Falha no sistema de votação pode ter tirado das urnas maioria da comunidade acadêmica na eleição da UFPA

Chapa do atual vice-reitor teve cerca de 8 mil votos; abstenções somaram 38,6 mil votantes no universo de mais de 40 mil.

18/04/2024 13:00
Falha no sistema de votação pode ter tirado das urnas maioria da comunidade acadêmica na eleição da UFPA
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ão foi por falta de aviso: o sistema integrado de votação utilizado na consulta prévia para escolha do novo reitor da UFPA falhou e, em meio a tantas dúvidas e suspeitas envolvendo o processo, virou motivo de críticas de boa parte da comunidade universitária - mais do que da parte dos candidatos. Na contagem de perdas e danos - porque a vitória da chapa mais votada foi considerada pífia -, a lista tríplice a ser encaminhada ao presidente da República é encabeçada por um candidato que, acredite, teve cerca de 10 mil votos do universo que normalmente iria às urnas, de mais de 40 mil votantes.


Os professores Armando Lírio e Denise Cardoso devem integrar a lista tríplice, com Gilmar Pereira na cabeça, para nomeação pelo presidente Lula/ Fotos: Divulgação.

 “Magnífico de ¼”

 

Não à toa, um gaiato que a tudo assistiu, até o resultado final, saiu-se com a infame expressão: “o professor Gilmar Pereira é o reitor de ¼” - fazendo referência à votação dada ao atual vice-reitor, o total de votos apurados - pouco mais de 11 mil -, aos votos válidos, quase 11 mil, e às abstenções -, de 32, 6 mil (veja tabela abaixo). Esses números, certamente, não estavam finalizados na ocasião.

 

O que contribui para esse cenário foi antecipado pela Coluna Olavo Dutra: período de debates restrito, paralisação dos servidores e intercorrências patrocinadas pela própria direção da Universidade, sobre as quais, diferente dos velhos tempos, as chapas concorrentes não se manifestaram como seria de se esperar. A única coisa que não estava rigorosamente prevista era a instabilidade do sistema de votação, um arranjo da Reitoria que preferiu não recorrer às urnas da do TRE.

 

Segue o andor

 

O Conselho Universitário deve se reunir hoje para dar sequência ao processo eleitoral, como manda a regra, mas o fará no modo telepresencial, para evitar espectadores. Importa é que a lista tríplice será encaminhada a Brasília para a escolha do novo reitor pelo presidente Lula - e dela se pode esperar, segundo a velha e superada máxima popular, o mesmo que sairia “da cabeça de juiz, de barriga de grávida e de bumbum de criança”, com todo o respeito.

 

Choro de perdedor

 

A instabilidade no sistema de votação teria provocado baixa significativa na eleição, mas, durante os debates entre os candidatos e por todo o período da campanha eleitoral discutiu-se a utilização do sistema da Justiça Eleitoral. O candidato da Chapa 1, por exemplo, Armando Lírio, chamou atenção sobre o problema: “Ficou instável das 9h às 17h, e evitou a presença de eleitores”.

 

O número de eleitores aptos a votar, por categoria, e o balanço parcial dos que já haviam participado da consulta até por volta das 17h era de 1.858 docentes, 63,24%; 1.364 técnicos, 49,79% e de 6445 discentes, apenas 14,74%. A coluna acompanhou os bastidores da votação e se deparou com problemas como a ausência de mecanismo de zerésima no SigEleição, instabilidade do sistema de consulta por um longo período dentro das 12 horas previstas de votação e inclusão de novos terminais sem teste prévio de carga.


A candidata da Chapa 3, por sua vez, professora Denise Cardoso, viu com “bastante desconfiança ao mau funcionamento do sistema”, o que, para ela, ocasionou uma perda - até por volta das 17h - de quase 5 horas de votação das 12 previstas. Além disso, acrescenta, “disponibilizaram mais dois servidores desconhecidos pelos fiscais e não auditados.  Os três servidores não apresentaram zerézima”.

 

Sem autonomia


Outra crítica ao sistema de votação da UFPA é da estudante PCD visual do curso de Fisioterapia, Fernanda Alcântara Matnj, 21, coordenadora do Coletivo Independente de Estudantes com Deficiência. “Tive bastante dificuldade e pedi ajuda para votar, porque a plataforma tem um limite de tempo de acesso para cadastrar a seção de votação. Não tive a minha autonomia para votar”, reclama, acrescentando que, no interior, a falta de informação sobre o processo da consulta prévia prejudicou: muitos não sabiam dessa eleição; foram avisados na véspera”.

 

Papo Reto

 

Servidores da Emater acordaram com uma notícia devastadora, terça-feira, 16: a suspensão do Plano de Incentivo de Desligamento Voluntário, que estava na etapa final, com previsão de desligamentos e pagamento de valores ainda neste mês.

 

A primeira etapa do plano havia selecionado 50 servidores, pelo que a notícia de suspensão foi um banho de água fria, mas a repercussão está esquentando a chapa do presidente da empresa, o advogado e pastor Joniel Abreu (foto).

 

Com servidores das universidades e institutos federais em greve pedindo reestruturação de carreiras, reajuste de salários e melhores condições de trabalho, MEC reage com "um pingo no oceano": nomear 220 técnicos em assuntos educacionais.

 

Sem alarde, o Senado reinventa os marajás ao aprovar quinquênio para juízes e procuradores, um mimo adicional de 5% no salário a cada cinco anos trabalhado, no limite de 35%.

 

Diz o jornalista Cláudio Humberto que "a bajulação de Pacheco com o chapéu do pagador de impostos custará R$ 42 bilhões, após estender o privilégio a PF, AGU, TCEs, TCU etc".

  

 “Descontão para ladrão”, assim definiu o jornalista Mário Sabino o fato de empreiteiras corruptoras na Lava Jato terem ganhado da Controladoria Geral da União (CGU) desconto de 50% em suas multas.


Detalhe infame: a banca de advocacia do chefe da CGU segue usufruindo de 'contratão' com a antiga Odebrecht.

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