magine essa em pleno veraneio: você acorda, se espreguiça e se prepara para tomar o tradicional café com pão na primeira refeição do dia. Pouco tempo depois, começa a sentir um mal-estar, mas sai de casa - e é flagrado em uma blitz. No teste de alcoolemia, o chamado “teste do bafômetro”, pimba!
Todo
cuidado é pouco: tudo isso pode acontecer porque os brasileiros estão bebendo
café contaminado e comendo ‘pão de forma’ com altos níveis de álcool.
Nota
do redator: favor não tentar esse argumento para negar que ingeriu álcool além
da conta.
Dois estudos divulgados
recentemente mostram que a população está consumindo alimentos impróprios. No
início deste mês, o Ministério da Agricultura e Pecuária, o Mapa, divulgou uma
lista com 19 marcas de café torrado consideradas impróprias para consumo
humano, e na quinta-feira, 11, uma pesquisa da Associação Brasileira de Defesa
do Consumidor, a Proteste, mostrou que há presença de álcool em marcas
populares de ‘pães de forma’.
Álcool no pão
Se
algumas marcas de ‘pão de forma’ fossem consideradas bebidas, elas seriam
alcoólicas. O levantamento foi feito pela Proteste em fevereiro deste ano. Pelo
Decreto 6.871, de 4 de junho de 2009, para que uma bebida seja considerada não
alcoólica, a legislação brasileira determina que ela deve conter um teor máximo
de etanol de 0,5%.
O
estudo mostra que alguns pães brasileiros deveriam ter um aviso na embalagem:
“Contém álcool”. A lista com as marcas acima de 0,5% de teor alcoólico são:
Visconti (com 3,37), Bauducco (1,17), Wickbold 5 zeros (0,89), Wickbold Sem
Glúten (0,66), Wickbold Leve (0,52) e Panco (0,51).
Assopra aqui
Segundo
o Departamento Nacional de Trânsito, Detran, a quantidade segura de álcool no
organismo seria abaixo de 3,3g de álcool. Ou seja, ao consumir duas fatias de
alguns produtos, isso pode aparecer no teste do bafômetro e 'acusar'
alcoolemia.
As três marcas que podem causar
esse problema são: Visconti, com 1,69% por 50 gramas ou duas fatias de pão de
forma; Bauducco, com 0,59 e Wickbold 5 zeros, como 0,45.
Parede; e é álcool
É
fato que o pão é um alimento muito perecível. Para evitar o mofo e garantir que
o pão fique intacto e dure mais, a indústria usa conservantes diluídos em
álcool e borrifados no produto antes de embalar.
Quando
essas aplicações são exageradas, o pão fica com um teor de etanol muito elevado,
e isso se junta ao tempo que esses produtos podem ficar expostos nas
prateleiras dos supermercados e padarias porque, mesmo em um produto dentro do
prazo de validade, o teor de álcool continua presente.
“O
álcool usado para diluição do conservante - colocado após o pão passar pelo
forno -, deve ser evaporado até o consumo em si do pão, mas, se houver um abuso
na quantidade do antimofo ou em sua diluição, isso pode não ocorrer e ocasionar
um pão com um teor de etanol muito elevado”, diz o texto da pesquisa.
A Proteste considera esses casos
muito graves. Tanto que lançou um site na internet, no link https://www.
Café impróprio
Além
de mostrar a lista dos cafés torrados impróprios ao consumo, o Mapa informou
que os produtos na lista devem ser recolhidos pelas empresas responsáveis. “A
ação está respaldada pelo artigo 29-A do Decreto 6.268/2007, que prevê a
aplicação do recolhimento em casos de risco à saúde pública, adulteração,
fraude ou falsificação de produtos”, destacou.
O
ministério detalhou ainda que o alerta faz parte de desdobramentos da Operação
Valoriza, com fiscalizações realizadas em todo o País entre os dias 18 e 28 de
março deste ano, quando foram coletadas 168 amostras de café torrado.
Parece, mas não é
As
fiscalizações de café torrado são realizadas pelo Departamento de Inspeção de
Produtos de Origem Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária. As marcas
irregulares apresentam impurezas como cascas, galhos e resíduos de outras
espécies vegetais.
“A matéria-prima
utilizada para fraudar o café costuma ser de baixa qualidade, podendo conter
resíduos de agrotóxicos ou outras substâncias prejudiciais à saúde. Para
celíacos, por exemplo, o café fraudado com cereais traz os efeitos
característicos do consumo de glúten”, explica Hugo Caruso, diretor do
departamento.
Evite se possível
São
19 os lotes de marcas de café que foram considerados impróprios: os lotes 01,
11 e 02 do Café do Norte, do estado do Amazonas; lotes 003 do Café do Povo, 125
do café Sultão e 120 do Aladdin, de Goiás; os lotes 545 e 177 do café Mila, de
Minas Gerais; o lote 05824 do café Quitada, do Mato Grosso; lote 24fev2024 do
café Serrano, de Pernambuco; lote 08 do Lago Bom, Paranaense, dois lotes do
café Sansão e o lote 4 do café Castro, todos do estado do Paraná; lotes 139 e
143 do café Meu Café, do Tocantins; lote 4 do Córrego de Ouro, de Minas Gerais;
lote 62 do Bule Nobre, de Goiás; lote 203 do Café de Minas, de Minas Gerais;
lote 05/06/2024 do café Ouro Minas, de Minas Gerais; lote 185 do Aroma Premium,
de Mato Grosso; lote 90 do café Casão, do Mato Grosso; e lote 7809, do café
Made in Brazil, de São Paulo.