a primeira semana em que ordenou um corte geral nas despesas com o argumento de "racionalizar a execução da despesa orçamentária no âmbito da administração pública estadual", o governo do Pará não divulgou quanto pretende entrar economizar com os cortes previstos no Decreto Nº 4.025, do dia 1º deste mês. O documento assinado pelo governador Helder Barbalho também não estabelece data de duração do contingenciamento de despesas.
Pelo decreto, estão suspensos os processos de licitação
e de contratação direta ou adesão de ata, assim como aditivação quantitativa ou
qualitativa de contratos já existentes direcionados aos gastos considerados
supérfluos, como a contratação de consultorias e de serviços festivos como
bufê, iluminação, sonorização, montagem e organização de eventos.
Nada de contratações
Outras despesas além dessas categorias também foram
incluídas. A principal delas diz respeito à contratação de pessoal e está
bastante alinhada com o que é vedado na Lei Eleitoral para este período. No
caso do decreto governamental, está proibida a contratação de servidores
temporários que impliquem aumento de pessoal e também de despesas extras com a
folha de pagamento. Isso vale, inclusive, para os atos de nomeação para cargo
comissionado e designação para função de confiança, mesmo que seja com efeito
retroativo.
Sem reestruturação
Os órgãos do Estado, por ora, também estão impedidos de
fazer qualquer tipo de reestruturação que exija a criação de cargos, empregos
ou novas funções, e tenha como impacto o aumento de despesas. Também estão
proibidas pelo decreto a locação de imóveis, aquisição e reforma, excetuando-se
serviços de manutenção predial, além da aquisição de veículos.
Dois bons motivos
Uma fonte da Coluna Olavo Dutra que
costuma monitorar o cenário político avalia que o decreto do governo estadual
tem, no mínimo, duas funções: a primeira seria economizar, de fato; e a
segunda, se alinhar estrategicamente à legislação eleitoral, mesmo não sendo a
eleição deste ano de nível estadual.
"Com isso, o governador se protege politicamente e,
de quebra, garante que secretários de outras cotas partidárias e não tão
alinhados à sua vontade acabem fazendo investimentos que beneficiem outros
candidatos a prefeito que não o seu, já formalmente
apresentado", explica didaticamente a fonte.
Ou a fonte secou?
No quesito economia, a avaliação da mesma fonte é de que
a fonte de recursos abundantes do Estado “pode estar secando”. Ou seja, o
Estado estaria com orçamento estourado já na metade do ano, o que não seria
estranho, já que as torneiras do Erário não apenas derramavam, mas jorravam
recursos nas chamadas ações sociais de toda ordem, que vão da ampla
distribuição de cestas básicas até mesmo a enxoval do bebê, passando por fartas
ações do programa "Sua Casa", que é novo nome de batismo do antigo
programa "Cheque Moradia", onde bebem deputados alinhados com o
governo.
Usinas de despesas
Embora o Estado tenha colhido os frutos do aumento da
arrecadação nos últimos cinco anos, a conta que chegou é alta, pois, na
contramão disso, o Estado também contraiu muitos empréstimos.
"Outro ralo que gerou muitas folhas de pagamento ao
Estado são as Usinas da Paz, que, embora sejam construídas pela mineradora
Vale, têm custeio de gestão a cargo da máquina estatal, e nesse sentido, foram
construídas verdadeiras usinas de despesas", diz a fonte.
Papo Reto
· O deputado federal Joaquim Passarinho esclarece
que não acompanhou a visita do presidente Bolsonaro a Belém por estar
envolvido com os debates da reforma tributária no Congresso.
· O parlamentar afirma que vai apoiar a maioria dos
candidatos do seu partido, o PL, nas eleições deste ano, e que “respeita as
divergências”, mas depende de outros fatores.
· Passarinho diz não acreditar que a ex-primeira dama
Michelle Bolsonaro (foto) o tenha colocado como prestes a
deixar o partido, baseado no fato de que esteve com ela logo depois da visita a
Belém.
· O presidente da Emater, Joniel Abreu, manda dizer que está
trabalhando duro: neste fim de semana, por exemplo, esteve em Santa Bárbara,
entregando serviços para beneficiar agricultoras.
· O presidente do Remo, Tonhão, recebeu tantas ameaças em
suas redes sociais que decidiu abandonar as contas que possui no Instagram e
Facebook, ao menos temporariamente. Não publica mais nada. Entendeu que é perda
de tempo lidar com a ignorância alheia.
· Nem mesmo a inauguração do novo calçamento da avenida
Romulo Maiorana, antiga 25 de Setembro, fez a prefeitura ou o Estado olharem
para os ônibus de turismo que utilizam os fundos do Bosque Rodrigues Alves para
embarque e desembarque.
· Não há proteção contra chuva, banheiro e nem
acessibilidade para a calçada. Eis a velha Belém, cidade cada vez mais
“inteligente”.
· A esperança era de que, com a padronização do local, uma
estrutura mínima fosse construída para atender aos passageiros que ali aguardam
pelos ônibus. Mas nada foi feito.
· E os empresários que apostam no setor seguem sem ter
onde marcar embarque e desembarque com a estrutura necessária.