Dificuldade de formação no interior está entre causas da desigualdade na distribuição de médicos

No Campus de Altamira, UFPA baixou para graduação a exigência do concurso para tentar atrair profissionais para lecionar.

10/04/2024 13:10
Dificuldade de formação no interior está entre causas da desigualdade na distribuição de médicos
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ecentemente, o Mapa dos Médicos, levantamento realizado de tempos e tempos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), apontou que o Brasil chegou à incrível marca de 2,8 médicos por mil habitantes, em 2023, um salto desde 2016, quando esse número era de 2,03, e um abismo desde 1990, quando o índice era de 0,91. Ainda assim, a radiografia do CFM mostra que boa parte dos brasileiros segue muito longe de ter acesso fácil a um profissional de saúde.


Mapa do Conselho Federal de Medicina aponta disparidades regionais: DF tem 6,31 médicos, enquanto Pará contabiliza 1,26 por 1000 mil habitantes/Fotos: Divulgação.

O motivo está na disparidade regional em que esses médicos atuam. Enquanto no Distrito Federal há 6,31 médicos por mil habitantes - índice considerado superior à média nacional - no outro extremo está o Maranhão, com 1,26; seguido pelo Pará, com 1,39. Depois do DF, vem o Rio de Janeiro, 4,34; São Paulo, 3,70; Espírito Santo, 3,61; Minas Gerais, 3,46; Rio Grande do Sul, 3,42; e Paraíba, 3,08.

 

Na avaliação do Conselho, ações de incentivos para a atuação de médicos em regiões carentes, investimentos em infraestrutura de saúde e programas de formação de profissionais voltados para as necessidades específicas de cada região são necessárias para minimizar a desigualdade no acesso aos profissionais de saúde. Mas é aí que o bicho pega.

 

O caso de Altamira

 

Altamira, cidade do sudoeste do Pará com mais de 115 mil habitantes, poderia minimizar essa disparidade por ser um dos poucos municípios do interior paraense com um curso de Medicina em plena atividade. Mas, ao analisar a situação da graduação, mantida na cidade pela Universidade Federal do Pará (UFPA), percebe-se que essa disparidade começa, justamente, pela falta de interesse de médicos que poderiam atuar como professores em regiões como essa, distante dos centros urbanos.

 

O fundo da casa


Enquanto o campus de Belém possui cerca de 200 médicos-professores e faculdade própria para o curso de Medicina, com todo conforto de mobília nova, moderno sistema de refrigeração, aparato multimídia para aulas e laboratórios impecáveis, Altamira não conta sequer com 50 docentes, além de sofrer com deficiências crônicas de estrutura.


Espaço e sensibilidade


Todas as atividades funcionam em um único prédio - construído pela Norte Energia como condicionante para a instalação da Usina de Belo Monte na região. A estrutura é bastante apertada porque circulam pelo local alunos de outras graduações. Projetos extra-curriculares precisam de espaço externo para serem realizados. Um desses locais é o Hospital Regional Público da Transamazônica, onde os alunos realizam a maior parte das atividades relacionadas ao curso.


A falta de espaço no Campus de Altamira afeta também outras graduações, como a de Agronomia, que, até hoje, tem a formação dos estudantes bastante comprometida pela falta de uma Fazenda-Escola, essencial para o desempenho de atividades práticas nesse tipo de curso. A reitoria da UFPA, em Belém, alega que não tem recursos, mas disponibilizou, recentemente, R$ 22 milhões para a construção de um cinema e uma editora, no campus de Belém. Obra que segue, inclusive, igaçaba e apenas presente nos devaneios de quem a concebeu.


Apenas graduação

Recentemente, o Ministério da Educação  baixou o nível de exigência dos concursos públicos apenas para graduação como foram de facilitar a contratação de médicos para atuar como professores no campus de Altamira, mas nem mesmo os profissionais recém formados demonstraram qualquer interesse e a graduação na cidade segue a passos de cágado e dependendo muito mais do que os alunos aprendem, na prática, no Hospital Regional e Altamira do que, necessariamente, com professores dentro da graduação.


O problema segue longe de uma solução efetiva. Primeiro porque ninguém pode forçar ninguém a ser professor. Depois porque o reitor, professor Emmanuel Tourinho, que, inclusive, está de saída do cargo e, por isso mesmo, nem esquenta a 'caixola', joga a responsabilidade para o Governo Federal, a quem atribui a maior parte das responsabilidades pelo curso de Medicina em Altamira.


Só elas para nos salvar

De acordo com o Conselho Federal de Medicina, a proporção atual entre profissionais homens e mulheres no Brasil é de 50,08% de médicos e de 49,92% de médicas. O órgão estima que, em 2024, o número de médicas irá superar o de médicos, em todo o país. Quem sabe isso não ajude a minimizar situações como a vivida por Altamira. Afinal, de cuidado elas sempre entenderam. Bem mais e melhor que os homens.

 

 Papo Reto

Veja que situação:  decreto do governo do Estado anuncia a dispensa, a pedido, de Wildson de Mello (foto) do cargo de diretor da Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Pará, a Arcon, ao mesmo tempo em que, em outro decreto, nomeia Patrick de Mello para responder pelo cargo. Patrick é filho de Mello.

 

Detalhe: a Arcon exige que seus dirigentes tenham mandato e cumpram requisitos para entrar no serviço, como manda a lei das agências reguladoras, mas esses itens não foram observados pelo governo.

 

As agências bancárias que operam em Marituba funcionam a meio pau, pelo menos até o meio-dia. Delegacias de Polícia, idem. É duro sobreviver ao BRT Metropolitano, com uma ajudinha da chuva.

 

Como se sabe, o céu desabou sobre a região metropolitana, fazendo transbordar tudo por onde passa água, do viaduto do Entroncamento e igarapés ao longo da BR. O atrevimento das águas foi tão grande que derrubou muros e invadiu quintas.

 

O clássico Remo x Paysandu deste domingo não terá torcidas organizadas dentro do Estádio Mangueirão. O Estado proibiu. Para manter a ordem e a paz, o Sistema de Segurança Pública deve escalar cerca de 1,5 mil policiais.

 

O que o Estado não conta é que, impedidas de ir a campo, as torcidas atuam nos bairros da periferia nessas ocasiões, longe da Polícia, havendo inclusive registro de morte, no último domingo, que passou em branco.

 

As Forças Armadas vão promover ações para interromper o fluxo logístico das atividades minerárias nas terras Yanomami, inutilizando a infraestrutura de apoio ao garimpo ilegal.

 

Foto da carteira de motorista poderá conter itens de vestuário relacionados à crença ou religião - como véus, hábitos e, também, a queda de cabelo, por causa de doenças -, desde que face, testa e o queixo estejam visíveis.

 

A Caixa já oferece linhas de crédito para compra da casa própria com depósitos futuros do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

 

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