udo indica que o anunciado propósito do prefeito de Belém, Igor Normando, de liberar a gestão dos chamados “aspones” - assessores nomeados para cumprir “cotas de promessas de campanha” – ao assumir o cargo, virou pó, sob a cortina de fumaça de uma “reforma administrativa” que rende até agora, por incluir extinção de fundações e exonerações em cargos DAS nos primeiros dias do mandato.
Oito meses depois, o que se vê no Diário Oficial são nomeações novas, que acabam inchando a folha de pagamento da prefeitura através da Secretaria de Zeladoria e Conservação Urbana, antiga Secretaria de Saneamento e no Conselho Fiscal da Companhia de Transformação Digital, a Belém Digital, antiga Cinbesa. Trocaram seis por meia dúzia; nada mais.
Sob os holofotes
A antiga Cinbesa ficou sob os holofotes da imprensa na gestão do ex-prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol, quando o gestor abrigou, no mesmo conselho fiscal, a então namorada Nayra da Cunha Rossy Santos, ou Nayra Baker, como se autodenominava, servidora efetiva da Secretaria de Educação do Estado, ocupante do cargo de Professor Classe I, concursada e licenciada na antiga Secretaria de Educação de Belém e conselheira na Cinbesa recebendo salários em todas essas instituições. O caso foi denunciado e ainda tramita no Ministério Público do Pará, mas Nayra, se optar por um acordo judicial, terá que devolver aos cofres públicos mais de R$ 95 mil supostamente recebidos de forma indevida.
Cabide de empregos
O Conselho Fiscal da Belém Digital é o que se chama comumente de “cabide de empregos”. A gestão Edmilson Rodrigues mostrou o caminho “das pedras” e Igor Normando lançou mão do mesmo expediente para abrigar assessores e aliados, e, mais gritante ainda, é a cômoda situação de certos assessores. A Belém Digital tem onze secretários como penduricalhos, mais de 350 cargos comissionados e apenas sete servidores efetivos.
Fonte da Coluna Olavo Dutra que teve acesso à folha de pagamento de junho da Belém Digital - paga em julho - aponta que o atual chefe de Gabinete de Igor Normando, Leonardo Ribeiro Quirino, tem exatamente três cargos na gestão: além da Chefia de Gabinete, é secretário-executivo no Departamento de Administração, e, membro do Conselho Fiscal da Companhia.
Lei da compensação
Segundo a folha de pagamento, Leonardo recebe como secretário- chefe de Gabinete (R$ 17 mil); secretário-executivo (R$ 7 mil); e conselheiro da Belém Digital (R$ 4 mil), totalizando R$ 28 mil, somente em julho.
Outros assessores que têm cargos na gestão e no Conselho Fiscal - onde até a gestão passada o salário era de R$ 3,2 mil -, são: Renato Passarinho da Silva; oriundo do GABP; Susi Cristina de Oliveira Cruz (GABP); Dyjane Chaves dos Santos Amaral (da Semad); e Emanuel Messias de Sousa (da Sefin), entre outros, que recebem proventos mensalmente, mas quase nunca se reúnem, uma vez que as reuniões desse conselho são bastante esporádicas.
Somente na lista a que a coluna teve acesso - sem eventual atualização remuneratória -, são R$ 16 mil ao mês, ou R$ 112 mil desde que a gestão Normando começou.
O que a folha de pagamento da Belém Digital revela também é que o diretor-presidente da entidade, Gustavo Bezerra da Costa, ganha mais que o prefeito de Belém: sai do bruto de mais de R$ 53,6 mil, e chega ao líquido, com os descontos de praxe, a R$ R$ 38.683,81.
Reajuste de salários
Em 4 de dezembro do ano passado, a Câmara de Vereadores Belém aprovou o novo salário do prefeito, que subiu de aproximadamente R$ 25 mil para R$ 31 mil, representando um reajuste de 24%. Foram reajustados também os vencimentos do vice-prefeito, para R$ 24 mil, e dos secretários municipais, para R$ 20 mil, sendo que o presidente da Belém Digital ganha quase o dobro que um secretário. A diretora de Sistemas de Informação também recebe mais que o prefeito, R$ 33,4 mil.
A mesma explosão de nomeações também ocorre na Secretaria de Zeladoria e Conservação Urbana, a Sezel, antiga Sesan, a sempre complicada Secretaria que cuida do lixo em Belém. O Portal da Transparência mostra que são muitos os cargos comissionados, os chamados DAS, nessa entidade, que agora está sob o comando de Cleidson Chaves, ex-chefe de Gabinete do prefeito, nomeado ao cargo após a saída da antiga gestora Thayta Martins Ferreira. Cleidson também está acumulando a titularidade, em exercício, na Secretaria de Inclusão e Acessibilidade, em substituição a Nay Barbalho, que resolveu assumir o mandato na Câmara de Belém.
A Sezel conta atualmente com, pelo menos, sete secretários- executivos, cada um com salário mensal de R$ 15.699,99, além de mais de 60 assessores, alguns com salários que ultrapassam R$ 12 mil. Os cargos estão distribuídos entre o gabinete e outras divisões internas da secretaria. Outro dado mostra que existem mais cargos nomeados vinculados às Agências Distritais, mas que estariam saindo sob a rubrica da Sezel.
Inchado, mas com saúde
O inchaço de DAS na atual gestão, que começou em janeiro de 2025, também pode ser comprovado, por exemplo, no gabinete do vice-prefeito, Cássio Andrade, com mais nove assessores; na Ouvidoria Geral do Município, com onze assessores; e no Promaben, com 18 assessores.
Papo Reto
•Prova de que o rio corre para o mar: Luciana Gluck Paul (foto), que perdeu a corrida ao quinto constitucional da OAB pelo desembargo, reaparece manifestando apoio à candidata Anete Pena de Carvalho. São as mulheres da OAB do Pará trilhando o caminho da conveniência
•A filha do ex-PGJ Cezar Mattar é assessora do desembargador Pedro Sotero, cuja filha, por sua vez, é assessora do atual Procurador Chefe do MP, Alexandre Tourinho. Se isso não é nepotismo cruzado “brincando de pira”, parece.
•As redes sociais - e os bons observadores - não perdoam, e dizem assim, com todas as letras: “Só no Pará John Wayne ataca Donald Trump”. Brincadeirinha...
•O Papa Leão XIV acolheu o pedido de renúncia de Dom Alberto Taveira Corrêa ao governo da Arquidiocese. Dom Júlio Akamine é o novo titular do cargo.
•O agora Arcebispo Emérito Dom Alberto passa a residir em um imóvel que mandou reformar no Distrito de Icoaraci.
•Acredite: fiéis e turistas que frequentam a Basílica agora têm que pagar uma taxa para usar o banheiro do Santuário.
•Alexander Van der Bellen, presidente da Áustria, não participará da COP30, alegando os elevados custos da viagem, que “não estão dentro da estrutura orçamentária da Chancelaria Presidencial”,
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•Dados da ONU apontam que muitos países sob risco de não participar do evento possuem orçamento limitado a US$ 143 por dia para alimentação e hospedagem.
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