Instituto Fogo Cruzado Desde começou a monitorar tiroteios na Região Metropolitana de Belém em 4 de novembro de 2023, e na última sexta-feira, dia 9, 18 meses depois, esse número chegou à marca de mil tiroteios desde o início da aferição, entre novembro de 2023 e o início de maio de 2025.
Desses mil tiroteios registrados, 978 pessoas foram baleadas, das quais 752 morreram e 226 ficaram feridas. Mais de 40% dos tiroteios, ou seja, 435, ocorreram em ações ou operações policiais. Mais da metade dos disparos mapeados no período ocorreram na capital, Belém, com 520 registros.
Alta média diária
Fazendo as contas, as médias das ocorrências são assustadoras, nesse primeiro ano e seis meses: foram 55 tiroteios por mês na RMB, ou seja, quase dois tiroteios ao dia; cerca de 42 pessoas morreram em consequência dos disparos; 12 ficaram feridas; e 24 dessas mortes aconteceram em meio a operações policiais. Somente em Belém, em média, nesse espaço de tempo, foram cerca de 29 tiroteios, quase um por dia.
Mesmo com os números caindo em abril deste ano, a Região Metropolitana de Belém atingiu a marca de mil tiroteios, no início deste mês de maio.
Além de Belém, com 520 registros, os municípios impactados pela violência armada de 2023 a 2025 foram Ananindeua, com 187 tiroteios; Marituba, com 95 tiroteios; Castanhal, 79; Barcarena, 52; Santa Izabel do Pará, 33; Benevides, 29 tiroteios e Santa Bárbara do Pará, cinco tiroteios.
Bala com bala
Entre os casos registrados somente na primeira semana de maio, em Benevides, Luciano dos Santos foi morto a tiros no bairro Presidente Médici, vítima de um ataque armado sobre rodas, na quinta-feira, 8. Em Belém, somente na sexta-feira, 9, no bairro da Marambaia, o assessor parlamentar Deyje Vilaça foi ferido por tiros durante uma tentativa de assalto, na passagem Dalva; e no bairro do Marco, no mesmo dia, dois homens foram mortos a tiros em uma loja automotiva, após tentativa de assalto nas imediações da avenida João Paulo II.
O taxista Odinelson da Silva e Edilson André Ayres Lobato morreram após um assalto na avenida João Paulo II, entre as travessas Humaitá e Chaco. O delegado Evandro Araújo, titular da Diretoria de Polícia Especializada, explicou que o taxista aguardava atendimento na loja quando Edilson, que estava envolvido em um assalto, correu para o local e entrou em confronto com a Divisão de Repressão a Furtos e Roubos.
Ainda segundo o delegado, Odinelson foi feito refém por Edilson. Além dele, outras três pessoas participaram do crime, que ocorreu por volta das 12h. Duas delas já foram presas e a outra está foragida.
Tempo de chacina
Também na sexta-feira, 9, foi apresentado o relatório mensal da violência armada na RMB em abril de 2025, quando foram registrados 41 tiroteios, que deixaram 39 pessoas baleadas. Dessas, 31 morreram e oito ficaram feridas. Dentro do número total de tiroteios, uma chacina foi registrada em Barcarena.
A coleta de dados foi realizada entre os dias 1º e 30 de abril de 2025. Em comparação com abril de 2024, quando houve 55 tiroteios, o número de ocorrências caiu 25%. A quantidade de baleados apresentou queda de 31% em relação ao mês de março, que teve 59 pessoas atingidas, 39 morreram e 20 ficaram feridas.
A chacina em abril foi em Barcarena, na qual três homens foram mortos durante uma operação policial. A ação foi registrada no dia 5 de abril, quando policiais militares teriam reagido a uma tentativa de roubo em um ramal da zona rural do município.
A chacina é a segunda registrada na RMB em 2025. A outra foi também no município de Barcarena, em 17 de março, quando três pessoas morreram, também em ação policial. A metodologia do Fogo Cruzado define como chacina as ocorrências em que três ou mais civis são mortos em um mesmo contexto ou circunstância.
“A repetição de chacinas em um intervalo tão curto de tempo reforça a necessidade de transparência e controle social sobre as operações policiais. O uso da força letal por parte do Estado precisa ser investigado, sobretudo quando resulta em múltiplas mortes. Além disso, os dados continuam revelando que a maior parte das vítimas são pessoas negras”, afirmou Eryck Batalha, coordenador do Fogo Cruzado no Pará.
Abril vermelho
Entre as motivações dos tiroteios, foram contabilizadas 20 ações policiais, 12 homicídios ou tentativas de homicídio, cinco roubos ou tentativas de roubo, duas brigas, dois ataques a civis, um sequestro e um caso sem identificação.
O dia 9 de abril foi o mais violento do mês, com quatro tiroteios registrados. Os dias mais letais foram 2, 4, 9 e 11 de abril, com três mortes por arma de fogo em cada um dos dias. Quanto aos feridos, o dia 18 registrou duas vítimas.
A violência armada por município da Região Metropolitana de Belém em abril de 2025 ficou assim: Belém: 21 tiroteios, 9 mortos e 6 feridos; Ananindeua: 9 tiroteios, 9 mortos e 1 ferido; Marituba: 6 tiroteios, 7 mortos e 1 ferido; Castanhal: 3 tiroteios e 3 mortos; Barcarena: 2 tiroteios e 3 mortos; Santa Izabel do Pará: 2 tiroteios e 2 mortos.
Entre os 31 mortos no mês de abril, 22 eram negros (71%); uma era branca e oito não foram identificadas racialmente. Entre os oito feridos, cinco eram negros (62,5%); um era branco; e dois não foram identificados.
Papo Reto
•A Secretaria de Imprensa da Prefeitura de Belém informa que a mulher do prefeito Igor Normando (foto), Fabíola Cabral, não será candidata à Câmara Federal, conforme saiu aqui.
•Segundo a secretaria, o grupo político que elegeu o prefeito ainda não definiu um nome para concorrer a deputado estadual.
•As vereadoras Vivi Reis e Marinor Brito, ambas do Psol, votaram contra uma proposta de emenda à Lei Orgânica do Município, já aprovada, que autoriza a Prefeitura de Belém a celebrar contratos, mediante patrocínio, de direito de naming rights.
•No português claro, isso significa que o prefeito Igor Normando pode, a partir de agora, vender para empresas privadas o direito de colocarem seus nomes em espaços públicos de Belém.
•Foi o que quase aconteceu em São Paulo, quando o Largo da Batata só não virou Largo da Batata Ruffles por pressão popular.
•Naming rights são mais usados em espaços privados como estádios de futebol, como no Estádio Morumbi, que se tornou MorumBIS, por conta do nome do famoso chocolate.
•A bancada do Psol entende que o projeto afeta diretamente a cultura paraense e altera a memória dos espaços, ao modificar nomes, fazendo com que a cidade se torne vitrine de marcas.
•É só um tempinho para que o Portal da Amazônia pegue o nome do supermercado que fica às proximidades e mude de identidade.
•Falando nisso, bem que os nobres vereadores poderiam empunhar a bandeira da despoluição visual em Belém, cidade que, além do abandono de algumas áreas, parece muito mal cuidada.
•Do jeito que vai, quando se der conta, o Paysandu estará mais para descer do que para se manter e muito menos subir. A ladeira está logo embaixo.