No coração de um domingo nublado e quente, no calor de um RexPa, a paixão pelo futebol se expressa em emoções que vão além da visão. Em meio a gritos, fogos, cânticos e alarido, um torcedor se volta para a torcedora ao seu lado, que, embora cega, é ali a verdadeira guardiã da emoção.

Ele, em sua entrega, narra cada lance do jogo com fervor, enquanto ela, com o coração aberto e um leve sorriso no rosto, absorve cada palavra como se fosse nota de uma melodia que lhe toca a alma.

“Giovanni driblou! Ele avança para o gol”. Ele narra, mas isso tudo não é apenas sobre o jogo; é sobre a conexão humana que se forma entre eles. A torcedora sente a vibração ao seu redor. A paixão flui como um rio, enchendo o espaço com uma luz que não precisa ser vista. É uma paixão que se sente, que ecoa na batida de muitos corações, ligados por um cordão invisível.

“A bola saiu. É um escanteio, agora!” Ele descreve a tensão, e ela, mesmo sem ver, interpreta a cena. O futebol, para ela, é uma dança no escuro, onde cada movimento é um passo em direção à alegria. E, mesmo no breu, se vê banhada pela luz da paixão que une desconhecidos e anônimos em um só clamor.

Quando o gol é marcado, a explosão de alegria se torna palpável. O Mangueirão literalmente vibra. O torcedor grita, e ela ri, sentindo a onda de felicidade que a envolve. “Foi um golaço!!” Ele exalta a visão do lance, mas, para ela, é mais do que um jogo; é sempre momento de vitória; a celebração de um elo humano profundo, onde o verdadeiro vencedor é o amor que se partilha.

Ela percebe que, mesmo sem a capacidade de enxergar, sua alma é capaz de ver o que realmente importa: a união, a emoção, o calor do coração que pulsa em sintonia. 

O futebol é um testemunho de que a verdadeira paixão não conhece limites, não se apaga na escuridão. É uma luz que brilha forte, iluminando caminhos e aquecendo corações.

E assim, naquela arquibancada, os dois se tornam um só coração. Porque o futebol é isso; paixão eterna que desafia as barreiras da visão, mostrando que, juntas, as almas podem ver além do que os olhos podem enxergar.

No final, o que realmente importa é esse amar desmedido, esse sentir que se expande para além do limite do corpo, independente das circunstâncias. Essa é a verdadeira essência do nosso futebol: um amor que se renova a cada partida e que ilumina até os cantos mais escuros da vida.

Foto: Redes Sociais