a
reta final do mês de julho, em que a população de Belém “pega a estrada” e
troca a cidade e região metropolitana pelo interior em busca de lazer - ao
passo em que muitas pessoas também fazem o caminho inverso: vêm do interior
para Belém em busca de shopping e gastronomia -, é possível fazer um balanço,
na perspectiva turística e comportamental do que aconteceu nos quatro cantos do
Estado nesse período.
Dez
ou mais fatos registrados de Belém às praias de cidades da Costa Atlântica,
passando pela região do Araguaia e Tocantins; Alter do Chão, Marajó, Lago de
Tucuruí e região oeste do Pará, enfim, onde quer que alguém esteja ou tenha
visitado, por certo enfrentou perrengues que desestimulam e decepcionam, de
certo modo quebrando o encanto do veraneio.
Basta
ver o número de pessoas que nesta época também preferem as praias do nordeste,
as serras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, além de Rio de Janeiro ou
São Paulo, quando não alguma cidade dos Estado Unidos.
Preços e serviços
Há
notícias de pacotes de diárias de até R$ 5 mil para um final de semana e
cardápios com pratos de até R$ 400. Um refrigerante de dois litros chegou
a custar R$ 18.
Não
bastasse, sobram queixas contra a qualidade dos serviços em hotéis, bares e
restaurantes, alguns considerados sofríveis, com atendentes e garçons
grosseiros e em número reduzido; redução das ofertas de cardápio; restaurantes
que reduzem horário de atendimento ou não abrem para almoço e jantar em plena
alta estação.
Outro
destaque é a ausência de serviços bancários. O péssimo serviço dos provedores
de internet afeta até o uso do Pix, havendo a necessidade de voltar ao século
passado, com o uso de dinheiro vivo. Aliás, conseguir dinheiro em
agências bancárias é outro sofrimento: módulos pagadores inoperantes ou com
pouca disponibilidade de notas.
Segurança pública
Casos
de arrombamentos de residências e veículos, além dos pequenos assaltos têm sido
relatados com frequência, mas pelo menos um oficial do Corpo de Bombeiros se
destacou na multidão da segurança pública no período, ao arriscar a própria
vida para salvar uma pessoa de afogamento em Salinópolis. O caso ganhou
repercussão. Em algumas cidades, visitantes se queixam da dificuldade de
permanecer em locais públicos pelo excesso de pedintes, alguns muito
agressivos, o que também é muito comum em Belém.
Lixa para todo lado
O
serviço de coleta e destinação do lixo é um caso clássico no Pará,
principalmente nas praias, onde falha grosseiramente. Tem sido assim em
Mosqueiro e Icoaraci, onde a coleta é restrita às áreas mais centrais, e em
Salinópolis atinge a Praia do Atalaia, repercutindo em praias famosas de
regiões mais distantes. As imagens do Atalaia rodam o mundo, onde a sujeira é
atribuída ao baixo nível de educação ambiental da população.
Livrai-nos do trânsito
Ainda
na área de segurança pública, os órgãos de fiscalização de trânsito continuam
utilizando um expediente dos anos 1970, a blitz, para ciar um dos
fatos mais bizarros deste veraneio: há casos de até três barreiras simultâneas,
sempre em locais "escondidos", digamos, para surpreender e multar os
incautos, nunca educar. Já há tecnologia mais moderna para controle de
trânsito que a autoridade paraense desconhece.
Problemas
de trânsito são o principal perrengue do veranista, a começar pela saída de
Belém, ainda que ignorando o trecho Belém-Benevides, onde tudo pode acontecer.
No percurso até o trevo de acesso a Salinópolis, por exemplo, a decadente
rodovia se transformou em avenida, uma vez que a barreira da Polícia
Rodoviária Federal em Castanhal colabora com a redução da pista de rolamento,
inaugurando o engarrafamento, comprometido por quilômetros de estrada com
lombadas sucessivas, muitas das quais sem a sinalização devida. Detalhe: ao
longo do caminho, paga-se até R$ 3,50 para uso de toaletes insalubres.
Palco de exibição
A Praia do Atalaia tem mais que frequentadores, lixo, preços altos e serviços
ruins. É um salão de exibição, poses, caras e bocas e um cemitério de carros e
carrões. Dever ser a única praia no mundo onde o tráfego de veículos é
permitido pelas autoridades de trânsito, mas não pela natureza que, sempre que
pode, “engole” um e deixa o prejuízo para trás.
Prejuízo ou bom negócio? Há divergências, como sugere o vídeo que a Coluna Olavo Dutra selecionou das redes sociais. Pelo sim, pelo não, a praia mais famosa do Pará perde de longe para a Praia de Ajuruteua, em Bragança, onde a circulação de veículos é proibida e o lixo não espanta.
Papo Reto
· Um
grupo de turistas estrangeiros foi conhecer Salinópolis dias atrás. Dois
franceses, dois alemães e um influencer inglês confessaram ao
guia: as belezas naturais, a gastronomia e a qualidade dos risorts e
seus tobogãs, piscina com ondas e outros babados ganharam nota 10.
· Mas foram implacáveis em dizer que dificilmente
voltarão, ao condenar o "absurdo de lombadas" e a consequente
lentidão da mobilidade que atormentou o grupo entre a cidade e as praias.
· Já não seria hora de o governador Helder Barbalho (foto) cobrar
soluções técnicas capazes de minorar esse martírio dos verdadeiros
"tobogãs" que infernizam a vida de tanta gente, inclusive daqueles
que poderiam trazer novos visitantes para turbinar o turismo?
· Aliás, se
depender da fartura de camisas e outros mimos distribuídos à capacitandos da
Sectet em Salinópolis, a galera tem tudo para dar show na COP-30.
· Só que rola por lá um tremendo quiproquó: a presidente
local do União Brasil, Miriam Holanda, que nem coordenadora do curso é, vem direcionando
todas as benesses políticas da ação governamental para um único candidato a
vereador, o dela, causando tremenda confusão no pedaço.
· Servidores efetivos da Arcon não se conformam em ver um
ex-diretor - que se afastou do cargo para cuidar de interesses eleitorais, mas
deixou um filho na cadeira -, seguir utilizando carro locado pelo órgão.
· Veja que contradição: enquanto Fernando Haddad jura - e
a grande mídia replica - que o time dele "trabalha dia e noite" no
corte de gastos para chegar à faixa inferior da meta fiscal -
"somente" R$ 29 bilhões - Lula torrou mais de R$ 140 milhões em junho
em "viagens de serviço" de resultados concretos nunca revelados.
· Diz o Portal da Transparência que, até dezembro, em
2023, a gastança desenfreada da Presidência com viagens passou de R$ 2,3
bilhões e que, só nos últimos 10 dias - em pleno mês de férias escolares e
recesso parlamentar e judiciário -, o governo federal gastou R$ 44 milhões com
viagens.