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mais boa vontade que se tenha, é inevitável comparar: transformaram a Região
Metropolitana de Belém em uma arapuca tão gigantesca que, se depender da
vontade de cada um, quem está fora não entra, quem está dentro não sai. Não se
pode mais andar em Belém e região senão a um custo altíssimo de tempo,
paciência e dinheiro, como ratos de laboratório, que patinam por longo tempo em
uma esteira até o destino final.
Não
há dúvida de que o sentimento geral gira em torno da “obra do fim do mundo”, o
BRT Metropolitano, onde o tráfego é reconfigurado do dia para a noite e, não
raro, faz vítimas uma atrás da outra depois de cada noite mal dormida pela
expectativa do fantasma da entrada e da saída seguintes.
Ironicamente,
para se alcançar a tão sonhada mobilidade urbana que enfeita os discursos
oficiais, em Belém a população é manietada por falta de planejamento e diálogo.
O poder público não “fala” com o trânsito; manda recados que os mensageiros,
provavelmente cansados e com má vontade, sequer transmitem com precisão - e
tudo para ou se arrasta.
Vias sem alternativas
São
louváveis as tentativas de criar vias alternativas para tirar a população de
Belém da “caixa”, mas a preferência é pela linha reta - o corretor tradicional
-, até porque as vias secundárias também carecem da presença do homem de
trânsito para orientar. O poder público prefere as máquinas, o olho do big
brother que denuncia, julga e condena ao mesmo tempo e carrega na
sentença, com multas e punições pesadas. Andar em Belém é um calvário escrito
pelo Estado insensível.
Cinco carnavais e mais
Depois
de cinco invernos, cinco carnavais, cinco semanas santas, cinco férias
escolares, cinco círios, cinco festas de fim de ano e mais cinco meses por
cima, o BRT Metropolitano não evoluiu a ponto de criar uma expectativa de
conclusão para a população da Região Metropolitana e o restante dos municípios
do Estado que demandam a capital; muito pelo contrário.
Adiamentos eternos
Anunciado
com pompa e circunstância como um dos primeiros atos do governo Helder
Barbalho, em 2019, o projeto, deixado pelo governo anterior pronto e acabado e
com recursos em caixa - R$ 384.607.698,55, segundo o contrato -, tinha prazo de
conclusão de 19 meses, isto é, janeiro de 2020, ano em que contava cerca de 10%
da obra executada. Foi adiado para 2021, depois 2022, 2023 e 2024, mas, nada...
Aliás, hoje, o governador Helder Barbalho ainda arrisca este prazo, mas a
vice-governadora se refere à conclusão em 2025.
Calvário todo santo dia
O
certo é que no trecho traçado do projeto, que representa bem mais do que uma
via expressa de 10,8 Km de Belém a Marituba, o que se vê é um calvário, perigo
de morte, metade das estações de passageiros destruída, blocos de concreto
deslocados para redefinir espaços, trânsito lento, engarrafamentos e
fiscalização feita por estátuas fardadas sob o ar-condicionado de carros
oficiais afrontando os mortais irritados e avexados.
Águas que imobilizam
O
torniquete aperta quanto mais chove: não bastasse a água acumulada nas pistas e
os igarapés que transbordam, agora é o túnel do Entroncamento ditando o ritmo
da mobilidade. Nesta semana, o novo secretário de Urbanismo de Belém,
Lélio Costa (vídeo), veio a público admitir que as bombas usadas
para drenar as águas do túnel estão quebradas – mas serão recuperadas pelo
prefeito de Belém, uau! -, apontando restos de material de construção
despejados pelas obras do BRT como um dos responsáveis pelos alagamentos.
A
caixa é sufocante e não sinaliza saída honrosa. Na última sexta-feira,
funcionários de um hospital particular em Ananindeua fecharam literalmente a
BR-316 das 15 horas às 19 horas em defesa dos seus direitos trabalhistas, mas,
no dia seguinte, sábado, a população que tentou sair da cidade em busca de
descanso não teve esse direito, como todo santo dia.
Uma cidade tetraplégica
Belém
está tetraplégica. Mobilidade é apenas um discurso dentro e fora da cidade,
para quem entra ou quem sai, ainda que seja em cadeira de rodas, e tudo passa
pelas intermináveis obras do BRT Metropolitano. Cobrar providências do poder
público é como acender uma luz: quem não se levanta para apertar o botão não
deve reclamar da escuridão.
Papo Reto
· Sobre o
contrato da prefeitura e a ex-secretária de Educação de Belém Márcia
Bittencourt, que o prefeito Edmilson Rodrigues (foto) desconhecida,
diz que.
· Para a
alegada inexigibilidade de licitação, seriam necessários especialização tão
extraordinária e saber tão grandioso na área que a Secretaria exigiu assessoria
e consultoria técnico-pedagógica para projetos estruturantes do Alfabetiza
Belém e outros itens do contrato.
· Para
uma professora do município que avaliou a questão: “Em Belém há toneladas de
professores com essa expertise”.
· Resumo da ópera: pelo contrato e seu objeto pode-se
afirmar que existem graves indícios de clara manipulação, compadrio, esquema e
privilégio de contratação fraudulenta para apropriação do dinheiro público. Com
a palavra, o MP e o TCM.
· Estima-se
que 2% a 3% das pessoas no mundo, muitas não diagnosticadas, sofram com
intolerância ao glúten, elemento presente em cereais como trigo, cevada e
centeio.
· Hoje,
Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Celíaca, vale registrar que, só
no Brasil, segundo a Fenacelbra, imagina-se haver 2 milhões de pessoas sofrendo
com os efeitos da intolerância ao glúten.
· Acredite,
mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas pelas enchentes no Rio Grande do
Sul. São 241,1 mil pontos sem energia elétrica e 136 mil domicílios sem
abastecimento de água.
· Aliás, ontem, o Senado aprovou, por 61 votos a 0, o
projeto de lei complementar que suspendeu por três anos o pagamento da dívida
do estado, estimada em R$ 98 bilhões.
· Em nome
de recomposição salarial, realização de concurso público e reestruturação das
unidades, servidores de hospitais federais no Rio de Janeiro paralisaram
atividades por tempo indeterminado.