceu, ontem, com a decisão do coronel Adauto (foto),
do Batalhão da PM em Capanema, de exigir “apuração rigorosa” sobre denúncias
formuladas por supostos praças da corporação.
· O militar, cotado nos últimos
anos para o comando da PM, tomou a decisão para provar que as informações são
falsas e fazem parte de uma intriga de quartel sem precedentes.
· A Agência Belém, da
Prefeitura de Belém, anda tão em baixa, mas tão em baixa que, para fazer
reportagens sobre o veraneio em Mosqueiro, nem fotógrafo tem. O repórter
enviado faz texto e foto, e isso ocorre já há duas semanas.
· A candidatura de Cilene
Sabino, irmã do ministro do Turismo, Celso Sabino, em Colares, não vai às mil
maravilhas como se imaginou. Há resistência da atual prefeita, que mandou o
acordo para o espaço.
· Em Magalhães Barata, onde o
União Brasil também lançou candidato - supostamente funcionário da Sudam -, a
situação é menos grave, apesar de o candidato ser considerado um “forasteiro”
na cidade.
· Não será novidade se os
dirigentes do Partido Solidariedade derem meia volta para retomar o controle da
legenda em Ananindeua - talvez pela via judicial. Tudo pode acontecer, inclusive
nada.
· A vaga de vice na chapa do
atual prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, virou objeto guardado a sete
chaves. O temor é de que interferências externas acabem “melando” o nome
escolhido. Todo cuidado é pouco.
· O
deputado estadual Iran Lima, do MDB, conhecido em Soure, no Marajó, como “tio
Iran”, pelo parentesco com o atual prefeito e sobrinho, Guto Gouvêa, está
apoiando o filho Paulo Vitor Lima, à sucessão.
· O candidato conta com a força
do prefeito, que cumpre seu segundo mandato, com mais de 80% de aprovação e,
dizem, já estaria tecnicamente empatado com o candidato do PT, professor Nick,
que tem apoio do senador Beto Faro.