Associação reage à nomeação de diretora do Museu do Marajó e denuncia trapalhada do governo

Indicação política quebra acordo de gestão compartilhada para favorecer candidato do MDB à Prefeitura de Cachoeira do Arari.

25/07/2024 12:00
Associação reage à nomeação de diretora do Museu do Marajó e denuncia trapalhada do governo
O


s integrantes da Associação Museu do Marajó publicaram uma nota de repúdio direcionada à Casa Civil da Governadoria do Pará por conta da nomeação da nova diretora do Museu do Marajó, que fica localizado na cidade de Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó. A nota foi publicada em 19 deste mês e é assinada pelo atual presidente da associação, Otaci Gemaque.


Nomeação de Meire Freire é atribuída ao ex-secretário regional de governo no Marajó Jaime Barbosa, candidato a prefeito, cargo do qual foi afastado/Fotos: Divulgação.

A Associação não aprova, principalmente, a forma como essa nomeação foi feita. Desde que foi reinaugurado, reformado e ganhou instalações maiores, em 2022, o Museu do Marajó é gerenciado em processo de comodato e gestão compartilhada entre a Secretaria de Cultura do Pará e o Museu do Marajó. O acordo, por sugestão da Secretaria, previa que o cargo de diretor do museu seria por indicação da associação, mas não foi o que aconteceu.

 

Mudança sem consulta

 

No início deste mês, Eduardo Portal deixou a diretoria do Museu do Marajó para ser candidato a vereador em Cachoeira do Arari. Os diretores da associação, então, encaminharam o nome de Maria José da Conceição Gama, mais conhecida como Zezé, que é a vice-presidente, para substituir Eduardo Portal. Para surpresa de todos, a sugestão foi solenemente ignorada.

 

Não só o nome de dona Zezé foi ignorado pela Secult, como a reunião com a Secretaria, em pedido encaminhado via ofício, com data do dia 2 de julho passado, e marcada para a sexta-feira, 19, às 16 horas, foi cancelada. Nem a Secult, nem a Casa Civil consideraram a sugestão e nem resposta deram ao documento. Além disso, os associados foram informados que o Museu do Marajó tem uma nova diretora já nomeada.

 

Favores políticos

 

A nova diretora do museu é Meire Feio, nomeada pela Casa Civil da Governadoria do Pará, mas que não passou pela indicação dos membros da Associação Museu do Marajó. Além disso, a indicação de Meire Feio partiu de Jaime da Silva Barbosa, ex-secretário regional de Governo no Marajó, que nem é sócio do museu, mas que é pré-candidato à Prefeitura de Cachoeira do Arari, pelo MDB, partido do governador do Pará, Helder Barbalho.

 

A indicação do nome de dona Zezé é justificada porque, além de ela já ser membro da diretoria da associação, segundo o ofício, (Zezé) “possui conhecimento, compromisso e experiência para os desafios que estão postos ao cargo, e pelo que assinamos o presente documento de indicação”.

 

Dona Zezé afirma que não foi respeitada a forma de escolha do diretor do museu, como prevê o acordo de comodato. “No comodato diz que seria uma gestão compartilhada, o que estava sendo feito até hoje, quando recebemos todos os relatórios da direção do museu e nos reunimos para decidir o que vai acontecer. Nessa escolha da nova diretora, nós ficamos de fora e a associação não foi ouvida, nem comunicada. Enviamos um nome, mas a Casa Civil não deu a menor importância ao que foi votado e escolhido e prevaleceu o que eles quiseram”, denuncia.

 

Nota de repúdio

 

No documento, em forma de nota de repúdio, a associação diz que “repudiamos ainda que o Museu do Marajó tenha se transformado em cabide de emprego político, tudo o que o nosso eterno Padre Gallo jamais permitiu”.

A associação informa que o repúdio pela nomeação de Meire Feio é público, porque foi feita sem que passasse pelo diálogo com os associados e sem acatar a sugestão feita por eles. Eles dizem ainda que essa nomeação está “em total descompasso com que entendemos ser uma gestão compartilhada e está em descumprimento ao acordo em audiência pública com o Ministério Público do Pará, quando foram feitas as definições do comodato e a forma de gestão do museu”.

 

Por fim, a associação exige que a nomeação se torne sem efeito e que seja cumprido o que estabelece o comodato e os acordos realizados.

 

Museu do Marajó

 

O Museu do Marajó foi criado pelo padre italiano Giovanni Gallo em 1972 na cidade de Santa Cruz do Arari, na Ilha do Marajó. O museu teve sua sede transferida em 1983 para a cidade vizinha de Cachoeira do Arari, onde sempre contou com apoio da sociedade local para a implementação do espaço. Após a morte do padre Gallo, passou a ser gerenciado por um diretor escolhido pela associação que foi estabelecida para ser gestora do museu.

 

Segundo informações que estão no site da Secult, “o espaço passou a fazer parte do Sistema Integrado de Museus no início de 2020, quando foi assinado um termo de comodato entre a administração do espaço e o governo do Pará. O objetivo foi assegurar a salvaguarda das peças durante a reforma, que interveio na fundação, cobertura, reestruturação da reserva técnica, troca da pintura e do mobiliário e ampliação do espaço do museu”.

 

Papo Reto

 

· Hospital das Bem Aventuranças, instituição filantrópica de propriedade da Diocese de Bragança instalado em Viseu, completou 25 anos de atividades e seu administrador, Padre Aldo Fernandes, organizou prestigiada programação.

 

· Padre Fernandes e especializado em gestão hospitalar pela PUC do Rio de Janeiro, para onde foi enviado por Dom Luís Ferrando, então bispo regente, hoje emérito.

 

· Trata-se de um raro caso de padre qualificado nessa área no âmbito da CNBB Norte 2. Talvez por isso o hospital, que passou por severa crise de governança, agora faz a diferença.

 

· Um exemplo que o bispo Dom Possidônio da Mata (foto) pretende implantar no Hospital Santo Antônio Maria Zacaria, em Bragança, o que está deixando muita gente doente.

 

· Servidores municipais de Itaituba, no oeste do Pará, protestaram pelas ruas da cidade, ontem, contra diversos cortes nos salários.

 

· A categoria mais afetada foi a dos vigias de escolas municipais, que tiveram, sem razões esclarecidas, corte de 20% no salário. A prefeitura não se pronunciou sobre a manifestação.

 

· O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o Brasil possui uma “Corte do Gás”, que “loteou o Brasil como se as regiões fossem capitanias hereditárias”.

 

· As declarações aconteceram nesta quarta, 24, durante um evento em Sergipe. Silveira também afirmou que esses empresários “criaram ilhas do gás, com preços abusivos que levaram o setor a uma espiral da morte”.

 

· São Paulo foi a capital mais seca do Brasil na última terça, 23, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia.


· A umidade relativa do ar registrada à tarde foi de 13% na estação meteorológica do Mirante de Santana, na zona norte da cidade.

Mais matérias OLAVO DUTRA