á pelo menos dois anos, quem mora na Terra Firme - não necessariamente na área central do bairro - sofre com as mazelas de um dos mais atrapalhados projetos já executados na periferia de Belém: a reforma do mercado municipal. Tanto o tempo da obra quanto as dificuldades provocadas por ela afetaram a vida de todo mundo ao longo da avenida Celso Malcher, principal via de acesso ao bairro.

Explica-se: sem ter como levar os feirantes do mercado para longe de onde pulsa
o comércio informal do bairro, ou seja, o entorno do mercado, a equipe da
competente Prefeitura de Belém, sob gestão do arquiteto Ed50, alocou todo mundo
em barracas improvisadas no meio da avenida, fechando o acesso central à Terra
Firme e provocando uma série de atritos com outros feirantes já instalados às
margens da mesma avenida.
Descaminhos remendados
Os
acessos passaram a ser feitos por ruas alternativas, como a São Domingos e a
Passagem Nossa Senhora das Graças, destruídas pelo peso de ônibus e caminhões e
pelo fluxo intenso de carros menores, para os quais as vias não foram nem um
pouco projetadas. Até mesmo a recém inaugurada avenida Tucunduba já apresenta
intervenções improvisadas, como lombadas fora dos padrões, dado o trânsito
intenso.
Uma vez iniciadas as obras, foram muitos os imóveis do entorno afetados pelo
trabalho de bate-estacas e demais maquinários utilizados no projeto. Muita
gente entrou na Justiça pedindo reparos em rachaduras ou ressarcimentos por
trabalhos de reparação de prédios e residências em processos que ainda hoje
tramitam sem definição.
Esse excesso de reclamações e os riscos identificados pela Defesa Civil em
algum desses imóveis levaram a várias suspensões do projeto, retardando a
conclusão da obra e aumentando a angústia de quem vende ou compra nas
barracas mal feitas de madeira.
Feirantes
e clientes ainda precisavam dividir o cotidiano com montanhas e mais montanhas
de lixo a céu aberto, muitas delas formadas com ossos e despejados em plena via
pública por açougues.
Diante do atraso absurdo, houve bolo de parabéns quando a obra completou um ano
e protestos em outras ruas do bairro, como na avenida Perimetral, para exigir
uma atitude da prefeitura, que parecia ter abandonado a obra de vez.
Ferramentas
e sacas de cimento deixadas na área interna do mercado foram levadas. A gestão
só foi dar atenção para quem sofria com o atraso da obra no ano eleitoral - e
isso porque precisava, desesperadamente, de voto.
Festa cancelada
Em uma dessas ações, o ex-prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol, tentou
inaugurar - pasmem! - a calçada do Mercado da Terra Firme em setembro do ano
passado. Assessores e equipes de marketing do programa de TV chegaram a se
posicionar na fachada da obra. A ameaça de recepção à base de tomate e ovo por
parte dos feirantes, no entanto, fez a coordenação da campanha de Ed50 desistir
e cancelar o evento absurdo.
Agora, as barracas foram desmontadas e deram lugar a uma montanha sem fim de
entulho. A avenida Celso Malcher finalmente será liberada. O mercado, logo em
seguida. A ocupação do novo espaço ficou de ser retomada gradativamente a
partir de ontem, 16 de janeiro. Na sofrida Terra Firme, a simples retomada da
normalidade, ainda que sem benefício algum, já é vista como “muito” para quem é
acostumado com “quase nada”.
Papo Reto
· Celso Sabino (foto), ministro do Turismo, tem
no passaporte destinos como Barcelona, Paris, Nova Iorque, Moscou e vários
outros. Custou R$ 556,3 mil, registra o colunista Cláudio Humberto.
· O Pará se manteve em alta no comércio exterior em 2024,
ficando entre os três maiores exportadores do Brasil, com um crescimento
percentual de 3,06% em comparação com 2023.
· O Estado registrou saldo comercial positivo de US$ 20,9
bilhões, com exportações que totalizaram US$ 22.9 bilhões e importações que
somaram US$ US$ 2 bilhões, representando crescimento de 7,26%.
· Os dados são do Ministério da Economia, analisados e
divulgados pelo Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do
Estado do Pará.
· Indígenas em Belterra bloqueiam BR-163 em reivindicação à
manutenção do Ensino Modular.
· O governo acabou anulando o ato da Receita Federal que
arrochava a fiscalização das transferências via Pix acima do teto de R$ 5 mil.
· Dizem que a explosão da revolta popular contra a medida
fez Lula passar mal na noite de terça-feira, "soltando os cachorros"
contra a equipe econômica, obrigando a assessoria a desfazer a medida.
· Aliás, foi no mínimo sinistro o “sincericídio” do
secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, ao afirmar, reiterar e
agradecer o "apoio da imprensa" no caso do arrocho nas transações do
Pix.
· Em tom de "gesto de bondade", Robinson
Barreirinhas culpou a oposição por inviabilizar sua instrução normativa através
da disseminação de fake news.
· Mas acabou, ele mesmo, incorrendo em meia verdade ao
desinformar que a oposição divulgava que o Pix seria taxado.