erfil no Instagram chamado “Um
Autista na Universidade” mostra, desde agosto deste ano, como se processa uma
pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), servidor
público, graduando em Saúde Coletiva pelo Forma Pará da Universidade
do Estado do Pará (Uepa) nas relações com a universidade para ter o direito que
lhe cabe: estudar, mas, no caso, sem conseguir a devida atenção que lhe confere
a lei.
O perfil publicou um vídeo em que o
aluno conversa com uma professora da Universidade perguntando a ela sobre
trabalhos e provas, e informando que não frequenta todos os dias a
universidade, ao que ela responde perguntando se há algum motivo para as
faltas dele às aulas. O aluno informa, então, que é portador de
deficiência, o único na turma dessa professora. A professora diz que
não foi informada: “O coordenador pedagógico não me informou”, justificou.
Saga para estudar
O estudante conta que
foi aprovado em uma vaga para PcD, visto o diagnóstico que tem.
No entanto, o conhecimento por parte da Uepa acerca do ingresso do
estudante com TEA não tem sido suficiente para que promova as tecnologias inclusivas.
Segundo o estudante, a instituição
não se preparou e nem vem preparando o corpo docente, por exemplo, “sobre
a particularidade da turma que integra um estudante PcD, que necessita de
adaptações pedagógicas que garantam a sua permanência na graduação”.
Falta de alinhamento
O estudante diz que, em consequência
da falta de alinhamento claro na comunicação entre a instituição e os
professores, o autista tem passado por situações constrangedoras, “com
explícitas atitudes de capacitismo e práticas pedagógicas com cobrança de
formatos avaliativos equivocados, que não contemplam o estudante PcD, e que o
discriminam”.
“Esse déficit que a
comunicação institucional gera com o corpo
docente traz maiores transtornos de ansiedade generalizada ao
estudante, visto que ele não sabe como abordar o assunto de maneira
repetitiva, tendo sempre que se apresentar a cada novo professor,
relatando sua condição e esperando que o professor tenha algum olhar de empatia
com a situação.
Essa “comunicação", aliás, já
deveria ter sido alinhada entre os dirigentes do programa de formação superior
e o corpo docente, para que o estudante não tivesse que se expor
a situações que nem deveriam estar acontecendo”, continua o
perfil.
Como as coisas ficaram
Após a conversa com a professora, o
estudante, durante o semestre, frequentou duas aulas - de cinco
- e produziu conteúdos acadêmicos, sendo um deles o perfil no
Instagram que diz ser um “manifesto estudantil”, que leva o nome de “Manifesto
estudantil: Barreiras atitudinais e institucionais na contramão da inclusão do
Autista na Uepa”. Com isso, obteve média 8, nota suficiente para ser aprovado.
Mas o estudante foi reprovado por “faltas”.
A professora, no entanto, disse ao
estudante que não possuía autorização da coordenação pedagógica, neste caso,
para trabalhar tecnologias inclusivas, cabendo ao estudante reclamar tais
direitos perante à direção da instituição.
Caiu nas redes
A Coluna Olavo Dutra conversou
com um especialista em TEA, segundo quem “é muito frustrante” que o
governo estadual viva promovendo o assunto Autismo, “mas no quintal de casa, a
Uepa, é assim que está”.
“As pessoas na universidade
precisam tomar atitudes em relação ao TEA e implementar uma
inclusão de verdade”.
Os comentários na internet concordam
totalmente com a postagem: “A política de permanência é uma falácia. Fica só no
discurso. Atuam intencionalmente para cansar o aluno e o mesmo desistir do seu
direito a estudar”.
“Sinto muito mano, sei um pouco da
sua luta e lamento profundamente o descaso com o seu processo acadêmico. Espero
que você encontre forças para persistir, mesmo com tantas batalhas. Inclusão na
verdade ainda é um discurso vazio nas instituições”.
“Infelizmente, isso ocorre nas
universidades e é pouco falado. A falta de profissionais, falta de material,
falta estrutura organizacional e, não menos importante, falta atitude
acessibilitadora”.
A coluna solicitou
um posicionamento à assessoria de comunicação da Universidade sobre o assunto e
aguarda resposta.
Papo Reto
· A prefeita do Moju Nilma Lima,
do MDB, foi nomeada pelo governador Helder Barbalho nova titular da Ouvidoria
Geral do Estado.
· Coincidência ou não, Nilma
Lima ganha o cargo logo depois que o marido dela, o deputado Iran Lima (foto),
líder do MDB na Assembleia, foi informado de que não será o novo presidente da
Casa.
· Resta ao parlamentar, se Deus
mandar bom tempo, aguardar as próximas eleições para concorrer, talvez, a uma
das vagas na Câmara Federal.
· Aliás, na composição política
para presidente da Assembleia Legislativa, o governador Helder Barbalho optou
pela permanência do deputado Chicão Melo.
· A Coluna Olavo Dutra agradece
as manifestações recebidas por conta da decisão do juiz Alan Gomes no processo
movido contra o editor Olavo Dutra pelo presidente do Igepps.
· Fique claro desde já: por
obrigação profissional - e pela natureza deste que vos escreve -, nenhuma
arrogância ou falcatrua será tolerada. A Justiça existe, cedo ou tarde. Vai
pensando que não...
· Promotores
e promotoras de Justiça - não necessariamente o Ministério Público do Estado -,
promoveram cerimônia de “formatura” do mestrado em segurança pública da UFPA,
com um conhecido professor pelo meio.
· A quem interessar: o MP não
realizou essa cerimônia exatamente por conta da presença do professor no grupo
- assunto publicado pela coluna -, que responde a um processo administrativo
disciplinar por suposto assédio moral, e que gerou inclusive uma medida
protetiva contra ele.
· O projeto de Inteligência
Artificial deve ser votado pelo Senado hoje (terça-feira), mas governo e
oposição ainda não firmaram consenso.
· A Amazônia registrou o maior
número de queimadas em 17 anos, diz o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe).
· Como um todo, o Brasil já teve
268.515 focos de incêndio desde o começo do ano, quase 50% a mais do
que no mesmo período do ano passado, com 180.928 queimadas.
· Maior que
a vastidão do estrago só o infame silêncio de Marina Silva, ativistas e
veículos da grande imprensa.